O que você tem a dizer sobre o protesto do diploma? NADA?

30/09/2009 at 12:48 (Especiais)

Raphaela Potter, acadêmica do 2º ano de Jornalismo da UFMS, mostra porque, na classificação de JORGE (2008) :), é o tipo de repórter “entrão”. E, de quebra, faz a provocação ao Gilmar Mendes que ninguém mais teve coragem de fazer! E mostrou para todo mundo por que um curso superior faz sim a diferença na formação do Jornalista.

Link permanente 14 Comentários

Dilma e o governador

24/09/2009 at 11:15 (Hermano de Melo)

Hermano de Melo*

governador

Fonte: Portal Agora/MS de 16/09/2009

Depois de esperar alguns dias (falaram até em chá-de-cadeira!), o governador do Estado, André Puccinelli (PMDB), foi finalmente recebido em audiência pela ministra-chefe da Casa Civil da presidência da República, Dilma Roussef (PT), no último dia 15 de setembro, em Brasília-DF. Conforme a imprensa local, no encontro, o governador apresentou à ministra o anteprojeto de Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) elaborado pelo governo estadual, que define as áreas de plantio da cana-de-açúcar e cria a Zona de Proteção da Planície Pantaneira (ZPPP). Segundo consta, outros temas foram discutidos, tais como, a recomposição das perdas com ICMS do gás boliviano, a construção de uma fábrica de fertilizantes no Mato Grosso do Sul, suspensão das portarias da FUNAI que determinam estudos antropológicos no MS, e a assinatura de convênios para Educação e Sanidade Animal e Vegetal. É provável até que o encontro tenha sido mais uma vã tentativa de recompor o utópico palanque único PT/ PMDB no MS.

O anteprojeto de ZEE que o governador expôs à ministra Dilma prevê uma área de dois milhões de hectares – parte dos territórios dos municípios de Rio Negro, Corguinho, Rochedo, Anastácio, Miranda e Aquidauana – onde será proibida a construção de novas usinas de álcool, mas permite o plantio da cana-de-açúcar em Pedro Gomes, parte do território de Coxim, Rio Verde de Mato Grosso, São Gabriel do Oeste, Alcinópolis, Rio Negro e Figueirão. Na ocasião, o governador André Puccinelli afirmou que “o Governo de Mato Grosso do Sul, fez o mapeamento das áreas desde 2007, com discussão com toda a sociedade (sic), participação da Embrapa, WWF e o Ministério do Meio Ambiente (sic). E para todos eles podemos plantar cana em parte da Bacia do Alto Paraguai”. E acrescentou: “O texto do ZEE se baseia em estudo científico e tecnológico e por isso deve ser respeitado pelo Governo federal”. E pergunta: “Cadê o pacto federativo? Se não for respeitado pelo Governo Federal está sendo implodido”, referindo-se à proibição da plantação da cana-de-açúcar na planície pantaneira, posição defendida pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc (ZaeCana).(Correio do Estado, 16/09/2009).

Ainda no encontro com a ministra Dilma, o governador Puccinelli enfatizou que “o nosso ZEE de nada valerá se for enviado ao Congresso o PL (Projeto de Lei) do ZaeCana (Zoneamento Agroecológico Nacional da Cana-de-açúcar) com a redação atual”. E destacou: “A opção mais correta é a da exigência de processos produtivos com certificação socioambiental para enfrentar barreiras não tarifárias e atender mercados internacionais mais exigentes”. E, mais recentemente, (Correio do Estado, 17/09), o governador declarou: “Vamos perder a soberania e sacrificar Mato Grosso do Sul. Não vou deixar entrar usina na bacia hidrográfica, mas a cana sim, por que ela recupera o solo, as voçorocas. De que valeu a participação dos técnicos que dizem que pode plantar cana? Aí por conta do selo verde exigido por organismos internacionais vamos perder a soberania”.

foto cana

É evidente que na sua visão desenvolvimentista e conservadora, o governador André Puccinelli acredita que plantar cana é menos prejudicial ao meio ambiente pantaneiro que construir usinas de açúcar e álcool no alto Paraguai. Será? Em primeiro lugar, é preciso entender que é justamente o plantio da cana que causa os maiores problemas ambientais e de saúde humana, especialmente durante a sua queima, transporte e processamento – é o que acontece nesta época do ano em extensas áreas do Estado de São Paulo e de Mato Grosso do Sul. E é claro também que o plantio de cana no alto Paraguai vai repercutir negativamente em toda planície pantaneira, tanto no que se refere à poluição do ar, das águas, quanto no seu impacto sobre as populações humanas e animais da região. Em segundo lugar, essa história de dizer que a cana-de-açúcar recupera o solo e as voçorocas, pode ser até que seja verdadeira, mas a pergunta é: a que preço? Por último,embora existam inúmeros argumentos contrários à plantação de cana no alto Paraguai, falar em soberania de Mato Grosso do Sul, quando se refere ao Pantanal é uma postura no mínimo equivocada, pois esse imenso santuário ecológico – considerado desde o ano 2000 como patrimônio cultural da humanidade pela UNESCO, além de reserva da biosfera – apesar de inserido geograficamente no Estado do MS, pertence de fato a toda nação brasileira e, quiçá, ao mundo civilizado, tendo em vista o processo de globalização e a interdependência entre as nações.

Antes, porém, de tomar o chá de cadeira da ministra Dilma Roussef e levar essa proposta indecorosa de plantio da cana-de-açúcar no alto Paraguai, o governador deveria ter ido ao auditório da Câmara Municipal de Campo Grande, em 14/09 último, para assistir à palestra do jornalista Washington Novaes “A idade dos limites: por uma nova cultura na relação com a natureza”, do projeto ‘Diálogos Contemporâneos’. Lá ele saberia que o desenvolvimento econômico a qualquer preço não é sinônimo de bem-estar social. E que mais cedo ou mais tarde as futuras gerações cobrarão da geração atual – especialmente de seus governantes e políticos – não apenas as toneladas de açúcar e álcool produzidas em áreas que deveriam ser preservadas, mas sim o que não fizeram para preservar essa importante reserva ecológica chamada pantanal sul-mato-grossense. E dirão: “Vocês sabiam e nada fizeram”. (Jacques Chirac, ex-presidente da França,Johanesburgo, 2002).

* Professor, escritor e acadêmico de jornalismo

Artigo publicado em 23 de setembro no jornal Correio do Estado

Link permanente 4 Comentários

Tomates,touros e bebês

05/09/2009 at 10:37 (Hermano de Melo)

*Hermano de Melo

hermano

Três eventos tradicionais de cunho turístico-cultural-religioso veiculados recentemente pela mídia – dois deles na Espanha e um na Índia – causaram forte impacto no imaginário das pessoas que os assistiram, embora sejam exibidos anualmente. O primeiro deles aconteceu nas ruas da cidade de Buñol, Valencia, Espanha, onde cerca de 40 mil pessoas travaram verdadeira batalha campal com tomates durante três dias seguidos na chamada “Tomatina”. O segundo se deu nas ruas do centro histórico de Pamplona, país Basco, norte da Espanha, durante as festividades de São Firmino (San Fermin), quando pessoas comuns e corredores oficiais (“Os Divinos”) arriscam a vida correndo à frente de meia dúzia de chifrudos e enfurecidos touros. E o terceiro ocorreu no santuário hinduísta-muçulmano de Baba Umer Durga, oeste da Índia, no denominado “ritual de prosperidade para o início do outono”, em que centenas de bebês são jogados de uma altura de quinze metros do telhado de uma mesquita e aparados precariamente em lençóis.

Conforme o jornal El País, na “Tomatina” deste ano (26/08/09), foram consumidas cerca de 100 toneladas de tomates nos três dias de festa que custaram 90.000 euros ao governo local, dos quais 28 mil foram gastos só em tomate! Apesar disso, o evento é visto como uma importante atração turística pela prefeitura, “pois movimenta muito o comércio da cidade”. E as imagens não deixam mentir: milhares de pessoas se lambuzam e nadam em verdadeiros rios de suco de tomate pelas ruas de Buñol. Mas será que há alguma coisa errada em tão inofensiva prática popular que acontece desde 1945? As respostas variam, mas o que chama atenção é o enorme desperdício de tomate nos três dias de festa. Até mesmo em blogs espanhóis essa preocupação é visível: “Lástima de tomates. Nunca entendi esta festa. É um desperdício de alimentos num mundo necessitado de artigos de primeira necessidade”. E outro diz: “Será que não dá pra substituir o tomate por outro produto vermelho qualquer que não seja alimento?”

Em relação aos festejos de São Firmino, o problema é outro. Na festa de nove dias (6-14 de julho) que atrai milhões de turistas de todas as partes do mundo, a atração principal é o encierro (corrida de touros), cuja graça consiste em fugir à frente de meia dúzia de touros que pesam cerca de meia tonelada cada um e que são escolhidos de acordo com o tamanho dos chifres (quanto maior, melhor!).Conforme a agencia EFE, na São Firmino deste ano um jovem espanhol foi morto e quatro ficaram feridos – um escocês, um americano, um espanhol e um francês (o escocês de 50 anos sofreu traumatismo craniano). Calcula-se que, desde 1922, quando as festividades começaram, até os dias de hoje, 15 pessoas morreram por touros nas ruas estreitas de Pamplona. Esse número parece irrisório, mas é que as estatísticas publicadas não contabilizam as dezenas de feridos e incapacitados que resultam da corrida de São Firmino. Também não se diz que, ao final da corrida, a maioria dos touros é morta por toureiros profissionais numa arena onde ocorre uma tourada tradicional, para delírio dos turistas. É bom lembrar, no entanto, que as festividades de São Firmino ficaram famosas após a publicação do livro de Ernest Hemingway, “Fiesta” (“Quando o Sol se Levanta”, no Brasil). (Diretodaredação, 26/07/09)

Quanto ao hábito hinduista-muçulmano de jogar bebês “morro abaixo” num ritual que eles supõem essencial para a prosperidade de seus rebentos, trata-se de uma tradição de 700 anos que se repete anualmente na Índia e que vem recebendo fortes críticas de entidades que defendem os direitos humanos no mundo. Em imagens mostradas na TV e em vídeos na Internet, os bebês são ainda chacoalhados e choram muito antes de ser atirados, o que levou ativistas pró-direitos das crianças a protestarem contra tal prática e uma comissão do governo indiano prometeu investigar o caso. Será? Aliás, sobre esse tipo de bestialidade humana basta dizer que mesmo que os bebês se tornem no futuro adultos fisicamente sãos e prósperos, é quase certo que eles serão também fortes candidatos a ocuparem consultórios psiquiátricos durante grande parte de suas existências.

Em resumo: Das práticas citadas acima, exceto talvez a “Tomatina” poderia ser classificada apenas como uma festa inofensiva, atração turística e uma tolice popular. Entretanto, no caso do encierro (corrida de touros) que acontece durante a Festa de São Firmino, em Pamplona, e o costume de jogar bebês ladeira abaixo no oeste da Índia, são práticas condenáveis que atentam contra a vida e a dignidade humanas e deveriam ser proibidas, apesar do forte apelo turístico-cultural-religioso que as cercam. Além disso, vale salientar que a corrida de touros em Pamplona, Espanha, se constitui num claro exemplo de maus-tratos aos animais, o que reforça a tese de sua proibição naquele país. Mas o que dizer então do rodeio de touros que acontece todos os anos na Festa do Peão Boiadeiro em Barretos, Estado de São Paulo, hein?

* Escritor e acadêmico de jornalismo.

Artigo publicado no jornal Correio do Estado em 04 de setembro de 2009.

Link permanente 2 Comentários

Quer dançar sem migo?

03/09/2009 at 01:00 (Camila Emboava)

Era o final da mesa com vários coordenadores de cursos de comunicação de Campo Grande que aconteceu na Primeira Jornada Internacional sobre investigação e desenvolvimento da qualidade dos conteúdos audiovisuais televisivos e do Jornalismo Brasil-Espanha. Perguntas abertas ao público, os corações dos estudantes da platéia eram tambores nessa hora, nem se precisava fazer silêncio pra ouvir. Indignações guardadas desde a noite anterior, comentários sobre o encontro, questionamentos sobre o porquê de uma faculdade de jornalismo, pouco a pouco as inquietações da platéia iam subindo no palco, pra tirar os convidados pra dançar.

A maioria dos membros da mesa não se animou com o convite de dança. Talvez fossem tímidos. Talvez tivessem desaprendido a dançar no compasso dos questionamentos. Talvez não pudessem ouvir os tambores. Talvez preferissem não dançar com estranhos. Talvez achassem a dança inapropriada para a ocasião.

Eu mesma me arrisquei numa tentativa de improviso aquele dia. Perguntei por que cargas d’água, enquanto algumas faculdades pensam, experimentam e servem de referência para o mercado, a faculdade de jornalismo, pelo menos a minha, faz apenas o caminho inverso. Eu perguntei porque queria que fosse a resposta, pra quando alguém me desafiasse em dança de rua Mas faculdade de jornalismo pra que? Eu respondesse Pra experimentar, pra apontar caminhos. Assim como a Faculdade de Física experimenta e encontra o melhor jeito de transformar grafite em diamante, nós experimentamos, inovamos e apontamos o melhor caminho pra transformar pensamento, fato ou qualquercoisaqueseja em mensagem.

Apenas um membro da mesa fez comentários sobre a minha pergunta. Talvez não pudessem ouvir a música. Talvez fossem tímidos. Talvez o tic-tac dos relógios soasse mais forte que os tambores.

O mediador da mesa pediu que insistíssemos nas perguntas numa outra hora caso não tivessem sido respondidas, afinal éramos futuros repórteres, ou não? Eu tive que pensar, decidir se tinha sido respondida. É verdade que nenhum dos participantes se levantou pra dançar com a minha dúvida de foca engraçadinha. Foi quando eu descobri, por puro pressentimento e aí não pude deixar de sentir um certo abandono: o silêncio também é uma resposta.

(Mas se alguém se animar, dois pra lá dois pra cá, que responda. Ou quem quiser, que conte outra…)

Link permanente 6 Comentários