Morte em Paris (Leitura da noite)

08/01/2015 at 21:24 (*Liberdade e Diversidade)

10912565_10204424745911391_1949655052_oPor que o “Charlie Hebdo” foi atacado. As manifestações e o risco de mais xenofobia na Europa. Os sinais de um sistema em crise profunda

07/01/2015

ANTONIO MARTINS / Pela Redação de Outras Palavras

Uma das hipóteses mais lúgubres do sociólogo Immanuel Wallerstein concretizou-se, em parte, esta manhã em Paris. Dois homens encapuzados e vestidos de negro, aparentando (ou simulando) ser fundamentalistas islâmicos, invadiram a sede de um jornal satírico francês, o Charlie Hebdo, e executaram, a rajadas de metralhadoras, ao menos doze pessoas. Entre os mortos estão o editor da publicação e outros três chargistas de enorme talento e renome internacional. Charlie Hebdo é irreverente, inclinado à esquerda e crítico às instituições religiosas. Esta postura levou-o, algumas vezes, a provocar o islamismo, religião de milhões de imigrantes oprimidos e discriminados na Europa.

Sejam quais forem os responsáveis pelo atentado, as consequências são potencialmente trágicas: aumento da onda xenófoba – especialmente anti-islâmica – na Europa. Crescimento dos partidos de extrema-direita. Reforço à postura ultra-agressiva que os Estados Unidos, com notável apoio da França, já adotam no Oriente Médio. Risco ampliado de guerras de provocação. Wallerstein adverte que a crise do capitalismo é profunda, mas poderá abrir espaço tanto para um sistema mais democrático e igualitário quanto para o oposto. Ao entrar em declínio, a ordem hoje hegemônica liberta a emergência e expansão de valores de um pós-capitalismo; mas engendra, ao mesmo tempo, riscos de um mundo ainda mais hierarquizado, violento e desigual. As circunstâncias do atentado e seu contexto parecem validar a hipótese.

Armados de fuzis, os dois assassinos chegaram à redação de Charlie Hebdo, no centro de Paris, por volta das 11h. Sob ameaça, obrigaram a cartunista Corrine Rey (“Coco”), que entrava com sua filha, a abrir a porta do prédio. Ela relatou que falavam “um francês perfeito” e disseram pertencer à Al-Qaeda. Subiram dois andares e começaram a fuzilaria.

Chegaram num momento preciso. Às quartas pela manhã, a redação reunia-se, para definir a pauta do número seguinte. Estavam presentes o diretor, Charb, mais três cartunistas – CabuTignous e Wolinski (este último mais conhecido do público brasileiro, por publicar, em abril de 2011, em Piauí, a sequência “Meio século de sexo”) – e quatro redatores (entre eles, o economista Bernard Maris, ex-membro do Conselho Científico do movimento ATTAC, em favor do controle social sobre o sistema financeiro).

Todos foram mortos na hora, junto com mais dois funcionários do jornal e dois policiais. Os assassinos teriam gritado, segundo testemunhas que os jornais franceses não identificam claramente, “Allahu Akbar” [“Alá é o Maior”] e se vangloriado de que “vingamos o Profeta”. Mas fugiram de carro, ao invés de se auto-martirizarem, como é comum em atentados cometidos pelo terror islâmico. Além disso, até o fechamento deste texto, nenhum grupo havia assumido o ato.

Fundado em 1992, o atual Charlie Hebdo (que resgata o nome de uma publicação anterior) não é um jornal de extrema-esquerda, ao contrário do que se afirmou no Brasil. Parte de sua equipe esteve presente em revistas humorísticas ligadas à revolta de 1968. Mas seu foco central não são os grandes temas políticos franceses ou mundiais – mas a crítica às instituições religiosas e à ultradireita.

Nos últimos anos, voltou-se especialmente contra o islamismo. Em 2005, reproduziu uma série publicadas originalmente no jornal dinamarquês Jyllands Posten,consideradas ofensivas ao profeta Maomé. Manteve a mesma postura por anos a fio, o que despertou críticas de analistas importantes do Islã – como Alan Gresh, redator do Le Monde Diplomatique. Num texto publicado em 2012, ele defendeu, obviamente, a liberdade de expressão do Charlie Hebdo, mas criticou sua linha anti-islâmica. Lembrou que, além de discriminados, os muçulmanos sofrem, há anos, restrições às liberdades políticas (em 2014, o governo francês chegaria a proibir manifestação contra o ataque israelense aos palestinos da Faixa de Gaza). Diante deste contexto, Gresh indagava: seria correto, em 1931, em plena ascensão do nazismo, uma publicação alemã de esquerda estampar charges ridicularizando aspectos retrógrados da religião judaica?

A hipótese de que o atentado de hoje seja de autoria de fundamentalistas islâmicos é real. Num sinal da desconexão ocidental, apontada por Wallerstein, o New York Times lembra hoje que, entre os militantes do grupo ultrafundamentalista ISIS, criador de um califado no Iraque, há milhares de europeus (além de norte-americanos, seria justo acrescentar…).

Mas a pergunta clássica – cui profit, a quem beneficia o crime – sugere não ficar apenas nesta hipótese. Quase quinze anos após os atentados de 11 de Setembro, não foram respondidas as teorias segundo as quais a derrubada das Torres Gêmeas não poderia ocorrer sem algum tipo de participação das agências de inteligência dos Estados Unidos, nem as crônicas sobre o estranho comportamento do presidente George W. Bush ao ser informado de sua derrubada.

Mais de 100 mil pessoas saíram às ruas esta noite, em dezenas de cidades francesas, em solidariedade à redação de Charlie Hebdo. O clima foi de óbvia consternação e de defesa das liberdades. Manifestaram-se os que se sentem próximos de um jornal irreverente e sarcástico. Mas e a Europa profunda? Na própria França, as pesquisas colocam em primeiro lugar, na preferência dos eleitores para a próxima eleição à Presidência, Marinne Le Pen, da Frente Nacional, xenófoba e de extrema-direita. Na Alemanha, ressurgem, pela primeira vez depois da II Guerra Mundial, manifestações contra estrangeiros, articuladas por um movimento que se apresenta como contrário à suposta “islamização do Ocidente”. Que efeito terá o atentado de hoje sobre estes sentimentos já em ascensão?

As doze vítimas de hoje merecem tantas homenagens quanto cada um dos mais de 500 mil mortos no Iraque, desde a invasão norte-americana, ou as mais de 2.400 pessoas seletivamente pelo governo norte-americano, por meio de drones, só entre 2009 e 2014.

Porém, mais que os mortos, está em questão o futuro do humanidade. Para Wallerstein, é, hoje, o que virá após o declínio do capitalismo. É uma disputa que se prolongará por décadas e será definida em “uma infinidade de nano-ações, adotadas por uma infinidade de nano-atores, em uma infinidade de nano-momentos”.

O atentado de hoje chama atenção para os riscos inerentes a este cenário de crise. Mas pode, num sentido oposto, ecoar o apelo à ação feito, na sequência, pelo mesmo sociólogo. Ele diz: “Em algum ponto, a tensão entre as duas soluções alternativas vai pender definitivamente em favor de uma ou outra. É o que nos dá esperança. O que cada um de nós fizer a cada momento, sobre cada assunto imediato, importa”.

*****

Link permanente Deixe um comentário

Última charge de cartunista francês morto citava possibilidade de atentado

08/01/2015 at 20:54 (*Liberdade e Diversidade)

charbIlustração mais recente de Charb, morto no ataque à revista Charlie Hebdo (Foto: Reprodução/Twitter)

Stéphane Charbonnier foi uma das vítimas do ataque à revista Charlie Hebdo. Desenho desta semana mostra terrorista alertando sobre ataque em janeiro.

07/01/2015

Do G1, em São Paulo

A última charge do cartunista e editor Stéphane Charbonnier publicada na última edição da revista satírica francesa Charlie Hebdo, foi assustadoramente profética. O desenho trouxe o título “Ainda não houve ataques na França” e mostrou um militante islâmico dizendo: “Espere! Ainda temos até o fim de janeiro para apresentar nossos votos”, em uma alusão aos desejos de Ano Novo.

VEJA CAPAS DA REVISTA CHARLIE HEBDO

Charbonnier, ou Charb, seu nome artístico, foi uma das 12 vítimas do ataque. Ao todo dez funcionários da revista foram mortos, além de dois policiais.

Em 2011, a revista já havia sido alvo de um ataque. Na época, Charb disse: “Isso me mostra que estamos certos em publicar a revista, em desafiar os (extremistas) islâmicos e dificultar a vida deles assim como eles dificultam a nossa. Isto (referindo-se ao atentado) é o ato de extremistas idiotas, certamente não de todos os muçulmanos que moram na França. É um ataque contra a liberdade.”

Figuras da política e da religião eram os protagonistas da maioria das capas do semanário de humor “Charlie Hebdo”. Não apenas Maomé, mas também Jesus Cristo, os papas Francisco e Bento XVI, cardeais do Vaticano, ativistas do Fêmen e o presidente francês François Hollande foram retratados de forma cômica na primeira página.

Nesta quarta-feira (7), terroristas fizeram um atentado contra a redação que matou 12 pessoas, entre elas quatro cartunistas da publicação famosos na França e também fora do país. Segundo relatos, eles teriam gritado “vingamos o profeta”, o que pode significar que o ato foi motivado pelas sátiras do semanário com a figura do profeta islâmico Maomé.

A capa da edição desta semana do “Charlie Hebdo” traz uma caricatura do escritor francês Michel Houellebecq. Seu último livro, “Submissão”, tem como cenário uma França governada por um presidente muçulmano. “Em 2015, eu perco meus dentes. Em 2022, eu faço o Ramadã”, diz o escritor no desenho, em referência ao ato religioso realizado pelos seguidores do Islamismo.

*****

Link permanente Deixe um comentário

Salário do governador e Aquário do Pantanal (Leitura da tarde)

08/01/2015 at 16:04 (*Liberdade e Diversidade) ()

hermano-de-melo-esta3Hermano Melo*

8 de Janeiro de 2015

No bojo de medidas anunciadas pelo novo governador de MS, Reinaldo Azambuja (PSDB), após tomar posse e visando contenção de despesas, duas delas chamam a atenção dos sul-mato-grossenses. A primeira diz respeito ao corte pela metade do salário do próprio mandatário estadual de R$ 26 mil para R$ 13 mil até o final de seu mandato em 2018. A segunda refere-se à constituição de comissão para auditar a aplicação de recursos públicos na construção do Aquário do Pantanal, cujo custo é estimado em R$ 244 milhões!

Reinaldo

Em relação ao primeiro tópico, mesmo considerando que o governador eleito de MS seja o mais rico dentre todos os governadores eleitos em outubro passado no País – com patrimônio estimado de R$ 37.850.615,73 – não deixa de ser significativo que ele anuncie “corte na própria carne”, para dar exemplo, quem sabe, de probidade administrativa.

Não seria necessário, porém, que o governador anunciasse aos quatro ventos que estava fazendo isso ou aquilo com o próprio salário, que é a remuneração justa que lhe é paga para exercer a função de mandatário-mor de MS. Para cumprir com o seu desiderato, se fosse o caso, bastaria que todo final do mês – e até 2018 – ele separasse a quantia que não lhe coubesse por decisão própria e a destinasse sem alarde a alguma instituição beneficente do Estado!

aquario-660x375

Quanto ao segundo item, há tempos que era realmente necessário fazer uma auditoria nas contas do “Aquário do Pantanal”, obra considerada prioritária pelo ex-governador André Puccinelli (PMDB). Agora com a decisão tomada pelo governador Reinaldo Azambuja, a comissão criada por ele terá até 90 dias para fazer os levantamentos necessários a fim de apontar ou não irregularidades na aplicação dos recursos destinados à obra tão controversa.

Durante visita que fez ao canteiro de obras do Aquário do Pantanal em 05/01 último, apesar de ter classificado o empreendimento como “questionável sob todos os aspectos”, o governador Reinaldo Azambuja garantiu que o “Aquário” será concluído, mas somente após o final dos trabalhos da comissão de auditoria criada por ele.

Com isso repete-se cena que é por demais conhecida em todos os níveis da administração pública brasileira, quer seja municipal, estadual ou federal: a presença incômoda de exoesqueletos de obras grandiosas inacabadas que ficam à espera da boa vontade de novos governantes que assumem e que concluem algumas delas, mas que deixam outras inconclusas para o próximo governante.

Em relação ao “Aquário do Pantanal”, cabe reproduzir aqui artigo escrito por este autor e publicado no jornal Correio do Estado, em 19/10/2009: “Das 1.500 obras anunciadas recentemente (02/10) pelo governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), como parte do programa “MS Forte – Ações para o Desenvolvimento” e investimentos previstos de 3 bilhões de reais, uma foi considerada emblemática. Trata-se da construção do “Aquário do Pantanal” no Parque das Nações Indígenas, em Campo Grande, MS, que deverá ser concluída entre dezembro de 2010 e início de 2011. Dessa forma, a Cidade Morena vai entrar para um seleto rol de cidades do Brasil e do mundo a possuir um aquário gigante aberto à visitação pública”.

Precisa dizer mais alguma coisa?

*Jornalista e escritor

**Artigo publicado hoje (08/01/2015) no jornal Correio do Estado.

*****

Link permanente Deixe um comentário

Sem luz desde 2006, famílias assentadas em Terenos, MS, recorrem a ‘gatos’

08/01/2015 at 14:55 (*Liberdade e Diversidade)

Santa MonicaSanta Monica 1Famílias estão expostas a riscos com ligações clandestinas. (Fotos: Cleber Gellio).

08 de janeiro de 2015

Por Jones Mário / O Estado MS

Instalados desde 2006 no Assentamento Santa Mônica, os agricultores Clarinda Pereira de Lira, 53 anos, e Orivaldo Rodrigues Corrêa, 44, ainda aguardam a ativação do ponto de energia elétrica no lote deles. Localizado no município de Terenos – a 23 km de Campo Grande – a região foi adquirida pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em 2005 e abriga 715 famílias em uma área de 7.960 hectares, segundo informações do órgão. Sem acesso legal à luz, algumas famílias do local recorreram às ligações clandestinas.

“Isso aqui já pegou fogo e queimou tudo”, narra Clarinda de Lira sobre um incêndio na fiação irregular puxada para sua casa. Ela e o marido alegam que já fizeram o pedido para ligar o ponto de energia, mas não tiveram retorno. “Tem gente que nem mora aqui e tem padrão de luz. Nós já pedimos duas vezes, está tudo documentado”, contestou Orivaldo Corrêa.

A filha, Aparecida Pereira de Lira, 32, sofre de artrite reumatoide e utiliza um aparelho elétrico de massagem para tratar e diminuir os sintomas da doença. “Sabemos que é ilegal (instalar “gatos”), mas a gente fica a mercê disso. Eu necessito desse equipamento porque ativa a circulação, tira as dores e eu faço três sessões por dia”, relatou. Além do casal e da filha, um filho e cinco netos moram no mesmo lote.

O também agricultor Cláudio Domingues dos Santos, 53, puxou cerca de 600 metros de fiação ilegal até seu lote, onde cria algumas galinhas, porcos e planta milho. Ele conta que gastou R$ 300,00 com a “gambiarra” e lembra que já solicitou a ligação de luz no local.

“Fizemos dois pedidos já. Eles vieram no ano passado, duas vezes e disseram que não iam colocar porque é perigoso pegar fogo no barraco. Falei para eles que pior é usar lamparina e vela, porque aí é que vai pegar fogo mesmo”, contou.

Santa Monica 3Charge de Marcos Borges no jornal “O Estado MS” de hoje (08/01)

***

*Comentário do blog: Como sobreviver a condições desumanas como essas? Que tipo de Reforma Agrária é esse?

*****

Link permanente Deixe um comentário

Raio mata 23 cabeças de gado em fazenda do MS e prejuízo ultrapassa R$ 50 mil

08/01/2015 at 12:06 (*Liberdade e Diversidade)

gadoNo total, 23 vacas morreram atingidas por raio. (Foto: Terezinha Rodrigues/Facebook)

08/01/2015

Viviane Oliveira / Campo Grande News

A queda de um raio matou 23 cabeças de gado na Fazenda Lagoa Dourada, localizada a 80 quilômetros de Paraíso das Águas, distante 280 quilômetros de Campo Grande. O incidente ocorreu na manhã do último domingo (4) e o prejuízo estimado é de R$ 50 mil.

Funcionária da fazenda há 9 anos, Terezinha Rodrigues da Silva, 46 anos, conta que os animais estavam no pasto, próximo da cerca de arame, quando foram atingidos. “Todo ano morre animal atingido por raio, mas não com essa quantidade”, reclama.

Segundo Terezinha, as vacas eram da raça nelore e algumas estavam prenhas. “O período com maior incidência de raios é no verão, nesta época todo cuidado é pouco”, diz.

Conforme levantamento do Elat (Grupo de Eletricidade Atmosférica) do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), nos últimos três meses caíram 439.978 raios no Estado e 11.209 descargas elétricas em Campo Grande, que aparece em 5º lugar no ranking estadual com 13,45 raios por quilômetro quadrado.

Em 1º lugar está a cidade de Porto Murtinho com 14,45 raios por quilômetro quadrado, em seguida vem Nova Alvorada do Sul, em 3º Caracol e 4º lugar, está o município de Amambai.

Veja Mais
› No temporal da sexta, 180 raios atingiram a Capital, diz Inpe
› Raio mata dois e fere um em Caarapó; em 12 anos, foram 102 mortes em MS

*****

Link permanente Deixe um comentário

“Pérolas bancárias” (Crônica da manhã)

08/01/2015 at 11:40 (*Liberdade e Diversidade)

oswaldo-barbosa-de-almeida1OSWALDO BARBOSA DE ALMEIDA*

8 de Janeiro de 2015

 Quando eu trabalhava como bancário, vivi ou presenciei algumas situações com fortes conotações de humor e absurdo, como esta, dos meus tempos no Banco Agro Pecuário de Campo Grande, o saudoso Banagro.

Certo dia atendi a um cidadão bem simplório e idoso, que desejava abrir uma conta e fazer um depósito. Ele disse que nunca tivera conta em banco até então e guardava em casa suas economias de muitos anos, herança recebida de seu pai, segundo ele. Queria depositar o dinheiro para receber um “jurinho”.

Naquele tempo os bancos ainda pagavam juros sobre os valores depositados em contas correntes. Pedi-lhe os documentos pessoais, preenchi os formulários exigidos e colhi sua assinatura, por sinal, “desenhada” no papel com grande dificuldade. Ao preparar a ficha para o depósito propriamente, indaguei-lhe o valor a depositar. Ele, então, colocou sobre o balcão uma sacola de pano e dela foi retirando pacotes de cédulas de dinheiro, pedindo que eu o contasse, pois ele não sabia ao certo quanto tinha ali. Perplexo, observei que todo o dinheiro era representado por cédulas do antigo real, ou “mil réis”, a moeda brasileira em circulação até a instituição do “cruzeiro”, no ano de 1942.

pérolas

Esclareci ao cidadão que aquele dinheiro não tinha mais nenhum valor e não poderia ser aceito. Ele ficou surpreso e não acreditou, insistindo em fazer o depósito. Reafirmei a impossibilidade de aceitar seu dinheiro e ele ficou zangado, recolocou tudo na sacola e saiu resmungando que iria procurar outro banco.

Outras duas situações parecidas aconteceram quando eu já laborava no antigo Banco do Estado de São Paulo, o Banespa, já narradas em meu livro publicado em 2011, mas que valem a reprodução: Um conhecido cliente chegou ao balcão e pediu ao atendente para preencher o formulário para um depósito em dinheiro, de trezentos e cinquenta mil cruzeiros. Feito isso, levou o dinheiro ao caixa e efetivou o depósito. Em seguida, voltou ao mesmo funcionário e pediu: “Agora, ‘enche’ um cheque pra mim, que quero tirar cinquenta mil”. O funcionário retrucou um tanto impaciente: “Mas como, o senhor acabou de depositar trezentos e cinquenta mil!” E ele: “Não, eu quero tirar do que já estava aí, não do que depositei agora”. O funcionário quase teve um surto.

Outro cliente pediu para saber o saldo de sua conta. O atendente deu-lhe a papeleta de requisição para assinar e a encaminhou aos setores competentes para conferência de assinatura e preenchimento com o valor existente. Em seguida, entregou-a ao solicitante. Este, então, pediu que fosse preenchido um cheque naquela exata importância, para ser sacada no caixa. Feito isso, o cheque seguiu os trâmites internos até chegar ao caixa para pagamento. Recebendo o numerário, o cliente postou-se a um canto do balcão e conferiu o montante, até os centavos. Em seguida dirigiu-se ao mesmo atendente e falou: “Tá certinho. Agora ‘enche’ um depósito, que quero guardar ele de novo. Só queria conferir”. Parece piada, mas é a pura verdade!

*Advogado e escritor
coxim.oba@gmail.com

*****

Link permanente 2 Comentários

TV: suspeito de ataque em Paris é morto e 2 são capturados

08/01/2015 at 10:52 (*Liberdade e Diversidade)

suspeitos-atentado-franca-montagem

Suspeitos com idades entre 34 e 32 anos seriam irmãos, cidadãos franceses, nascidos no 10º distrito de Paris, chamados Saïd e Cherif Kouachi

Foto: Twitter / Reprodução

Dois dos suspeitos foram identificados como irmãos e são cidadãos franceses

07 de janeiro de 2015

Terra

Dois dos três suspeitos do atentado terrorista que atingiu a revista satírica Charlie Hebdo, em Paris, nesta quarta-feira, foram presos nesta noite. O terceiro teria sido morto. As informações ainda não foram confirmadas, mas divulgadas pela TV americana NBC News, que afirmou ter dois oficiais de alta patente do contraterrorismo americano como fonte.

Os três atiradores responsáveis pelo ataque que matou pelo menos 12 pessoas e deixou outras 11 feridas foram identificados no início desta noite, pela polícia local. Os suspeitos seriam Said Kouachi, de 34 anos, Cherif Kouachi, de 32, e Hamyd Mourad, de 18. A NBC News não informou qual deles teria sido morto.

cnt7724563_h0_aNoChange_

Clique no link para iniciar o vídeo

Policiais vigiam a imprensa após ataque em Paris

Os suspeitos com 34 e 32 anos seriam irmãos, cidadãos franceses, nascidos no 10º distrito de Paris. Os dois são franco-argelinos, que voltaram da Síria para a França neste verão.

O terceiro suspeito, Hamyd Mourad, não teria residência fixa. Sua nacionalidade é desconhecida. No ano passado, ele teria se matriculado em uma escola em Charleville-Mézières, cerca de 50 quilômetros de Reims, nordeste da França.

Perto do meio-dia (horário local), três homens encapuzados, armados com fuzis Kalashnikov, invadiram a sede do semanário satírico francês Charlie Hebdo, no coração de Paris, e abriram fogo. Ao menos 12 pessoas morreram, entre elas o editor-chefe da publicação, Stephane Charbonnier, e três renomados cartunistas da França. Após o atentado, o país elevou o alerta de terrorismo ao nível máximo.

francaatentadoap01Pessoas se abraçam em frente ao escritório da revista “Charlie Hebdo” após atentado (Foto: Remy de la Mauviniere / AP)

SAIBA MAIS

Milhares fazem ato em homenagem a vítimas de ataque em Paris

Suécia aumenta a segurança de artista depois de ataque em Paris

Hollande declara dia de luto nacional após atentado em Paris

*****

Link permanente Deixe um comentário

França: policial morto em ataque à revista era muçulmano

08/01/2015 at 10:21 (*Liberdade e Diversidade)

atentado 1

Policial muçulmano foi morto em ataque terrorista nesta quarta-feira

Ahmed Merabet foi visto deitado em uma calçada, com as mãos para cima em sinal de rendição, mas foi morto a tiros à queima-roupa

08 de janeiro de 2015

EFE / Terra Brasil

A primeira vítima fatal do ataque à sede da revista satírica Charlie Hebdo nesta quarta-feira foi Ahmed Merabet, 42 anos, um policial que seria muçulmano. O homem teria implorado por sua vida, com as mãos para cima, mas levou vários tiros e morreu no local. As informações são do The Independent.

Clique no link para iniciar o vídeo

Vídeo mostra homens atirando em policial em ataque em Paris

atentado 3

Merabet foi visto deitado em uma calçada, com as mãos para cima em sinal de rendição. Segundo testemunhas, o policial teria perguntado aos atiradores “vocês querem me matar?”, ao que um dos dois respondeu “Ok, chefe”, disparando à queima roupa, em seguida.

O agente deixa a mulher e dois filhos pequenos.

Clique no link para iniciar o vídeo

Je suis Charlie: multidão faz vigília após ataque em Paris

atentado 4

O policial Franck Brinsolaro também foi morto no incidente de ontem. Além dos dois agentes, oito jornalistas foram mortos no atentado – entre eles, os chargistas famosos Charb, Cabu, Wolinski e Tignous.

Suspeitos de ataque em revista são vistos no norte da França

A polícia francesa está à procura dos responsáveis pelo ataque. Os principais suspeitos são os irmãos Cherif e Said Kouachi, que foram vistos por um gerente de posto de gasolina no norte da França.

Um terceiro suspeito, Hamyd Mourad, 18 anos, teria se entregado na madrugada desta quinta-feira e alegou inocência.

Atos de apoio a vítimas de ataque se espalham pela Europa

atentado 2Milhares de pessoas se reuniram em Paris, em homenagem às vítimas do sangrento atentado contra a revista humorística Charlie Hebdo

SAIBA MAIS

Três criminosos estariam envolvidos em atentado na França

França: membro do Estado Islâmico elogia atentado em Paris

França: editor e 3 cartunistas morrem em ataque terrorista

Atos foram convocados por vários sindicatos, associações, meios de comunicação e partidos políticos. 

Cerca de cinco mil pessoas se reuniram a partir das 17h locais (14h de Brasília) na praça da República, perto da sede do semanário… 

*****

Link permanente Deixe um comentário

Multidão protestou em silêncio em Paris contra massacre do Charlie Hebdo

08/01/2015 at 09:54 (*Liberdade e Diversidade)

multidão em parisMilhares de pessoas protestam na emblemática Praça da República em Paris REUTERS/Stephane Mahe

multidão 2Manifestantes seguram cartazes com a inscrição: “Je suis Charlie” (“Eu sou Charlie”)

7/1/2015

Agência EFE / R7 Página Inicial

Milhares de pessoas protestaram na emblemática Praça da Republica, no centro de Paris, em um silêncio absoluto contra o massacre terrorista cometido nesta quarta-feira (7) na sede da revista Charlie Hebdo, na qual 12 pessoas morreram.

Velas e cartazes foram levados ao local pelos manifestantes REUTERS/Fabrizio Bensch

Os manifestantes responderam às convocações espontâneas realizadas através das redes sociais e muitos deles levaram cartazes com a inscrição: “Je suis Charlie” (“Eu sou Charlie”).

A mesma mensagem está postada no site oficial da publicação em sete idiomas.

“O islã não censura a imprensa, mesmo com sátiras”, diz teólogo especializado na religião

Há mais de 20 anos, capas e charges controversas do Charlie Hebdo causam revolta e polêmica

A emoção domina os presentes, e alguns deles choram com exemplares da revista nas mãos.

Velas e cartazes foram colocados em um monumento que existe na praça.

“É o dia mais triste da minha vida. Charlie Hebdo é uma publicação simbólica para a juventude francesa. Já não resta ninguém que faça imprensa de esquerda”, comenta um estudante do ensino médio identificado apenas como Hugo.

Sasha, outro jovem presente no local, explica que participa da manifestação para impedir que as pessoas confundam “os que cometeram o atentado e todos os muçulmanos da França”.

De acordo com a imprensa local, milhares de franceses participam também de concentrações em cidades como Toulouse, Pau, Marselha, Lyon e Nantes.

*****

Link permanente Deixe um comentário