Índios no Planalto:Quem aguenta ser pisado por cavalo e não reagir?

28/05/2014 at 22:11 (*Liberdade e Diversidade)

AGÊNCIA BRASIL

Índios no planalto

Índios durante protesto na terça-feira (Foto: Agência Brasil).

“Tinha um acordo de nosso movimento com a segurança da polícia de que a gente chegaria até o estádio e antes de chegar até o local combinado a polícia já partiu pra cima com a cavalaria”, afirmou Sonia, que é do Maranhão.A líder indígena Sonia Guajajara afirmou nesta quarta-feira (28) que as flechadas contra policiais militares no protesto contra a Copa realizado na terça foram “uma reação” à repressão da PM. “Quem é que vai aguentar ser pisado por cavalo e não reagir? Já chega de tanto ser pisoteado”, disse.

policial leva flexada ontem

Ela disse que os manifestantes não provocaram nem incitaram a violência e que “houve apenas uma reação dos povos indígenas”. “Assim como todos têm suas armas, também temos a nossa, que são nossas flechas”.

Nesta quarta, um grupo de 20 índios esteve no Congresso Nacional e se reuniu com o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). O principal ponto da conversa foi a votação da PEC 215, que transfere para o Congresso a demarcação de terras indígenas.

Segundo participantes da conversa, Henrique Alves se comprometeu a só colocar o projeto em votação se houver “unanimidade” sobre ele. Já Renan afirmou que a proposta “não vai andar”. Em abril do ano passado, índios já haviam invadido o plenário da Câmara em protesto contra essa PEC. Desta vez, porém, a passagem deles pelo Legislativo foi tranquila.

Os índios consideraram “um ganho” o posicionamento dos parlamentares e consideram que a PEC 215 interessa aos parlamentares ruralistas que querem barrar novas terras indígenas.

Eles realizam uma semana de mobilização que reúne cerca de 500 representantes de cem etnias em Brasília, de acordo com as entidades que os acompanham. O grupo é heterogêneo e reúne etnias como terena do Mato Grosso do Sul, guajajara do Maranhão e pancararu do Nordeste.

Os índios permanecerão até quinta (29) na capital federal, reivindicando aceleração na demarcação de terras.

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Uma flechada na inocência (Leitura noturna)

28/05/2014 at 20:12 (*Liberdade e Diversidade)

Por Luciano Martins Costa / Observatório da Imprensa

policial leva flechada na perna ontem em brasília - df

Policial é atingido por flecha

O noticiário de quarta-feira (28/5) destaca o protesto de indígenas e famílias sem teto, em Brasília, e o confronto que se seguiu quando um grupo de manifestantes se aproximou perigosamente do estádio Mané Garrincha, onde se encontrava em exposição o troféu que estará em disputa durante a Copa do Mundo de Futebol. Como parte das curiosidades deste país complexo, os jornais informam que um policial foi atingido na perna por uma flecha, o que chega a compor uma imagem curiosa no cenário futurista da capital federal.

Pode-se colher uma enorme variedade de análises na imprensa, nas últimas semanas, sobre a onda de protestos que começou em junho do ano passado como parte de uma campanha pela melhoria do transporte público nas grandes cidades. Depois vieram as manifestações de grupos específicos, que foram surgindo e desaparecendo, até que se consolidou a onda do movimento contra a Copa do Mundo, que flutua a bordo de todas as outras reivindicações e queixas que juntam pelo menos cinquenta ativistas e paralisam as cidades.

A observação das palavras de ordem e das justificativas de manifestantes e supostos líderes dos que pensam impedir a realização do evento mostra que o movimento se baseia em um punhado de convicções questionáveis, como a afirmação de que a Copa atrasa o atendimento de demandas importantes da sociedade.

A primeira delas fala de investimentos públicos que poderiam ter melhor destino se fossem aplicados em educação e saúde, e no geral ignora-se que a Copa resulta de um contrato de entidades brasileiras públicas e privadas com a Fifa, uma corporação privada sem fins lucrativos, muito parecido com os acertos que são feitos, por exemplo, para trazer ao país um festival de rock.

Os jornais demoraram, mas finalmente, há uma semana, a Folha de S. Paulo publicou uma reportagem esclarecendo que todo o investimento público feito pelo governo federal, por estados e municípios, relativos ao evento, soma R$ 25,8 bilhões, o equivalente a 9,9% das despesas anuais com educação. No entanto, ao mesmo tempo em que relativiza esse argumento dos ativistas contra a Copa, o jornal contribui para aumentar a confusão ao misturar a esses custos outros investimentos em infraestrutura, como a construção da usina de Belo Monte.

Escola de ativismo

Pode-se afirmar que os argumentos apresentados pelos manifestantes que tentam impedir ou atrapalhar a realização da Copa do Mundo no Brasil são pífios, falsos ou resultado da manipulação de dados. Mas não se pode apostar que haja alguma inocência nesses protestos, que agora invadem outras reivindicações, como a dos índios sem terra e dos trabalhadores urbanos sem teto.

Há, por trás do movimento contra a Copa, uma disciplina e uma organização que não combinam com a infantilidade de suas palavras de ordem. A mesma Folha trazia no domingo (25/5), na “Ilustrada”, o relato de uma palestra realizada em São Paulo (ver aqui), na qual o artista americano Sean Dagohoy, integrante de um coletivo chamado Yes Men, ensinava a uma centena de ativistas algumas táticas a serem usadas nas manifestações contra a Copa do Mundo. O objetivo, segundo a reportagem, é aproveitar ao máximo o “circo midiático em torno do megaevento no país”.

Na tal “oficina de ativismo” foram discutidas ideias como alagar a Arena Corinthians no dia da abertura da Copa, interferir nos telões do estádio e outras ações de boicote e sabotagem. O histórico do coletivo Yes Men, dedicado a ativismo cultural (ver site aqui), inclui intervenções em site de empresas, divulgação de informações falsas pela internet e outras iniciativas geralmente dirigidas contra grandes corporações ou governos.

O seminário em São Paulo foi organizado pelo coletivo intitulado Escola de Ativismo, que, segundo a Folha, é financiada, entre outras entidades, pela ONG ambientalista Greenpeace.

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Um ano do assassinato do professor Oziel Gabriel

28/05/2014 at 17:10 (*Liberdade e Diversidade)

28/05/2014

Eber Benjamim / CEDAMPO – Centro de Documentação e Apoio aos Movimentos Populares

oziel gabriel - morto

Indígenas, movimentos sociais e estudantes realizam ato público nesta sexta contra a impunidade e pela demarcação de terras.

Nesta sexta, dia 30 de maio, completa um ano da morte do professor indígena Oziel Gabriel durante tentativa de desocupação levada a cabo pelas polícias Federal e Militar na área reivindicada pelos Terenas como terra indígena tradicional que foi invadida pelos fazendeiros ao longo das décadas passadas. O inquérito sobre a morte do professor, por arma de fogo, não indicou culpados e aquilo que os indígenas consideram um “crime de Estado e assassinato seletivo de liderança” permanece impune.

Para lembrar a data e cobrar a demarcação das terras indígenas no estado está marcado um “Ato Público contra a impunidade e pela demarcação” que acontece nesta sexta em Campo Grande. O ato contará com a participação de indígenas da aldeia onde o professor vivia, em Sidrolândia, com o apoio de movimentos sociais da cidade e estudantes universitários.

A concentração para o ato terá início ao meio-dia, na Praça do Rádio, seguida de passeata pelo centro da cidade e ato público na praça Ary Coelho a partir das 15 horas, com fala de lideranças indígenas e de movimentos sociais. Em seguida acontecerão apresentações artísticas, com teatro e música, que deve prosseguir até o final da tarde deste dia 30 de maio.

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A 15 dias de jogos da Copa, Cuiabá ainda é canteiro de obras

28/05/2014 at 16:49 (Sem categoria)

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Obras inacabadas em Cuiabá causam transtornos no trânsito ao redor da Arena Pantanal a 15 dias da Copa (Foto: Keka Werneck / Especial para Terra)

Keka Werneck / Direto de Cuiabá

Terra

Cuiabá ainda é um canteiro de obras a 15 dias do primeiro jogo da Copa do Mundo na Arena Pantanal, Austrália x Chile, em 13 de junho. A capital mato-grossense está entre as cidades-sede em situação mais complicada quanto à mobilidade urbana. As intervenções deveriam qualificar o tráfego, que já era problema, antes dos preparativos para o Mundial, mas viraram uma preocupação a mais. Das 56 obras de mobilidade urbana prometidas, só 14 ficarão prontas até os jogos.

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A última a ser entregue, conforme afirma a Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa), é a trincheira do Verdão, que fica ao lado da Arena Pantanal, na avenida Miguel Sutil. O cenário da trincheira hoje é de obra inacabada, apesar de ter sido parcialmente liberada. O trânsito foi autorizado na parte de cima, mas a estrutura não tem pintura e nem foi passada a camada de polímero, que é um asfalto especial, capaz de suportar o peso dos veículos que vão transitar por ali.

Uma coisa que chama a atenção na rotatória da trincheira do Verdão é que, em quatro pontos, foi deixado um percalço no chão, que mais parece um degrau, impactando os veículos. O túnel subterrâneo ainda está interditado. Em horários de pico, a estrutura não evitou congestionamentos. A Secopa afirma que essa trincheira ficará pronta até o dia 13, mas não informa em qual data será oficialmente entregue.

Mais à frente, à direita da Arena, a Secopa iniciou há menos de uma semana uma nova obra na rotatória do Círculo Militar. O Tribunal de Contas do Estado, em inspeção realizada no dia 12 de maio, alertou para o risco de iniciar um empreendimento tão próximo ao estádio, faltando poucos dias para o Mundial. Mas a Avenida Miguel Sutil, nesse ponto, também foi fechada em meia pista, sufocando o fluxo de carros.

Em vários pontos, foi deixado um percalço no chão que impacta os veículos que passam

Foto: Keka Werneck / Especial para Terra

Alguns metros à frente, outra trincheira-chave para a chegada à Arena ainda está só parcialmente liberada. Um dos hotéis mais luxuosos da cidade, construído especialmente para a Copa, fica justamente na trincheira do Santa Rosa. O hotel, durante a Copa, ficará fechado, a serviço da Fifa. Essa trincheira foi duramente criticada pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea). O Crea, em relatório de inspeção técnica, divulgado em fevereiro, apontou “anomalias estruturais”, que podem comprometer o resultado do empreendimento.

Um dos engenheiros responsáveis pela inspeção, André Luiz Schuring, assegura que “de maneira geral as desconformidades saltam aos olhos, e qualquer cidadão sem conhecimentos técnicos consegue perceber que há algo de errado”. Para ele, “obras inauguradas com acabamento péssimo” podem manchar a imagem do País junto aos turistas prestes a chegar à cidade.

Dificuldades no acesso ao aeroporto

À esquerda da Arena Pantanal, a situação só vai se complicando. Ainda não há acesso, por essa via, à avenida da FEB, uma das principais avenidas de Várzea Grande, cidade vizinha à Cuiabá, que leva ao Aeroporto Internacional Marechal Rondon. A avenida da FEB ainda está parcialmente interditada, operando apenas em uma via. Os congestionamentos que têm ocorrido nessa via são de porte nunca visto em Cuiabá, antes dos preparativos para os jogos.

No final da FEB, margeada por obras de fora a fora, a obra de ampliação do aeroporto também não está concluída e nem ficará até a Copa, como já havia sido informado. O que tem sido feito são “maquiagens” para resolver um campo de lama que se formou em frente ao prédio de embarque e, temporariamente, também de desembarque. Tapumes cercam a área onde funcionava o estacionamento, que ainda está completamente esburacada.

Tapumes também fecham a obra do VLT na Avenida da Prainha, região central de Cuiabá, e na Avenida do CPA, que leva ao centro político-administrativo. Na Avenida Fernando Corrêa, próximo à Universidade Federal de Mato Grosso, o viaduto foi liberado parcialmente.

Segundo a Secopa, as principais preocupações com a mobilidade urbana são liberar as duas pistas da avenida da FEB e a trincheira do Santa Rosa. Além de Austrália x Chile, a Arena Pantanal, em Cuiabá, vai sediar mais três jogos: Rússia x Coreia do Sul, Nigéria x Bósnia e Colômbia x Japão.

Especial para Terra

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Documentário O Sal da Terra ganha prêmio especial no Festival de Cannes

28/05/2014 at 16:28 (*Liberdade e Diversidade)

23/05/2014

Correio Braziliense

Sebastião Salgado

 Filme O Sal da Terra, com o fotógrafo Sebastião Salgado e Wim Wenders

O documentário O Sal da Terra, de Juliano Salgado, sobre a obra de seu pai – o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado – e codirigido pelo alemão Wim Wenders, recebeu nesta sexta-feira o prêmio especial da seção Um Certo Olhar no Festival de Cannes.

“Estou muito emocionado com o prêmio para este filme, com o qual tentamos enviar uma mensagem de otimismo”, disse Juliano Salgado ao receber o prêmio que recompensa o filme sobre a obra de seu pai.

Win Wenders, que teve que voltar na véspera a Berlim, enviou uma mensagem dizendo-se louco de alegria pelo prêmio, que era disputado por 20 filmes de 23 países. O documentário apresenta um olhar profundo e íntimo da vida e obra de Sebastião Salgado, que há 40 anos percorre várias partes do globo testemunhando a fome, os êxodos, guerras e a destruição do planeta, mas também paisagens e territórios virgens, grandiosos.

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O Sal da Terra, único documentário apresentado nesta seção oficial do Festival de Cannes, vai estrear em outubro na França, e no Brasil deve chegar às telonas no fim do ano. O filme já foi comprado por vários países europeus, além de Austrália e Nova Zelândia.

O júri presidido pelo diretor argentino Pablo Trapero concedeu também o prêmio principal da seção Um Certo Olhar para o filme futurista White God, do húngaro Kornél Mundruczó, em que cães errantes se rebelam contra os humanos.

O prêmio do júri foi para Force Majeure, do diretor sueco Ruben Östlund, uma comédia sobre uma família amante de esportes de inverno que, sentada em um restaurante na montanha, vê uma avalanche. O marido foge, deixando para trás a esposa e os filhos. Mas o desastre não acontece e coloca em questão o futuro do casal.

O prêmio de direção foi para o filme francês Party girl, com Marie Amachoukeli, Claire, Claire Burger e Samuel Theis. O ator australiano Davil Gulpilil, que vive um aborígene perdido entre passado e presente no filme Charlie’s Country, de Rolf de Heer, recebeu o prêmio de melhor atuação.

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Filme turco “Winter sleep” é grande vencedor do Festival de Cannes

28/05/2014 at 15:50 (*Liberdade e Diversidade)

MSB/lusa/afp

Correio Brasil/Alemanha

Já considerado um dos favoritos, obra do diretor Nuri Bilge Ceylan desbancou “Mr. Turner” e “Foxcatcher”, faturando a Palma de Ouro. Grande Prêmio do Júri foi para o italiano “Le meraviglie”.

Winter sleep - ganhador da Palma de Ouro em Cannes

 

Cineasta Nuri Bilge Ceylan

O drama familiar turco Winter sleep, do diretor Nuri Bilge Ceylan, é o grande vencedor da Palma de Ouro deste ano. O filme, que já era considerado um dos favoritos ao grande prêmio do Festival de Cannes, desbancou os fortes concorrentes Mr.Turner, do diretor britânico Mike Leigh, e o americano Foxcatcher, de Bennett Miller.

Ceylan, veterano em Cannes, dedicou a vitória aos jovens que perderam suas vidas nos protestos contra o governo turco no ano passado. Na sexta-feira, seu filme havia conquistado o prêmio da crítica da Federação Internacional dos Críticos de Cinema (Fipresci).

A 67ª edição de um dos mais importantes festivais de cinema do mundo ainda concedeu o Grande Prêmio do Júri ao italiano Le meraviglie, de Alice Rohrwacher. Mommy, de Xavier Dolan, e Adieu au langage, de Jean-Luc Godard dividiram o Prêmio do Júri.

Cannes - le miraviglie

A Palma de melhor diretor foi para Benett Miller e a de melhor curta ficou com Leidi, uma coprodução colombiana e britânica sob direção de Simón Mesa Soto. Presidido pela primeira vez por uma mulher, a cineasta neozelandesa Jane Campion, o júri escolheu, ainda, Timothy Spall (Mr. Turner) como melhor ator e Julianne Moore (Maps to the stars) como melhor atriz da mostra.

Em 1993, com O piano, Campion tornou-se a primeira, e até agora única, diretora a ganhar uma Palma de Ouro, na história do festival.

Diretora de “Le meraviglie”, Alice Rohrwacher (e), ao lado da atriz Sophia Loren

O documentário sobre o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, O sal da terra, dirigido pelo alemão Wim Wenders, recebeu um prêmio especial na principal mostra paralela, Un Certain Regard.

O início do evento cinematográfico na Côte d’Azur, no último dia 14, foi marcado pela em torno do filme de abertura, Grace: a princesa de Mônaco, de Olivier Dahan. A obra não agradou à família real monegasca, que não compareceu ao festival nem apoiou a exibição da produção estrelada por Nicole Kidmann, argumentando que a história real foi adulterada para fins “puramente comerciais”.

Principais premiados no Festival de Cannes em 2014

Melhor Filme: Winter sleep, de Nuri Belge Ceylan
Grande Prêmio do Júri: Le meraviglie, de Alice Rohrwacher
Prêmio do Júri: Mommy, de Xavier Dolan e Adieu au langage, de Jean-Luc Godard
Direção: Bennett Miller, por Foxcatcher
Ator: Timothy Spall, por Mr. Turner
Atriz: Julianne Moore, por Maps to the stars
Roteiro: Leviathan, de Andrey Zvyagintsev
Curta-metragem: Leidi, de Simón Mesa Soto

MSB/lusa/afp

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Copa do Mundo, torneio de homens? (Leitura da tarde)

28/05/2014 at 15:15 (*Liberdade e Diversidade)

27/05/2014

Por Marília Moschovich, na coluna Mulher Alternativa

copa do mundo - torneio dos homens

Publicidade de sabão em pó, durante Copa das Confederações. Apontado o machismo, Procter & Gamble, a fabricante, “pediu desculpas”…

Que linha imaginária exclui mulheres da imagem tão masculina do campeonato, se são tantas e em posições tão essenciais?

Então é Natal; quer dizer, Copa. Então é Copa. Um evento internacional que faz girar toda uma economia própria como um trator sobre os direitos humanos — nada mais normal no capitalismo, devo dizer. Além de todas as questões frequentemente apontadas por setores críticos à realização da Copa do Mundo da FIFA no Brasil em meio a protestos diversos nas ruas de cidades-sede dos jogos, outro aspecto parece estar sendo curiosamente ignorado: a Copa tem gênero.

Não é preciso muito esforço para perceber que o gênero da Copa — apesar da palavra no feminino — é masculino. A Copa é um evento organizado por uma corporação feita por homens (a FIFA), intermediado por governos compostos majoritariamente por homens (mesmo quando a presidenta é mulher), que tem como mote um esporte associado mais frequentemente com a masculinidade e o público masculino. Alguém ainda não tinha sacado?

Muitos dos produtos associados à Copa (e ao futebol) são direcionados a homens, não à toa. Tampouco é coincidência que a economia do sexo cresça em eventos do tipo. Mesmo ONGs internacionais que trabalham diretamente com homens para diminuir a desigualdade de gênero (como a Man Up Campaign) utilizam as copas do mundo como espaços de intervenção — pois sabem que seu público está ali.

Onde estarão as mulheres, então, na Copa do Mundo de 2014?

Provavelmente as veremos eleitas “musas” de torcidas quando brancas, magras e com corpos dentro de certo padrão; talvez as vejamos “mães” em homenagens de artilheiros que acabam de se tornar pais ou que se posicionam como filhos; mas o grosso delas, mesmo, pobres e negras, estará a serviço da máquina que faz funcionar o evento. Veremos mulheres vendendo comida em subempregos precários de empresas terceirizadas nos estádios. Veremos mulheres oferecendo serviços sexuais a brasileiros e estrangeiros que vêm aproveitar o país do futebol (e da sexualidade liberada) do imaginário internacional. Veremos mulheres nas ruas tentando vender artesanato a turistas. Veremos mulheres recebendo gente e entregando panfletos em aeroportos. Com muita sorte, conseguiremos avistar uma comentarista esportiva ou jornalista aqui e acolá. Mas há também as mulheres que não veremos; as mulheres invisíveis da economia de uma Copa do Mundo.

Não veremos as mulheres que ficarão em casa com as crianças enquanto os maridos jogam futebol, assistem futebol, comentam futebol. Não veremos as mulheres trancadas na cozinha fazendo a pipoca para a família inteira, nem veremos as mulheres lavando louças enquanto o resto da casa sai às ruas para comemorar vitória com vuvuzelas de todos os tamanhos e cores. Não veremos as mulheres que trabalham nas empresas patrocinadoras ganhando 70% do salário de seus colegas homens. Nem veremos as que deixaram de ser promovidas porque desejavam um dia ter filhos. Não veremos as meninas oferecidas como produto em serviços sexuais.

Que pano esconde essas mulheres? Que linha imaginária as exclui da imagem tão masculina da Copa do Mundo, se são tantas e em posições tão essenciais à realização do megaevento?

Enquanto sociedade, quando construímos as percepções sobre o que significa “ser homem”, “ser mulher” e, junto a isso, o que consideramos como “masculinidade” e “feminilidade”, aos poucos nos colocamos em formas. Construídos nessas formas, também enquanto sujeitos nos identificamos com suas linhas gerais — mesmo quando as questionamos, ou quando procuramos romper com elas. Faz parte de nós essa espécie de enquadramento em identidades masculinas e femininas, em identidades como homens ou mulheres (ainda que não sejam essas duas as únicas possíveis em relação ao gênero).

Isso quer dizer que, quando associamos o futebol à masculinidade, reforçamos que os homens sigam gostando de futebol e que as mulheres sigam não gostando; também invisibilizamos as mulheres que rompem com a regra e, sim, gostam de futebol. Ao mesmo tempo, desqualificamos as mulheres que procuram se inserir nesse meio (como foi feito com a bandeirinha Fernanda Colombo há alguns dias), apelando para sua feminilidade ou para sua suposta falta de feminilidade conforme nos convém.

Mais do que reconhecer a existência das mulheres na estrutura geral da Copa do Mundo, é preciso desconstruir a associação imediata do futebol com a masculinidade. Essa associação — tão forte — é o que exclui, segrega e marginaliza as mulheres que, aos milhares, farão a Copa do Mundo acontecer.

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Música, filmes teatrais e ecológicos movimentam o Sarau dos Amigos

28/05/2014 at 13:15 (*Liberdade e Diversidade)

Sarau dos amigos

 A edição 74 do Sarau dos Amigos ocorre nesta quinta-feira, 29 de maio, das 19h às 22h. Haverá muita música, biblioteca livre, poesia, gastronomia.

O audiovisual é destaque nesta edição com o lançamento da “Web-série-novela-teatral Guavira sonhadora”, que será apresentada em vários capítulos a cada edição do evento, instigando o público a voltar e acompanhar a história, produzida pelo Núcleo Teatral Sarau dos Amigos.

Outras produções serão exibidas, são curta metragens do Circuito Tela Verde com a Mostra Nacional de Produção Audiovisual Independente, de temática Socioambiental e Cine Ambiente, promovidos pelo Ministério do Meio Ambiente.

A entrada é um quilo de alimento não perecível, que são destinados às obras sociais dos Vicentinos da Paróquia Santa Rita de Cássia. Informações 9920-6703.

Programação:

Estão confirmadas apresentações dos músicos Nando Mantony e Claudia Bedoia (Pop e MPB), Junior Feitosa (autoral) e os sertanejos Keuler & Kauan. A poesia tem espaço com Sir Melhado (Kellvyn Raphael Melhado) que vai declamar e distribuir diversos poemas no espaço da casa.

O radialista Lucas Cardoso também se apresenta no Sarau dos Amigos, além do seu trabalho como comunicador, Lucas usa as horas vagas para dar vida às suas composições e apresentará algumas delas na próxima quinta-feira.

As artes visuais estarão representadas com gravuras de Daniele Santana. Diversos artistas fazem palinhas musicais. No quintal, haverá os sabores e comidas da Broto Frutos Culinária do Cerrado e espetinhos da Casa do Garoto.

A Biblioteca Livre Sarau dos Amigos disponibiliza diversos livros ao público, de forma gratuita e sem precisar de cadastro. O objetivo é os livros circulem pela cidade. Quem quiser realizar doações basta levar ao evento.

Serviço: O Sarau dos Amigos ocorre toda última quinta-feira do mês, das 19h às 22h, na rua Elvira Matos de Oliveira, 927, Universitário (atrás da Escola José Barbosa Rodrigues), na residência de Eduardo Romero. Informações 9920-6703.

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Frio intenso expõe drama de comunidades pobres da Capital

28/05/2014 at 10:55 (Sem categoria)

Frio intenso em Campo Grande - favelados sofrem

Frio intenso na Capital - morador de favela com filhinho no colo

FAUSTO BRITES /Correio do Estado

Frio intenso na Capital - termômetros 2Um dos exemplos do drama enfrentado por famílias é a favela Cidade de Deus, no Bairro Dom Antônio Barbosa, em frente ao lixão, onde muitas famílias receberam doações de agasalhos, mas outras tantas ainda esperam por isso, de acordo com reportagem na edição de hoje (28) do jornal Correio do Estado.Cruel e fonte de problemas para as pessoas que vivem em barracos e sem condições de se proteger de maneira adequada. Assim é o frio, que chegou no último fim de semana, e ontem fez com que Campo Grande tivesse temperatura mínima de 9ºC com sensação térmica de 2ºC.

Desde sábado (24), segundo algumas moradoras da favela, três entidades diferentes entregaram roupas de frio e cobertores para a comunidade, que está há um ano e meio instalada na área. “Veio bastante doação, e a gente se vira como pode”, disse a dona de casa Mirian Salviano, 41 anos.

Ela e as vizinhas estavam em frente ao seu barraco ontem de manhã, bem agasalhadas. “Eu tenho cinco filhos, três meninas e dois meninos, mas ficam o tempo todo dentro de casa, pra não passar mais frio”, disse. As doações às famílias foram feita pela Águas Guariroba, igreja Veredas da Fé e um grupo de policiais civis.

Lúcia Morel, em sua reportagem, mostra a expectativa e a esperança da comunidade, com mais de 800 famílias, que aguarda as doações.

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Cerco em torno da Seleção aumenta com presença do Exército

28/05/2014 at 09:53 (Sem categoria)

Celso Paiva e Fábio de Mello Castanho / Terra

Direto de Teresópolis (RJ)

Exército também faz a segurança do Brasil emSeleção - exército Teresópolis (Foto: Ricardo Matsukawa / Terra).

A Seleção Brasileira conta com cada vez mais segurança na Granja Comary, local onde fica o centro de treinamento nacional na cidade de Teresópolis, Rio de Janeiro. Na última terça-feira, foi possível observar a presença de membros e carros do exército na operação montada para proteger os jogadores que representarão o País na Copa do Mundo.

Teresópolis conta com diversas barreiras policiais. A 1 km da Granja Comary, já há um centro de triagem, no qual só pessoas autorizadas e moradores do condomínio são autorizados a passar. É obrigatória a apresentação de uma credencial, que libera a passagem – é uma espécie de varredura para evitar a aproximação de pessoas estranhas.

A novidade na noite da última terça foi a presença de carros do exército dentro do perímetro controlados pelas barreiras policiais, que já contavam com guardas e seguranças contratados pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Seleção realiza 1º treino na academia da Granja Comary;

Veja abaixo:

Clique no link para iniciar o vídeo

Durante a chegada da Seleção Brasileira à Granja Comary, na última segunda-feira, foram escoltados por seis motos policiais, por cinco carros da Polícia Rodoviária Federal, além de um helicóptero, que sobrevoou a região para controlar a movimentação.

Os jogadores brasileiros tiveram que lidar com o protesto de 50 pessoas na chegada a Teresópolis. Na última terça-feira, no entanto, apenas um manifestante estava próximo do centro de treinamentos – ele reclamava da falta de apoio para as vítimas dos temporais que assolaram a região serrana do Rio de Janeiro nos últimos anos.

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