Puccinelli tem 15 dias para apresentar defesa em ação que Bernal move no STJ

05/05/2014 at 21:46 (*Liberdade e Diversidade) ()

 05/05/2014

Evelin Araujo / Midiamax News

André Puccinelli dá entrevista (Black Blocs)O governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), tem 15 dias para apresentar a defesa preliminar no STJ (Superior Tribunal de Justiça) em ação que Alcides Bernal, que teve o mandato de prefeito cassado por atos de improbidade administrativa conforme julgamento da Câmara de Campo Grande, move contra ele no órgão.

A ação é movida desde o dia 31 de março e refere-se a crimes contra a honra. No dia 28 de março, o governador foi a Dourados e disse em palanque que Bernal foi cassado porque é ladrão.

“Erraram em Campo Grande. A Câmara destituiu. Vão aparecer roubalheiras e mais roubalheiras lá. Não foi tirado por golpe político, não, Por ser ladrão. E tem provas”, diz o trecho do vídeo em que Puccinelli fala sobre a cassação de Bernal na cidade, distante 225 quilômetros da Capital.

O governador disparou contra Bernal ao falar da conjuntura política que sofreu a cidade de Dourados, quando administrada por Ari Artuzi, que renunciou à prefeitura após uma série de irregularidades.

Veja o que disse Puccinelli (Vídeo):       http://youtu.be/l-dZZpYaofU

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MST ocupa sede do Incra em Campo Grande,MS

05/05/2014 at 20:12 (*Liberdade e Diversidade)

5 de maio de 2014

MS Record

Rodovias 163 (Itaquirai) e 267 (Nova Andradina) estão trancadas e o Banco do Brasil de Aquidauana também está ocupado

MST ocupa sede do Incra em Campo Grande,MS

Sede do Incra em Campo Grande amanheceu ocupada, nesta segunda-feira (5), pelos movimentos sociais agrários

A sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, amanheceu ocupada, nesta segunda-feira (5), pelos movimentos sociais agrários, como parte das atividades da Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária. Além disso, as rodovias 163 (Itaquirai) e 267 (Nova Andradina) estão trancadas e o Banco do Brasil de Aquidauana também está ocupado.

Um dos maiores movimentos que participam das atividades é o MST/MS (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), que atualmente possui cerca de duas mil famílias acampadas em todo o Estado e reivindica questões como a criação de mais assentamentos, agilidade do poder judiciário para liberar a desapropriação de terras, infraestrutura para os acampamentos, mais créditos, construções de casas, entre outros assuntos.

De acordo com Jonas Carlos da Conceição, dirigente nacional do MST/MS, os motivos para lutar são muitos. “Diante de um governo que prioriza um modelo agrário, que produz mercadorias ao invés de alimento, nós não temos outra saída a não ser nos mobilizarmos, só em Mato Grosso do Sul são quatro anos sem Reforma Agrária”, afirma.

Jonas Carlos disse que um dos principais motivos da mobilização se deve a situação em que se encontra o Incra de MS. “O nosso Estado é o que possui o maior número de famílias assentadas do Brasil e atualmente o Incra, instituto que deveria ter condições reais de atuar nesta área, se encontra com um quadro de funcionários insuficiente e ainda atua com um orçamento bem abaixo do necessário, por isso hoje também estamos lutando para que esta realidade mude, pois precisamos desse órgão atuando fortemente para conquistarmos questões como a Reforma Agrária”, disse.

O dirigente disse ainda que foi entregue uma pauta com as reivindicações do movimento agrário de MS para o superintendente regional do Incra MS, Celso Cestari e que estão no aguardo de uma reunião para reivindicar a vinda de um representante nacional do órgão. A ocupação não tem previsão de término enquanto isso não acontecer.

Atualmente em MS são mais de nove mil famílias assentadas, no Brasil são mais de 100 mil e a maioria aguarda mais de 10 anos sob barracas de lona à espera de serem assentadas.

Na ocupação estão presentes pessoas de todo o Estado ligadas ao MST/MS, a Central Única dos Trabalhadores Rural (CUT/MS/Rural), Federação dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (FETAGRI/MS) e do Movimento Camponês de luta pela Reforma Agrária (MCLRA). (Com informações da assessoria).

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Esquerda e Direita diante da Ética contemporânea (Leitura do dia)

05/05/2014 at 17:42 (*Liberdade e Diversidade)

03/05/2014  

Por Ladislau Dowbor | Imagem: Herakut

Ética contemporânea

 Livro recente sugere: mesmo torturadores, ou especuladores financeiros, precisam amparar-se em valores considerados legítimos. Alguns destes ainda reforçam obediência, autoridade e religião

Mentimos, trapaceamos e justificamos tão bem que
passamos a acreditar honestamente que somos honestos
Jonathan Haidt

É difícil traduzir a expressão inglesa self-righteousness. Expressa a profunda convicção de uma pessoa que domina os outros da altura da sua elevada postura ética. Em geral leva a comportamentos estreitamente moralistas e intolerantes. E frequentemente vemos atos violentos justificados com fins altamente morais. Não há barbárie que não se proteja com argumentos de elevada nobreza. Sentimento que  permite soltar as rédeas do ódio, aquele sentimento agradável de odiar com boas razões. A Marcha da Família com Deus pela Liberdade representou um marco histórico da hipocrisia na defesa de privilégios. Vêm mais marchas por aí, a hipocrisia tem pernas longas. As invasões de países se dão em geral para proteger as populações indefesas, as ditaduras para salvar a democracia, os ataques sexuais são feitos da altura moral de quem usa os buraquinhos como se deve. 

Jonathan Haidt, no seu livro The Righteous Mind, que traduziremos aqui por “a mente moralizante”, para distinguir da pessoa meramente “moral”, parte de um problema relativamente simples: como a sociedade americana se divide, de maneira razoavelmente equilibrada, em democratas e republicanos, cada um acreditando piamente ocupar a esfera superior na batalha ética, e considerando o adversário como hipócrita, mentiroso — enfim, desprovido de qualquer sentimento de moralidade? O imoral é o outro. E no entanto, de cada lado há pessoas inteligentes, sensíveis, por vezes brilhantes – mas profundamente divididas. Em nome da ética, o ódio impera.

O tema, evidentemente, não é novo. Um dos livros de maior influência, até hoje, nos Estados Unidos, é O Dilema Americano, de Gunnar Myrdal, dos anos1940, que lhe valeu o prêmio Nobel. É uma das análises mais finas não dos Estados Unidos, mas do bom americano médio, e de como cabem na mesma cabeça a atitude compenetrada no serviço religioso da sua cidade, a profunda convicção da importância da liberdade e dos direitos humanos, e práticas como a perseguição dos negros? O livro é muito inteligente, e correto. Myrdal adverte que desautoriza qualquer uso da sua análise para um antiamericanismo barato. O objetivo dele não é defender ou atacar, é entender. Mas conclui que “o problema negro”, nos Estados Unidos, “é um problema dos brancos”. A análise, naturalmente, poderia ser estendida para muito além da mente americana.

O campo de trabalho de Haidt é a disciplina chamada psicologia moral, moral psychology. Estuda justamente como se articulam, em termos psicológicos, as construções dos nossos valores, e em particular os valores que podemos qualificar de políticos. Com que base real passamos a achar que o que fazemos é moralmente certo, ou correto? Através de quê mecanismos o que era razão se transforma em mera racionalização de emoções subjacentes?

Há as leis, naturalmente, mas estas definem o que é legal, e frequentemente as leis foram elaboradas por quem as manipula, tornando legal o que é moralmente indefensável. Os paraísos fiscais permitem às corporações pagar poucos impostos, o que não é viável para a pequena empresa. Não é ilegal declarar a sua sede no paraíso fiscal, e evitar assim de pagar impostos no país onde a empresa funciona, enquanto os seus empregados naturalmente pagam os impostos normalmente, inclusive porque são deduzidos na folha de pagamento. Mas basta ser legal para ser ético?

Edward Snowden, aos revelar a amplitude da invasão da privacidade e do uso invasivo das tecnologias de rastreamento da NSA, cometeu um ato ilegal, do ponto de vista da justiça americana (ainda que com controvérsias), mas o fez, com risco próprio, por razões éticas. Os que lutavam contra a escravidão eram presos e condenados. Mandela pagou 30 anos da sua vida por combater um regime legal, mas medieval. Os republicanos qualificam Snowden de traidor, como a Máfia considera traidor quem não se solidariza com o grupo, ainda que seja para cometer crimes. A ética pode ser muito elástica.

Há um referencial confiável, um valor absoluto? Durkheim escreveu que “é moral tudo que é fonte de solidariedade, tudo que leva o homem a regular as suas ações por algo mais do que o seu próprio egoísmo”. Haidt busca “os mecanismos que contribuem para suprimir ou regular o auto-interesse e tornam as sociedades cooperativas.” (270) Paulo Freire, que era um homem simples, mas não simplório, resumia a questão, dizendo que queria “uma sociedade menos malvada”. Com que mecanismos psicológicos grupos sociais conseguem justificar em termos éticos o que claramente traz danos aos outros, e vantagens para elas? Chamemos isto de racionalizações, coisa que Haidt chama de raciocínio motivado (motivated reasoning).(159)

Haidt entra no coração das racionalizações. A visão é de que buscamos mais parecer bons do que ser bons. “Mentimos, trapaceamos e dobramos regras éticas frequentemente, quando achamos que podemos sair impunes; e então usamos o nosso raciocínio moral para gerir as nossas reputações e justificar-nos junto aos outros. Acreditamos no nosso raciocínio a posteriori tão profundamente que terminamos moralisticamente (self-righteously)  convencidos da nossa própria virtude”. Somos tão bons nisto, que conseguimos enganar até a nós mesmos. (190, xv)

A visão geral de Haidt é que o raciocínio serve essencialmente para justificar o que já foi decidido por outros mecanismos, intuitivos: “É o primeiro princípio: as intuições chegam em primeiro lugar, o raciocínio estratégico em segundo” (xiv). O que resulta é um raciocínio de confirmação, não de análise e compreensão: “Que chance existe que as pessoas pensem de mente aberta, de forma exploratória, quando o auto-interesse, a identidade social e fortes emoções as fazem querer ou até necessitar chegar a uma conclusão preordenada?” (81)

Provavelmente o maior interesse do livro de Haidt, é que nos permite entender um pouco melhor este nosso poço escuro de ódios e identificações políticas, ao detalhar, baseado em pesquisas, a diversidade das motivações. Ele trabalha com uma “matriz moral” de seis eixos, que estão por trás das nossas atitudes de solidariedade ou de indignação, de aprovação ou de ódio.

O primeiro é o “cuidar” (care), que nos faz evitar causar danos aos outros, querer reduzir sofrimentos. Está dentro de todos nós. Ao ver um cachorrinho ser maltratado, ficamos indignados, ainda que não gostemos de cachorro. É um motor poderoso, que exige, inclusive, que as pessoas que massacram ou torturam outras precisem “desumanizar” a sua vítima, transformá-la em objeto fictício: É um terrorista, um comunista, um marginal, um gay, uma puta, qualquer coisa que a rebaixe do  status de pessoa, permitindo o tratamento desumano. O garotão de classe média que ateia fogo ao mendigo se sente, inclusive, mais “pessoa”. Está “acima”. O mendigo não é pessoa, é mendigo. Vai trabalhar, vagabundo.

A liberdade (liberty) constitui outro vetor de valores, com o correspondente repúdio à opressão. Naturalmente, para muitos, a liberdade significa também a liberdade de oprimir, mas para isto precisam aqui também reduzir a dimensão humana de quem oprimem. Os doutores do direito canônico resolveram assim o dilema de se defender a liberdade de ter e de caçar escravos: o negro não teria alma. Os vietnamitas foram massacrados para proteger o seu direito à liberdade. Assim, todo valor precisa criar as suas hipocrisias para ser violentado. Foi em nome da liberdade que nos Estados Unidos e aqui no Brasil repelimos a limitação das armas de fogo pessoais, ainda que se saiba que os donos são as primeiras vítimas. E no entanto, reconhecemos sim a aspiração à liberdade como um valor fundamental, que orienta as nossas opções éticas.

Um terceiro vetor de valores está no que consideramos de tratamento justo, ou não desigual. Em inglês, o conceito utilizado, fairness, fica mais claro. Milhões de brasileiros ficam indignados em cada fim de semana, quando o árbitro dá um cartão amarelo por uma falta, e não dá o mesmo cartão em falta semelhante do outro time. Se o cartão foi merecido ou não, é até secundário, gera indignação o tratamento desigual. Critério ético perfeitamente válido, e têm razão milhões que veem como escandaloso o tratamento desigual na justiça, que ostenta no seu símbolo a balança, a imparcialidade. O sentimento é muito enraizado. Pesquisa com macacos mostram que se um macaco recebe uma comida mais gostosa, os outros que receberam a mesma comida de que sempre gostaram recusam-se a comer.

Um quarto vetor é o da lealdade (loyalty) que nos faz buscar adotar os valores do nosso grupo, considerando traidor quem não os adota. Muito utilizado nas forças armadas, o esprit de corps, faz com que por exemplo militares jurem com toda tranquilidade que os seus colegas não torturaram, ou não estupraram, porque se sentem leais aos seus companheiros, esta lealdade superando inclusive a consideração ética sobre o crime cometido. Gera inclusive um agradável sentimento de pertencimento heroico ao grupo. Um filme famoso, com Al Pacino, Perfume de Mulher, é centrado neste tema: um jovem universitário que constatou uma pequena bandidagem dos seus colegas, recusa-se a denunciá-los, ainda que o ameacem de prejudicar o seu futuro universitário. O sofrimento dele permeia todo o filme, justamente porque é um rapaz profundamente ético.

Um quinto conjunto de valores está centrado na autoridade (authority) que nos faz considerar ético o que os líderes decidem, e chamar de subversivos os que se rebelam. Esta identificação a priori com a autoridade é profundamente escorregadia, em particular porque nos permite fazer qualquer coisa com a justificativa que estávamos cumprindo ordens. Aqui, o maravilhoso texto de Hannah Arendt nos ajuda muito, pois nos permite entender que não se trata apenas de criminalizar quem se esconde atrás do argumento de autoridade, trata-se de aprofundar como funciona a banalização do mal, e o tipo de ódio que muita gente tem contra quem os priva do que consideram ódio legítimo.[2] Vá dizer a pessoas de direita que o julgamento do STF foi preconceituoso: ficam apopléticos, estamos privando-os do gosto do seu ódio, ainda que só cego não veja as distorções — mas enxergá-las exige o uso da razão, a capacidade de contestação objetiva. Há uma experiência muito conhecida, com estudantes universitários, chamados a dar choques elétricos a pessoas desconhecidas, a pedido de funcionários com batas de médico, que justificavam que se trata de uma experiência científica. A maioria dos estudantes não se fez de rogada.

O último vetor de justificativas éticas levantado por Haidt é o da santidade, (sanctity) ligada a valores sagrados como tradições ou razões religiosas, que nos fazem condenar ao fogo do inferno quem não acredita em outras visões de mundo (297). Aqui temos um prato cheio. Uma leitura básica é o famoso manual de instruções da inquisição, que ensinava, por exemplo, que as mulheres suspeitas de bruxaria ou de serem possuídas deviam ser torturadas nuas, pois as fragiliza, e de costas, pois as expressões de dor e de desespero causados pela tortura — obra naturalmente do próprio demônio — podiam ser tão fortes a ponto amolecer o inquisidor. Tudo em nome de Jesus, da caridade, do amor ao próximo. As mutilações de meninas, a quem se corta (sem anestesia) os lábios externos da vagina (clisteroctomia), atingem  milhões de crianças. Estamos no século 21.

Ao comparar as visões em inúmeras entrevistas de pessoas no espectro político completo, da esquerda até os mais conservadores, Haidt constata que há uma graduação muito clara relativamente a quais elementos da matriz se dá mais importância. Assim, a esquerda dá muito mais importância aos três primeiros eixos, ligados a não fazer dano, não machucar, a reduzir o sofrimento e assegurar o cuidado; à luta contra a opressão e pela liberdade; e às regras limpas do jogo, com igualdade de tratamento, a chamada justiça social. Inversamente, a direita dá menos valor aos primeiro, e concentra as suas visões na lealdade de grupo (veja-se a Ku Klux Klan por exemplo), à autoridade e a correspondente obediência, e ao respeito de valores considerados sagrados no sentido em boa parte religioso, onde muitas vezes o sagrado mistura o político e o religioso, como no Gott mit Uns dos nazistas, acompanhado do símbolo da swastika. O fato de milhões ficarem fanatizados, num país que não poderia ser considerado de baixo nível educacional, é significativo. Não se trata de educação, e sim de instituições, de cultura política.

A conclusão interessante de Haidt, que é um confesso liberal, no sentido americano, portanto correspondente ao que seria um progressista entre nós, é que a direita usa argumentos e sentimentos que calam fundo nas pessoas, pois mais fortemente ancoradas nas emoções, nos sentimentos de grupo, coesão, bandeira, religiosidade, autoridade e obediência. São mensagens que ecoam mais fortemente no emocional do que no raciocínio, e que em particular permitem dar uma aparência de legitimidade ética ao ódio. A direita americana, por exemplo, sempre agitou um demônio – externo naturalmente – para justificar tudo e qualquer coisa: Foram utilizados Khadafi, Saddam Hussein, Osama Bin Laden, até Fidel Castro, e hoje o terrorismo em geral. No Brasil temos o ótimo exemplo da revista Veja, que vive de agitar ódio contra demônios que explicariam todos os males. Funciona. Mas não resolve nada.

Explicar o drama de pessoas que passam fome (harm) e as estatísticas de mortalidade infantil apela muito mais para o raciocínio, que não tem o mesmo efeito mobilizador do que os argumentos que atingem o fundo emocional. Apelar para o emocional, inclusive quando se utiliza os primeiros eixos que são mais característicos da esquerda – por exemplo nos movimentos anti-aborto – dá à direita vantagens de um discurso simplificado e que pega mais no fígado do que na razão, como por exemplo a bandeira dos marajás do Collor, ou da vassourinha de Jânio Quadros.

Haidt busca um mundo mais equilibrado. Não desaparecerão as motivações mais valorizadas na direita. Mas o essencial do livro é que nos faz entender melhor as raízes emocionais da razão, a facilidade com a qual se constroem pseudo-razões e fanatismos. Ajuda-nos, por exemplo, a entender como se constrói uma campanha contra a presença de médicos cubanos em regiões onde médicos nossos não querem ir, projeto inatacável do ponto de vista humanista. Inúmeras razões são apresentadas, mal encobrindo um ódio ideológico que é a verdadeira razão. O ódio, como fenômeno de massas, é contagioso. Explicar racionalmente um projeto é muito menos contagiante.

Haidt se preocupa em particular com o poder que simplesmente não tem contas morais a prestar, o universo das grandes corporações. “Se o passado serve para nos iluminar, as corporações crescerão para se tornarem cada vez mais poderosas com a sua evolução, e elas mudam os sistemas legais e políticos nos países onde se instalam para gerar um ambiente mais favorável. A única força que resta na Terra para enfrentar as maiores corporações são os governos nacionais, alguns dos quais ainda mantêm o poder de cobrar impostos, regular, e dividir as corporações em segmentos menores quando se tornam demasiado poderosas”. (297) Vem-nos à lembrança a frase de Milton Friedman, da escola de Chicago, de que as empresas, como as paredes, não têm sentimentos morais. Ou a visão proclamada em Wall Street: Greed is Good, a ganância é boa. Parece que uma parte do universo escapa a qualquer ética. O filme O Lobo de Wall Street vem naturalmente à memória. O personagem real da história deu entrevistas dizendo que o filme não exagerou nada. Chega o denominador comum que assegura a absolvição por atacado: todos fazem, não fizemos nada que toda Wall Street não faça.

Aqui a dimensão é outra, pois se trata da diluição das responsabilidades nas instituições. Joseph Stiglitz, ex-economista chefe do Banco Mundial, “Nobel” de Economia, e insuspeito de esquerdismo,  resumia a questão em pronunciamento na ONU sobre direitos humanos e corporações: “Mas infelizmente, a ação coletiva que é central nas corporações mina (undermines) a responsabilidade individual. Tem sido repetidamente notado como nenhum dos que estavam encarregados dos grandes bancos que empurraram a economia mundial à borda da ruína foi responsabilizado (held accountable) pelos seus malfeitos. Como pode ser que ninguém seja responsável? Especialmente quando houve malfeitos (misdeeds) da magnitude dos que ocorreram nos anos recentes?” Quando somos uma massa, em que todos fazem mais o menos o mesmo, o que pode ser linchamento de um rapaz na favela, ou massacres numa guerra, mas muito mais prosaicamente numa gigantesca corporação onde tudo se dilui, a ética se torna tão diluída que desaparece.

Ninguém gosta de se achar pouco ético. E nossas defesas são fortes. Não posso deixar de citar aqui o texto genial de John Stuart Mill, de 1861, escrevendo sobre a sujeição das mulheres na Grã Bretanha da época, quando eram reduzidas a palhacinhas decorativas e proibidas de qualquer participação adulta na sociedade e na construção dos seus destinos. Ao ver a dificuldade de penetrar na mente preconceituosa, Mill escreve: “”Enquanto uma opinião estiver solidamente enraizada nos sentimentos (feelings), ela ganha mais do que perde estabilidade quando encontra um peso preponderante de argumentos contra ela. Pois se ela tivesse sido construída como resultado de uma argumentação, a refutação do argumento poderia abalar a solidez da convicção; mas quando repousa apenas em sentimentos, quanto pior ela se encontra em termos de argumentos, mais persuadidos ficam os seus defensores de que o que sentem deve ter uma fundamentação mais profunda, que os argumentos não atingem; e enquanto o sentimento persiste, estará sempre trazendo novas barreiras de argumentação para consertar qualquer brecha feita ao velho.”

A mensagem de Haidt não é de passar a mão na cabeça da esquerda ou da direita, e sim de sugerir que tentemos entender melhor como se geram os agrupamentos políticos, as identificações com determinadas bandeiras. Os eventuais fanatismos, e as formas primárias como dividimos a sociedade em bons e maus. O maniqueísmo é perigoso. Quando vemos que os mesmos homens podem ser autores de atos abomináveis e heroicos, o que interessa mesmo é construir instituições que permitam que se valorize as nossas dimensões mais positivas. Nas palavras de Haidt, criar “os contextos e sistemas sociais que permitam às pessoas pensar e agir bem.”(92)


Jonathan Haidt – The Righteous Mind: Why Good People Are Divided by Politics and Religion – (A mente moralista: por que boas pessoas são divididas pela política e pela religião) – Pantheon Books, New York, 2012, 420 p. – ISBN 978-0-307-37790-6

Joseph Stiglitz – 2013 UN Forum on Business and Human Rights  http://www.ohchr.org/Documents/Issues/Business/ForumSession2/Statements/JosephStiglitz.doc

John Stuart Mill – The Subjection of Women – [1861] – Dover Publications, New York, 1997

Ladislau Dowbor – Hannah Arendt: além do filme – 2013, http://dowbor.org/2013/08/hannah-arendt-alem-do-filme-agosto-2013-3p.html/

Gunnar Myrdal – An American Dilemma: the negro problem and modern democracy –  1944 – inúmeras edições, inclusive em português.

[1] Ladislau Dowbor, economista, é professor da PUC-SP e consultor de várias agências das Nações Unidas. Os seus trabalhos estão disponíveis online (Creative Commons), na página http://dowbor.org . Contato Ladislau@dowbor.org

[2] Veja a respeito o meu texto sobre o filme Hannah Arendt, sobre a banalização do mal, em http://dowbor.org/2013/08/hannah-arendt-alem-do-filme-agosto-2013-3p.html/

Ladislau DowborLadislau Dowbor é professor de economia nas pós-graduações em economia e em administração da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), e consultor de várias agências das Nações Unidas. Seus artigos estão disponíveis online em http://dowbor.org

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FUNDAÇÃO DE CULTURA LANÇA PROJETO EM COMEMORAÇÃO À CHEGADA DA FERROVIA NOB EM CAMPO GRANDE/MS

05/05/2014 at 16:46 (*Liberdade e Diversidade)

 05/05/2014

 Fundação de Cultura do MS / Redação

Nob 1

O Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, por intermédio da Fundação de Cultura de MS – Gerência de Patrimônio Histórico e Cultural lança o projeto comemorativo ao Centenário de Chegada da Ferrovia NOB em Campo Grande/MS. O evento acontece dia 09 de maio, às 8h30, no Auditório do Museu da Imagem e Do Som de MS – MIS/MS.

 Em princípio, a Fundação de Cultura promove uma mesa redonda que está sendo programada pela Gerência de Patrimônio Histórico e Cultural. O debate é aberto ao público e a mesa traz autoridades da temática Ferrovia Noroeste do Brasil.

Sob a mediação da Profª Pós-Drª Maria Augusta de Castilho, a Fundação de Cultura de MS recebe a Superintendente do IPHAN-MS Norma Dáris Ribeiro que falará acerca do processo de Tombamento Federal da Ferrovia NOB em MS; também haverá a participação da Profª Me. Arlinda Montalvão de Oliveira, de Três Lagoas que enfoca – A Ferrovia e a formação de MS; e do renomado Prof. Dr. Paulo Roberto Cimó Queiróz, da UFGD/Dourados que ressaltará – A ferrovia NOB e o desenvolvimento de nosso Estado.

Nob 2

Após as palestras acontece um café literário quando a Life Editora fará a exposição de publicações que enfocam a história de MS e da ferrovia, e os presentes poderão autografar as obras adquiridas.

Essa ação acontece no mês de maio como ponto de reflexão aos historiadores e acadêmicos a respeito da NOB e do desenvolvimento de nosso Estado, servindo como motivação para inúmeras atividades que a cidade ainda irá realizar a respeito dessa temática, principalmente no mês de setembro quando se deu a ligação das duas frentes de trabalho da ferrovia NOB.

Em 1914, os trilhos da EF Itapura- Corumbá chegavam até Campo Grande significando progresso, pois a população estava se libertando do primitivismo dos carros de boi e carroças e lombos de burros. A instalação da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil gerou impactos positivos desde o traçado das ruas ao aspecto estratégico-político-militar com a transferência do Comando Da Circunscrição Militar de Corumbá para Campo Grande. A chegada da estrada de Ferro Noroeste do Brasil ao sul de Mato Grosso, em pleno início do século XX, além de marcar a ocupação definitiva do oeste brasileiro, tem sua relevância para a segurança nacional, a integração intercontinental, e, ainda, gera a abertura de novas perspectivas econômicas na região.

As atividades culturais relativas ao projeto comemorativo do Centenário da Chegada da Ferrovia NOB em Campo Grande acontecem no decorrer dessa sexta-feira (09 de maio), as palestras são abertas ao público e os presentes receberão declaração de participação no evento. Já estão confirmadas as presenças dos Mestrandos em Desenvolvimento Local da UCDB e dos Acadêmicos de Turismo da UEMS, Campo Grande/MS.

Para informações complementares, por favor, busque o site da FCMS ou entre em contato via telefone com a Gerência de Patrimônio Histórico e Cultural, da FCMS, 3316 9155.

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Charge do Aroeira

05/05/2014 at 12:40 (*Liberdade e Diversidade)

Charge do Aroeira no Brasil Econômico (RJ)

*Charge do Aroeira no Brasil Econômico de hoje (05/05) – a bala da vez! Um barato…

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“A carne é fraca”: confessaria Roberto Carlos

05/05/2014 at 11:36 (*Liberdade e Diversidade)

05 de Maio de 2014

Hermano de Melo* / Da Redação

Conforme a revista Pure People de terça-feira passada (29/04), por ocasião do lançamento de sua biografia oficial no Shopping Iguatemi, em São Paulo, Roberto Carlos decidiu dar fim à polêmica sobre se ele come ou não carne vermelha. Ali, ele comeu realmente o alimento de origem animal que foi servido por garçons do evento e deixou claro que havia voltado a comer carne – pelo menos a da Friboi!

Roberto Carlos lança fotobiografia e come carne

Roberto Carlos comendo carne no lançamento da fotobiografia dele

Ainda de acordo com a Pure People, o lançamento do livro de Roberto Carlos reuniu uma plêiade de famosos, dentre os quais, Luan Santana (que deve ser o próximo a comer carne bovina!), Roberta Miranda (idem!), a cantora Wanderléa e o ex-piloto de F1, Emerson Fittipaldi. Também estiveram presentes Astrid Fontenelle, Tom Cavalcante, Lívia Andrade e Marcos Frota. Curiosamente, porém, Tony Ramos – o garoto propaganda-mór da Friboi – não foi lá.

Nos últimos meses, telespectadores brasileiros foram bombardeados com propagandas de carne bovina do Frigorífico Friboi. Apesar da campanha iniciar com a figura carismática de Tony Ramos, ela atingiu o seu clímax quando o cantor Roberto Carlos entrou em cena num jantar e comeu carne bovina, embora os fãs acreditassem que ele fosse vegetariano. Fala-se à boca pequena que ele teria faturado 10 milhões de reais pela propaganda.

Tony Ramos e o Friboi

O fato é que após a propaganda da Friboi capitaneada por Tony Ramos, outras mensagens comerciais envolvendo “artistas globais” e “outros tipos de carnes” – especialmente de frango – surgiram na TV abiscoitando generosos cachês. Encaixam-se aqui as mensagens de Fátima Bernardes com o Seara (R$ 5 milhões) e a de Fernanda Torres (Mãe e Filha) com frangos da Sadia (cachês não divulgados). É o que se poderia chamar de “boom da carne na TV brasileira”!

Mas, será que a carne marca Friboi é deveras muito diferente – sob o ponto de vista higiênico-sanitário e qualidades nutricionais – de outras carnes do mesmo padrão vendidas em supermercados e açougues brasileiros? Será que esse foi o fator determinante para que o rei Roberto Carlos abandonasse o vegetarianismo de tantos anos e enveredasse pela dieta atual que inclui carne bovina?

Veja vídeo da Friboi:                          http://youtu.be/tWXl2PLbg48

É muito provável que não. O que de fato mexeu com a cabeça de Roberto Carlos e de outros que enxergaram na propaganda da carne um bom negócio, foi, é claro, os “rios de dinheiro” que lhes foram ofertados pelos patrocinadores para que dissessem meias-verdades em frente às câmeras de TV.

Outros fatores, porém, podem ter contribuído para provocar a reação negativa de telespectadores ao verem Tony Ramos, Roberto Carlos, Fátima Bernardes, Mãe e Filha Torres fazerem propaganda de carnes ditas especiais na TV. É que alguns desses artistas ainda são vistos como símbolos de resistência ao capitalismo selvagem vigente nos meios de comunicação e na sociedade brasileira, e se constituíram, ao longo do tempo, em exemplos de comportamento ético na TV!

Roberto carlos lança fotobiografia e come carne 2

A fotobiografia luxuosa do rei Roberto Carlos

Mas, de volta à reportagem da Pure People, é bom saber que a edição da fotobiografia “Roberto Carlos” será de três mil exemplares, ao custo de R$ 4,5 mil cada! Ela demorou cinco anos para ser concluída e sua impressão foi feita na Itália, com papel e acabamento luxuosos. Não resta dúvida, portanto, que, neste caso, a expressão “a carne é fraca”, se fosse dita pelo Roberto, caberia aqui como uma luva.

*Jornalista e Médico Veterinário

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5° Seminário de Juventude e Diversidade Sexual (Campo Grande,MS)

05/05/2014 at 10:43 (*Liberdade e Diversidade)

Cartaz_Digital_Sem_de_Juventude

No ano de 2011, a Lei n.º 4.031, de 26 de maio, instituiu o Dia Estadual de Combate à Homofobia, a ser comemorado, anualmente, no dia 17 de maio.

Como parte das comemorações, a SETAS, por meio, do Centro de Referência de Direitos Humanos de Prevenção e Combate à Homofobia e a Secretaria de Estado Extraordinária da Juventude, realizam no próximo dia 09 de maio, das 7h30 às 12h no Museu de Arte Contemporânea (Marco), localizado à Rua Antonio Maria Coelho, 6000, nesta capital, com o objetivo de promover a valorização de livre orientação afetivo-sexual da juventude LGBT e discutir seu atendimento pelas políticas públicas

Segundo Leonardo Bastos, discutir essa temática com jovens é essencial, para que possam ser esclarecidos, sobre direitos sexuais e reprodutivos e sentir-se tranquilos em relação a sua sexualidade, e também serem multiplicadores de qualquer forma de discriminação.

O Secretário de Estado Extraordinário de Juventude Interino, Marcos Silva, destaca: “que a SEJUV, está em sintonia com a juventude, nos cabendo então, compreender seus desejos e necessidades, agindo de forma precisa quanto à implementação de políticas públicas específicas para esse nicho, em face disso entendemos a real necessidade de efetivarmos ações permanentes em defesa das juventudes de Mato Grosso do Sul, combatendo inclusive todo tipo de violência e discriminação contra os nossos jovens.”

Ele acrescenta ainda, que “no Plano Estadual de Juventude que foi aprovado, existem propostas especificas para os jovens LGBT, e que esse Seminário é uma das formas desses jovens nos ajudar a pensar, a melhor forma de executá-las”

O Seminário integra as ações do Projeto Maio da Diversidade que consiste em mais de 50 ações promovidas pelo Governo do Estado no mês de maio para discutir as políticas da população LGBT, e estratégias de combate a discriminação sofrida por eles.

As inscrições podem ser feitas pelo e-mail lgbt@setas.ms.gov.br. E mais informações pelos telefones (67) 3324 0763 ou (67) (67) 3318 9422.

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Festa da Farinha em MS destaca os descendentes de imigrantes do NE

05/05/2014 at 10:10 (*Liberdade e Diversidade)

05/05/2014

Globo Rural / Redação

Em Anastácio, imigrantes fazem festa para lembrar suas origens. Mandioca e seus pratos são destaque no evento.

Festa da Farinha - Anastácio,MS

Festa da Farinha em Anastácio,MS

Um pedacinho do Nordeste em Mato Grosso do Sul. No município de Anastácio, imigrantes fazem festa para lembrar suas origens e a mandioca é o item principal.

O produto que dá nome à festa é torrado na hora, quem quer levar tem de todos os tipos, ao gosto do cliente. “Temos a farinha comum, temos a farinha temperada, temos mais grossa, mais fina. O freguês faz o pedido e a gente entrega”, diz Ivone dos Santos, dona de casa.

Festa da Farinha 3

Prato típico nordestino, a tapioca é feita da forma mais tradicional. “Tapioca é no tacho porque é mais gostosa do que fazer na frigideira ou em casa”, conta Lindalva do Espírito Santo, dona de casa.

São mais de 50 opções de comidas típicas, dos bolos às coxinhas de massa de mandioca.

Genival Galdino é repentista e gostou tanto da buchada de bode, que até fez um verso. Anastácio, há cerca de 130 quilômetros de Campo Grande, é considerada a cidade mais nordestina de Mato Grosso do Sul.

Festa da farinha 2 - literatura de cordel

A Festa da Farinha existe há nove anos e foi criada pelos descendentes dos nordestinos que chegaram à Anastácio há quase um século. A ideia é manter viva a tradição dos antepassados de cultivar a mandioca. Em um espaço reservado, os visitantes conhecem um pouquinho desta história.

No museu, máquinas antigas usadas até hoje nos assentamentos da cidade estão em exposição.

Um saco gigante de farinha, com mais de 4 toneladas do produto, chama a atenção de quem vai para a festa. É possível conhecer também a rica cultura nordestina com um pouquinho da literatura de cordel.

Veja também o vídeo abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=30D_WCEg5t8&feature=share&list=PLv_F6W5DsSRSKuMm7axlFTSJd7wvNxSkX

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