Leitura da noite: A vitória de Snowden e o fracasso de Obama

31/01/2014 at 20:56 (*Liberdade e Diversidade)

Publicado em 31 de janeiro de 2014

Por Caue Seigne Ameni

Snowden x Obama

Ilustração de Jason Stou

Ex-agente que denunciou NSA indicado para Nobel da Paz. Em Washington, presidente debate-se para preservar espionagem e salvar aparências

Aos poucos vão surgindo as evidências de que a história trabalha mais a favor do ex-agente Edward Snowden, do que do presidente americano Barack Obama. Na quarta-feira (29/01), o ex-agente que revelou a maior plataforma de vigilância da história, foi indicado para concorrer o Prêmio Nobel da Paz. Oscar Wilde, escritor inglês do século XIX, sintetizou uma vez a importância histórica de fatos como este: “a desobediência, é aos olhos de qualquer estudioso da História, a virtude original do homem. É através da desobediência que se faz o progresso, através da desobediência e da rebelião”.

No outro lado da corda, Obama admitiu pela primeira vez em público (17/01), a necessidade de mudanças no trabalho da Agência de Segurança Nacional americana (NSA). Depois de sete meses de revelações cada vez mais desconfortáveis e crescente clamor público, ponderou: “nossa liberdade não pode depender das boas intenções de quem está no poder, e sim da lei que restringe esse poder”. Num longo discurso, apoiou alguns pontos do grupo de especialistas criado pela Casa Branca para reformular o sistema de vigilância do governo. Mas ignorou as sugestões mais importantes, mantendo-se em apenas dois pontos superficiais: 1) restringir progressivamente o programa de armazenamento maciço de dados telefônicos nos EUA, tal como existe hoje e; 2) limitar a espionagem sobre líderes aliados – inimigos continuam sendo alvo –, que provocou uma tempestade diplomática com países amigos.

Para os vastos setores da opinião pública que pedem o fim da perseguição a Snowden, o governo americano passou longe do esperado. Em seu editorial, o próprio New York Times classificou o discurso de Obama como “eloquente sobre a necessidade de equilibrar a segurança da nação com privacidade pessoal e liberdades civis”, mas “frustrante em detalhas e vago na implementação”. O jornalista Lorenzo Franceschi-Bicchierai, especialista nos assuntos sobre ciber-política na revista digital Mashable Nova York, listou algumas mudanças importantes que foram completamente ignoradas.

1. Todos os outros programas de coleta em massa de dados contiuam

Obama apoia a proposta do grupo de especialistas que criou, para retirar da NSA o banco de dados sobre as chamadas telefônicas. No entanto, o governo não pronunciou uma palavra sobre como restringirá a coleta em massa de metadados da Internet. “Esse tipo de programa pode ser utilizado para obter mais informações sobre nossas vidas privadas e abre as portas a outros programas mais intrusivos”, diz o NYT.

2. O Defensor Público, no Tribunal FISA

O grupo interno recomendou a criação de um “Advogado Defensor do Interesse Público”, para lutar pela privacidade e liberdades civis perante os juízes do “Tribunal FISA” – que podem impedir a coleta de dados privados sobre cidadãos… Advogados e juristas apoiaram a ideia, uma vez o “Tribunal FISA” não respeita direitos civis básicos. Apenas os defensores do governo podem prestar depoimento; as sessões e os vereditos são secretos. Obama porém, não confirmou a aceitação da proposta. Apenas disse, vagamente, que um grupo de especialistas participará das sessões secretas do tribunal. E que serão ouvidos só em “casos significativos…”

3. Revisão Judicial das Cartas da Segurança Nacional

O FBI vem usando as chamadas Cartas de Segurança Nacional há anos, para exigir que bancos, empresas de internet e de telefonia entreguem dados de seus clientes e usuários. Funcionam como uma espécie de “salvoconduto” administrativo, liberando o FBI para requerer dados dos usuários diretamente às empresas, sem necessidade de pedir uma autorização judicial. O grupo interno de Obama, sugeriu que mudasse esse procedimento, reformando a lei, para tornar indispensável à aprovação de um juiz em todos os casos. Porém, a Casa Branca apoiou apenas mais “transparência” e não disse uma palavra sobre a necessidade de supervisão judicial.

4. Espionagem nas bases de dados de empresas comerciais norte-americanas em todo o mundo

Documentos vazados em outubro por Snowden, revelaram que a NSA recolhia vasta quantidade de dados de usuários na internet, sem que as empresas como Google e Yahoo soubessem. A agência obteve acesso aos servidores onde os dados eram armazenados. Obama não disse nada a respeito e o porta-voz da Casa Branca, contatado pelo site Mashable, não quis comentar o assunto.

5. O trabalho da NSA para derrubar os padrões de segurança e encriptação

Em setembro, o New York Times revelou o enorme esforço da NSA para derrubar os padrões de segurança e encriptação, de modo que os agentes tivessem acesso à comunicação que usuários acreditavam estar protegidas.

A NSA e até o FBI foram acusados de invadir sistemas criptografados, depois de terem solicitado que empresas de software incluíssem “portas do fundos” nos programas vendidos a consumidores, uma espécie de entrada secreta, por meio das quais espionavam os usuários da nova versão do Windows, por exemplo.

O grupo para reformular a NSA, apoiou a criação de tecnologia mais forte de encriptação, argumentando que o governo não pode “de modo algum subverter, minar, enfraquecer ou trabalhar para tornar vulneráveis, softwares oferecidos à venda a consumidores como se fossem seguros.” Obama nada disse sobre o caso.

Graves denúncias, nenhuma reposta

Obama também calou-se em relação às denuncias feitas ao longo dos últimos meses por grandes publicações internacionais, que se assustaram com a capacidade cada vez mais invasora da NSA. Numa das mais recentes, o New York Times revelou, em janeiro de 2014, o programa de implantação de vírus em cerca de 100.000 computadores mundo afora, para devassar dados e lançar ataques até mesmo a computadores sem acesso à internet.

Usada desde 2008 para invadir computadores, a tecnologia via rádio permite contorna uma das principais dificuldades enfrentada pela agências durante anos: penetrar em máquinas que os adversários tornaram impermeável à espionagem ou ciberataque. O dispositivo é inserido fisicamente pelo fabricante do equipamento ou por um espião, transmitindo dados do computador visado comunicar através de radiofrequência.

O principal programa que usa este método radical de espionagem tem codinome Quantum. E entre seus alvos, estão o exército chinês; o sistema militar russo; a rede utilizada pelos cartéis mexicanos; instituições comerciais dentro da União Europeia, e terroristas inimigos da Arábia Saudita, Índia e Paquistão.

Ao expor tudo isso, Snowden girou a roda história. Revelou, lembra o New York Times, a ignorância e falta de controle do presidente americano, que não tinha conhecimento das operações obscuras perpetradas pela agência de segurança de seu próprio governo. Infelizmente, ao invés de parabenizá-lo, Obama preferiu desaprovar seus métodos. “A defesa da nossa nação”, disse, “depende em parte da fidelidade daqueles a quem os segredos são confiados”. A diferença é que, ao contrário do presidente, o ex-agente é mais fiel aos cidadãos do que as agências militares.

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O Cozinheiro e o Jornalista

31/01/2014 at 18:18 (*Liberdade e Diversidade)

26/06/2009*

Hermano de Melo**

Diploma de Jornalista

 Conforme amplamente divulgado pela imprensa local e nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF), em 17/06/09, extinguiu por oito votos a um a exigência do diploma universitário para o exercício da profissão de jornalista.

Ao justificar o seu parecer, o relator da matéria ministro Gilmar Mendes chegou mesmo a comparar a profissão de jornalista com a de cozinheiro: “Um excelente chefe de cozinha poderá ser formado numa faculdade de culinária, o que não legitima estarmos a exigir que toda e qualquer refeição seja feita por profissional registrado mediante diploma de curso superior nessa área. O Poder Público não pode restringir, dessa forma, a liberdade profissional no âmbito da culinária. Disso ninguém tem dúvida, o que não afasta a possibilidade do exercício abusivo e antiético dessa profissão, com riscos eventualmente até à saúde e à vida dos consumidores”.

De certa forma, o ministro tem razão.

Mas como disse o jornalista Nelson Sodré no Observatório da Imprensa de 07/11/2001: “Um dos melhores dentistas que conheci em toda a minha vida era também um bom advogado e um razoável trovador. Em paralelo a tudo isso, era editor bissexto de jornais. Na escola, não ultrapassou o curso primário – jamais teve qualquer diploma. Manteve-se, porém, sempre nos limites da legalidade: até meados dos anos 50 no interior da Bahia, era perfeitamente admissível o exercício da profissão de dentista prático (tanto clínico como protético), assim como provisionado ou “rábula”. O profissional em questão era tão bom clínico que lhe acontecia ser convocado por recém-formados e ainda inexperientes para ajudar em extrações de molares muito difíceis. Eu o conhecia muito bem, era o meu pai”. Quem dos atuais sessentões não teria uma história semelhante a essa pra contar, quer seja no campo da medicina, da advocacia, da enfermagem, da veterinária?

O que acontece, caro ministro Gilmar Mendes, é que os tempos mudaram, as profissões se tornaram mais complexas e os saberes atuais não conseguem ser apreendidos por quem não esteja preparado convenientemente. Daí a necessidade do diploma para os profissionais de química, física, letras, ciências sociais, educação física, etc., e, naturalmente, de jornalismo! É também para evitar que a picaretagem tome conta do mundo que se faz a exigência do diploma. É claro que não é só o diploma – no frigir dos ovos, apenas um pedaço de papel – que vai coibir isso, mas é pelo que ele significa em termos de conhecimento, de bagagem cultural, do saber fazer as coisas da melhor forma possível. Ao dizer que, “quando uma notícia não é verídica ela não será evitada pela exigência de que os jornalistas freqüentem um curso de formação”, o senhor está correto. Mas a pergunta é: em que outro campo de conhecimento isso não ocorre?

Logo em seguida, porém, ministro, o senhor dá outro “escorregão”: (Ser jornalista…) “É diferente de um motorista que coloca em risco a coletividade. A profissão de jornalista não oferece perigo de dano à coletividade tais como medicina, engenharia, advocacia nesse sentido, por não implicar tais riscos não poderia exigir um diploma para exercer a profissão. Não há razão para se acreditar que a exigência do diploma seja a forma mais adequada para evitar o exercício abusivo da profissão”. O equívoco reside no fato de que uma notícia insidiosa na imprensa pode liquidar com a vida de uma pessoa, de uma família, de uma comunidade inteira! Não foi assim no caso de Ibsen Pinheiro, da Escola de Base, e tantos outros episódios? Na verdade, a profissão de jornalista talvez seja uma das mais “perigosas” do mundo cibernético atual, mais que a engenharia, medicina, advocacia e tantas outras! Daí justamente a necessidade que os seus profissionais sejam adequadamente diplomados e fiscalizados pelo conselho profissional!

Por fim, senhor Ministro, vem a questão da teoria x prática. Que o jornalismo é essencialmente prático, não há dúvida alguma. Existem regras a serem cumpridas ao lidar com a notícia e o jornalista aprende isso na prática. Daí porque existe ainda hoje um grande número de jornalistas-práticos, ou precários no Brasil, isto é, daqueles que exercem a profissão, mas não possuem o diploma que os autorize para tal mister, da mesma forma que os práticos antigos o faziam nos campos da odontologia, veterinária, advocacia, etc. É claro que com os avanços do saber atual, esses práticos tendem a desaparecer porque o conhecimento assim o exige! Mas a decisão do Supremo penaliza principalmente os que entram na universidade para estudar jornalismo, onde além de práticas importantes, aprendem uma gama imensa de conhecimentos teóricos nas áreas de filosofia, antropologia, sociologia, ética, e tantas outras, fundamentais para o exercício profissional. Ao não diferenciar estes dos demais jornalistas-práticos, o Supremo deu, sem dúvida, um passo atrás. Como justificar, por exemplo, o estudo de ética num curso prático de jornalismo de duas semanas?

Se como afirma o ministro Gilmar Mendes em seu parecer que o Decreto-Lei 972/69 estabelece que o diploma necessário para o exercício da profissão de jornalista não atende aos critérios da Constituição de 1988 para a regulamentação de profissões e se origina do período da ditadura militar, ele teria que ser abolido. Mas o Supremo deveria ter engatilhado outro decreto para substituir o atual e que ele reconhecesse a importância da exigência do diploma para o exercício profissional do jornalismo. Essa história de que o diploma de jornalista é uma ameaça à liberdade de expressão é pura balela. O fato é que, da forma como ficou, a decisão do Supremo, além de ir na contramão da história, fere os brios de cozinheiros, motoristas e profissionais da notícia, além de ter que se explicar com o pessoal das escolas de gastronomia de todo Brasil!

*Artigo publicado em 29 de junho de 2009 no jornal Correio do Estado de Campo Grande, MS.

**Escritor, então acadêmico de jornalismo e hoje Jornalista.

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Tem um fusquinha no meio do caminho

31/01/2014 at 14:49 (*Liberdade e Diversidade)

30/01/2014

Saul Leblon / Contexto Livre

O fusca de um serralheiro incendiado por manifestantes anti-Copa simboliza o equívoco dos que oferecem destinos redentores à sociedade sem combinar com ela.

 Fusquinha no meio do caminho - Contexto livre

Acontecimentos fortuitos muitas vezes sintetizam uma época melhor que as ações deliberadas de seus personagens. Quando Maria Antonieta — afirma-se — num rasgo de espontaneidade aconselhou a plebe rude a optar por  brioches à falta do pão, revelou-se por inteiro o abismo  entre a rua que acabara de derrubar a Bastilha  e a monarquia agonizante de Luiz XVI. O general João Figueiredo, ditador entre 1979 e 1985, sintetizou  o apreço do regime pela gente brasileira esponjando-se na língua das estrebarias: ‘Prefiro o cheiro de cavalo ao de povo’. Na largada da campanha tucana em 2010, Eliane Cantanhêde, colunista da Folha, definiu-se  melhor que seus críticos ao explicar:  “O PSDB é um partido de massa, mas uma massa cheirosa”.

O Fusquinha 75 incendiado na avenida  da Consolação, em SP, no  sábado (25/01), revelou  uma incomoda dimensão dos protestos contra a Copa de 2014. Black blocs que interrompiam a via atribuem o acidente  ao piloto, que teria avançado sobre um bloqueio de fogo com crianças a bordo. Itamar Santos, serralheiro pobre de 55 anos, rejeita o papel de vilão.

Um colchão em chamas, disse ao blog da Cidadania, foi atirado sobre o seu carro quando avançava para escapar de protestos, teoricamente, em defesa  de brasileiro pobres como ele. O  Fusquinha no meio do caminho é a pedra no sapato dos que oferecem destinos redentores à sociedade sem combinar com ela — nem dizer como se chega lá.

Contrapor objetivos distintos aos do governo, qualquer governo, é legítimo. Sem adicionar aos enunciados as linhas de passagem capaz de  materializá-los, porém, rebaixa-se  a política ao plano do bate-boca inconsequente. Dispersa em vez de organizar.

A oposição conservadora  também é useira e vezeira na atividade exclamativa. Desprovidos de compromissos com a sorte da nação e de sua gente, seus economistas, egressos em geral do vale tudo financeiro, colecionam receitas de como tocar fogo no país, indiferentes aos ocupantes dos Fusquinhas no meio do caminho.

A instabilidade cambial que ronda as nações em desenvolvimento nesse momento, antes de preocupá-los é vista como um bom aditivo para queimar caravelas. Move-os a esférica certeza de que o legado recente é incompatível com o  futuro recomendado ao país. A saber: aquele nascido de uma purga ortodoxa, capaz de limpar o tecido econômico de qualquer vestígio de soberania, interesse público e justiça social. O problema dessa lógica é o bendito Fusquinha atrapalhando o tráfego das boas causas.

Fortemente ancorada na ampliação do mercado de massa, a economia brasileira avançou nos últimos anos apoiada em ingredientes daquilo que a emissão conservadora denomina ‘Custo país’. Em tempos de interdições inflamáveis, nunca é demais recordar.

O salário mínimo teve uma elevação do poder de compra da ordem de 70% desde 2003, acima da inflação; 16 milhões de vagas foram abertas  no mercado de trabalho, regidas pela regulação trabalhistas da era Vargas; políticas sociais destinadas a mitigar a fome e a miséria atingem mais de 55 milhões de pessoas atualmente.

No Fórum Social Temático, em Porto Alegre, a ministra Tereza Campello deu um exemplo do que está subjacente a estatísticas para as quais o vocabulário conservador reserva apenas uma palavra: assistencialismo. Pela primeira vez na história do país,  disse Campello, uma geração de crianças pobres, que  agora completa 12 anos, nasceu e cresceu livre da fome.

O blackboquismo nas suas variadas versões dá de ombros. O mesmo trejeito merece o cinturão de segurança de US$ 375 bilhões em reservas internacionais acumuladas  no período de fastígio das commodities — ‘ciclo desperdiçado pelo governo do PT’, assevera-se. Não fosse ele, o Brasil seria presa fácil da volatilidade internacional desse momento, com consequências sabidas e equivalentes às da tripla quebra no ciclo tucano.

Mas a blindagem figura como um retrocesso do ponto de vista de quem acredita  que as conquistas dos últimos 12 anos devem ser corroídas para reduzir  o custo do investimento privado e aliviar o ‘gastança’ fiscal. Aí sim, sobre os escombros, brotaria uma nova matriz de crescimento ‘mais leve, ágil e competitiva’, temperada por um corte geral de tarifas de importações.

O diabo, de novo, é o Fusquinha  na contramão do schumpeterismo  blanquista. Dentro dele, 40 milhões de brasileiros saídos da pobreza extrema e outros tantos que ascenderam na pirâmide social formam a vértebra decisiva de um dos mais cobiçados mercados de massa do planeta. Os jovens da chamada classe C, por exemplo, tornaram-se majoritários no mercado de consumo. Em 2013 eles realizaram compras no valor de quase R$ 130 bi — R$ 50 bi acima do valor consumido pela juventude dos segmentos A e B (Data Popular). Juntas, as faixas de renda C, D e E reúnem 155 milhões de pessoas, o que faz da demanda popular brasileira, sozinha, o 16º mercado consumidor do planeta.

É esse o recheio do Fusquinha que avança na contramão da dupla barreira, a incendiária  e a purgativa, que sacode o debate do passo seguinte do país. Reconheça-se, o tráfego social e econômico brasileiro tornou-se bem menos linear sob a pressão do fluxo de demandas, prazos e requisitos para o seu atendimento. Cada urgência tem um  custo e quase nunca ele é neutro em relação à outra. Nenhuma novidade.

Desequilíbrio e desenvolvimento são irmãos siameses — exceto quando se entende por desenvolvimento a mera concentração da riqueza nas mãos dos endinheirados. O Brasil talvez tenha avançado demais para regredir a essa modalidade de paz do salazarismo social. As multidões que invadiram a economia dentro do Fusquinha não aceitam dar meia volta na estrada da ascensão experimentada nos últimos anos. Uma nova macroeconomia do desenvolvimento terá que ser construída em negociação permanente com elas. Ou contra elas  — correndo-se o risco de ser atropelado por elas.

A contingência não incomoda apenas o blackbloquismo nas suas variantes sabidas. Significa também que a vitória progressista em 2014 somente será consistente se ancorada na decisão política de promover a mutação do  Brasil que se tornou majoritário na pista do consumo, em um Brasil hegemônico na repactuação de projeto de nação para o século 21.

Carta Maior, propositadamente, insiste em repetir: para isso é preciso — ao contrário do que fazem os shoppings aos sábados — alargar as portas da  democracia e criar os  instrumentos que forem necessários para sustentá-la. Não adianta interditar o tráfego. Nem tacar fogo no Fusquinha das demandas populares.
A ver

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Schumacher dá sinais de vida

31/01/2014 at 13:57 (*Liberdade e Diversidade)

Jornal: Schumacher responde a instruções e se comunica com os olhos

31 de Janeiro de 2014

Terra

Schumacher passa por processo para sair aos poucos do coma induzido Foto: Getty Images

Schumacher - foto

De acordo com o jornal francês L’Équipe, o ex-piloto Michael Schumacher respondeu a instruções e se comunicou piscando os olhos após os médicos terem iniciado o processo para tirá-lo do coma induzido, condição em que está desde que sofreu um grave acidente de esqui em 29 de dezembro do ano passado.

O alemão vem “respondendo positivamente” a exames neurológicos desde segunda-feira, e piscou os olhos durante um dos primeiros testes, segundo as informações da publicação francesa.

O staff de Schumacher confirmou na última quinta-feira que os sedativos estavam sendo diminuídos gradativamente para que o heptacampeão de Fórmula 1 fosse retirado aos poucos do coma. Ainda não é possível determinar o grau das sequelas que o ex-piloto de 45 anos terá caso se recupere.

Schumacher sofreu lesões graves na cabeça ao escorregar sobre uma pedra oculta na neve, enquanto esquiava nos alpes franceses no fim do ano passado, e bater o lado direito da cabeça em uma rocha. Desde então, ele está internado em coma no hospital da Universidade de Grenoble e passou por duas cirurgias para retirar coágulos do cérebro e diminuir a pressão intracraniana.

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Polícia Federal prende cinco índios tenharim em Humaitá

31/01/2014 at 11:50 (*Liberdade e Diversidade)

31/01/2014

 Por José Maria Tomazela, estadao.com.br

Índios Tenharim 2

 Os agentes encontraram pistas que apontam para a autoria do sequestro e assassinato de três homens brancos, desaparecidos desde o início de dezembro

Sorocaba – A Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira, 30, cinco índios da etnia tenharim suspeitos de terem sequestrado e matado três homens brancos, desaparecidos desde o dia 16 de dezembro na rodovia Transamazônica, em Humaitá, no sul do Amazonas. Entre os presos estão dois filhos do cacique Ivan Tenharim, morto após acidente de moto no dia 3 de dezembro.

A operação para prender os índios mobilizou 400 homens e levou à interdição da Transamazônica entre Humaitá e Apuí, onde fica a Terra Indígena Tenharim Marmelo.

Os detidos foram levados para a superintendência da PF em Porto Velho (RO). A suspeita da polícia é que os três desaparecidos – o professor Stef Pinheiro, o representante comercial Luciano Freire e o técnico Aldeney Salvador – foram mortos em retaliação à morte do cacique.

De acordo com o delegado Alexandre Alves, peças de um carro encontradas na reserva e depoimentos de várias testemunhas indicam que os homens foram sequestrados e assassinados pelos índios.

O desaparecimento dos três homens desencadeou uma onda de violência na região. No dia 25 de dezembro, três mil manifestantes incendiaram a Casa do Índio, a sede da Funai, um barco e vários veículos em Humaitá.

No dia seguinte, a reserva foi invadida e os pedágios instalados pelos índios na Transamazônica foram incendiados. A prisão dos índios deixou o clima tenso na região e o efetivo da força-tarefa foi aumentado.

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Charge do Jarbas: Reforma ministerial

31/01/2014 at 11:26 (*Liberdade e Diversidade)

Charge do Jarbas para o Diário de Pernambuco

*Charge do Jarbas para o Diário de Pernambuco. Chargeonline.com.br  Supra!

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O Brasil, EUA e o “Hemisfério Ocidental”

31/01/2014 at 11:09 (*Liberdade e Diversidade)

30/01/2014          

Por José Luís Fiori  / Outras Palavras

Washington deve sufocar militarmente ações comuns da América do Sul, propôs teórico geopolítico norte-americano mais influente dos no século XX. Em que medida proposição prevalece?

EUA - hemisfério

 As terras situadas ao sul do Rio Grande constituem um mundo diferente do Canadá e dos Estados Unidos. E é uma coisa desafortunada que as partes de fala inglesa e latina do continente tenham que ser chamadas igualmente de América, evocando similitudes entre as duas que de fato não existem (N. Spykman, “America´s Strategy in World Politics”)

Tudo indica que os Estados Unidos serão o principal contraponto da política externa brasileira, dentro do Hemisfério Ocidental, durante o século XXI. E quase ninguém tem dúvida, também, de que os EUA seguirão sendo, por muito tempo, a principal potência militar, e uma das principais economias do mundo. Por isto é fundamental compreender as configurações geopolíticas da região, e a estratégia que orienta a política hemisférica norte-americana, deste início de século.

Ao norte do continente, o poder americano foi, é, e seguirá sendo incontrastável, garantindo-lhe fronteiras continentais absolutamente seguras. Além disto, a assimetria de poder dentro da América do Norte é de tal ordem que o Canadá e o México tendem a convergir cada vez mais, atraídos pela força gravitacional do poder econômico e militar dos EUA. O que não significa, entretanto, que o Canadá e o México ocupem a mesma posição junto aos EUA e dentro do tabuleiro geopolítico e econômico regional, apesar dos três países participarem do “Tratado Norte-Americano de Livre Comercio” (NAFTA), desde 1993.

O Canadá ocupa uma posição única, como ex-colônia e ex-domínio britânico, que depois da sua independência, e da II Guerra Mundial, transferiu-se para a órbita de influencia direta dos EUA, transformando-se em sócio comercial, aliado estratégico e membro do sistema de defesa e informação militar dos povos de “língua inglesa”, comandado pelos EUA, e composto pela Inglaterra, Austrália e a Nova Zelândia.

Neste contexto, o México ocupa apenas a posição de enclave militar dos EUA, uma espécie de “primo pobre”, de “fala latina”, ao lado das potências anglo-saxônicas. Mais do que isto, o México é hoje um país dividido e conflagrado por uma verdadeira guerra civil que escapa cada vez mais ao controle do seu governo central, mesmo depois do acordo de colaboração militar assinado com os EUA, em 2010. E mesmo com relação ao NAFTA, a economia mexicana beneficiou-se em alguns poucos setores dominados pelo capital americano, como automobilístico e eletrônico, mas ao mesmo tempo, nestes últimos vinte anos, o México foi o único dos grandes países latino-americanos em que a pobreza cresceu, atingindo agora 51,3% da sua população. Hoje a economia mexicana é inseparável da norte-americana, e a política externa do país tem escassíssimos graus de liberdade, atuando quase sempre como ponta de lança da política econômica internacional dos EUA, como no caso explícito da “Aliança do Pacífico”.

Do ponto de vista estritamente geográfico, a América do Norte inclui o istmo centro-americano, que Nicholas Spykman coloca ao lado dos países caribenhos, e da Colômbia e Venezuela, dentro de uma mesma zona de influência americana, “onde a supremacia dos EUA não pode ser questionada. Para todos os efeitos trata-se um mar fechado, cujas chaves pertencem aos EUA — o que significa que ficarão sempre numa posição de absoluta dependência dos EUA” (N.S, p: 60). O que explica as 15 bases militares dos EUA existentes na América Central e no Caribe. Foi uma região central na 2º Guerra Fria de Ronald Reagan, e será muito difícil que se altere a posição americana nas próximas décadas, muito além das “dissidências” cubana e venezuelana.

Por último, a política externa americana diferencia claramente os países situados ao sul da Colômbia e da Venezuela, onde seu principal objetivo estratégico foi sempre impedir que surgisse um polo alternativo de poder no Cone Sul do continente, capaz de questionar a sua hegemonia hemisférica. Com relação a estes países, os EUA sempre utilizaram a mesma linguagem, com duas tônicas complementares: a dos acordos militares bilaterais, e a das zonas de livre comércio.

Os acordos militares começaram a ser assinados no fim do século XIX, e a primeira proposta de uma zona pan-americana de livre-comércio foi apresentada pelo presidente Grover Cleveland, em 1887, um século antes da ALCA — proposta em 1994 e rejeitada em 2005, pelos principais países sul-americanos. Não existe uma relação mecânica entre os fatos, mas chama atenção que pouco depois desta rejeição os EUA tenham reativado sua IV Frota Naval, com objetivo de proteger seus interesses no Atlântico Sul.

A este propósito cabe lembrar o diagnóstico e a proposta de Nicholas Spykman (1893-1943), o teórico geopolítico que exerceu maior influência sobre a política externa dos EUA, no século XX: “fora da nossa zona imediata de supremacia norte-americana, os grandes estados da América do Sul (Argentina, Brasil e Chile) podem tentar contrabalançar nosso poder através de uma ação comum […] e uma ameaça à hegemonia americana nesta região do hemisfério (a região do ABC) terá que ser respondida através da guerra”(N.S p: 62 e 64). Estes são os termos da equação, e a posição norte-americana foi sempre muito clara. O mesmo não se pode dizer da política externa brasileira.

 José Luís Fiori*José Luís Fiori é professor titular de Economia Política Internacional da UFRJ, é Coordenador do Grupo de Pesquisa do CNPQ/UFRJ, “O poder Global e a Geopolítica do Capitalismo”,www.poderglobal.net. O último livro publicado pelo autor, O Poder Global, editora Boitempo, pode ser encontrado em nossa loja virtual. O acervo de seus textos publicados no Outras Palavras,  podem ser lidos aqui.

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A caminho da Copa (Vídeo – versão completa)

31/01/2014 at 10:27 (*Liberdade e Diversidade)

31/01/2014

Instituto Pólis/Brasil

*Veja abaixo vídeo sobre a próxima Copa do Mundo 2014 no Brasil:

http://youtu.be/nFcA2PKIcfQ

*Muito importante. Não deixe de ver!

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“Ninfomaníaca” estreia em cinema de Campo Grande,MS

31/01/2014 at 09:45 (*Liberdade e Diversidade)

Ninfomaníaca

*O filme dirigido por Lars von Trier está sendo aguardado com certo ‘frisson’ – vamos ver… Matéria de Thiago Andrade publicada hoje (31/01/2014) no jornal Correio do Estado.

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Negociação de área indígena avança no Mato Grosso do Sul

31/01/2014 at 09:20 (*Liberdade e Diversidade) (, , , , , , )

Terras indígenas - fazendeiros baixam....

*Ver reportagem completa no jornal “Correio do Estado” de hoje (31/01/2014).

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