Desigualdade é menor na América Latina (Leitura de ontem e hoje)

27/05/2015 at 16:12 (*Liberdade e Diversidade)

desiguladade-favela-predios-1400073140842_615x300hermano-de-melo-esta3Hermano Melo*

26 de Maio de 2015

Estudo recém-divulgado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), composta por 34 países, nesta quinta-feira (21), em Paris, França, revela que enquanto a desigualdade de renda aumentou nos países ricos, na América Latina ela caiu na última década.

Hoje, nos países que compõem a OCDE – da qual, o Brasil não faz parte, os 10% mais ricos ganham 9,6 vezes mais do que os 10% mais pobres. Nos anos 80, a proporção era de sete vezes mais e, na década de 2000, de 9,1. A partir de meados dos anos 2000, as desigualdades de renda também aumentaram em grandes economias emergentes, como China, Rússia, Indonésia e África do Sul.

De acordo com o documento, a maioria dos países da América Latina, “particularmente o Brasil”, vem reduzindo, desde o final dos anos 90, as diferenças de renda, afirma a organização, mas a queda na desigualdade de renda na América Latina desacelerou a partir de 2010.

Conforme o analista de políticas sociais da OCDE, Horácio Levy (será que é parente do ministro da  Fazenda brasileiro?), “a trajetória da América Latina contrasta com as dos países da OCDE, onde a desigualdade de renda tem aumentado desde o início dos anos 80”.

Segundo Levy, “houve, a partir do início dos anos 2000, uma queda generalizada da desigualdade na América Latina. Essa redução não ocorreu de forma tão acentuada em outras regiões. Dessa vez, o bolo cresceu com o crescimento econômico e foi melhor dividido. É um fato novo na realidade latino-americana”, completou.

Por outro lado, o coeficiente Gini, indicador que vai de 0 a 1 e mede a desigualdade de renda em um determinado país (quanto mais alto, maior é a desigualdade)– e que na média dos países da OCDE é de 0,32, no México é 0,48, no Chile, 0,51, no Brasil é de 0,55.

Ainda segundo a OCDE, o coeficiente Gini médio de 22 países da organização em meados dos anos 80 era de 0,29. Ou seja, houve um aumento de quase 11% no índice, o que implica crescimento da desigualdade. No Brasil, o coeficiente Gini passou de 0,6 em meados dos anos 90 para 0,55, uma queda de cerca de 8%.

De acordo com o estudo, o principal fator que explica a redução das desigualdades na América Latina é justamente a diminuição das diferenças salariais entre trabalhadores com alto e baixo nível de formação, o que ocorreu, afirma o estudo, em razão do maior acesso à educação nesses países.

E conclui: “Os gastos na área de saúde e educação também aumentaram, o que teve impacto importante na redução das desigualdades na região”, diz o analista da OCDE.

Mas qual a importância de estudo dessa natureza diante da situação difícil que o Brasil e demais países latino-americanos atravessam no momento, tanto de ordem política quanto econômica e social?

Será que se deve retroceder e abdicar de programas que sabidamente fizeram até então a maioria da população brasileira ascender social e economicamente, como o “Minha Casa, Minha Vida”, “Mais Médicos”, “Reforma Agrária”, “Educação para todos”, etc. – cujos bons resultados o estudo da OCDE revela, ou partir para ajuste puramente fiscal nos moldes neoliberais como o atualmente proposto pelo Congresso Nacional?

Tomara que a primeira alternativa seja a vencedora, pelo menos parcialmente, a fim de que a desigualdade entre ricos e pobres continue a se reduzir em todo continente latino-americano e particularmente no Brasil.

*Jornalista e Escritor

**Com pequenas alterações no título e no corpo, o artigo acima foi publicado dias atrás no blog “Liberdade,Liberdade”, antes de ser publicado no dia de ontem (26) no jornal Correio do Estado.

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