Texto legal: Uma bike no pé, um livro e um boneco na mão

22/09/2013 at 20:15 (*Liberdade e Diversidade) (, , , )

Uma bike no pé, um livro e um boneco na mão

22 de setembro de 2013 /Blog da Redação

http://vimeo.com/59014290

LA RUTA DEL TEATRINO EN COMUNIDAD AUTÓNOMA TSOTSIL – CHIAPAS – MEXICO

Viagem vira projeto de vida e de trabalho levando cultura e educação às comunidades distantes dos centros do mundo

Por Laís Bellini

Em 2002, mais um sul americano saía de seu país para viajar, conhecer outras culturas e histórias. Felipe Alejandro Nelson Gutierréz, chileno de Santiago, começou a viajar aos 24 anos de idade e não parou mais. Ao invés de voltar ao seu país, arranjar um emprego, uma casa e montar uma família fixa, Felipe fez da viagem um estilo de vida, uma formação eternamente em processo, um trabalho em fluxo e milhões de amigos-família pelo mundo. Conheceu mais de 30 países, nos quais levava seus projetos às comunidades mais próximas do que o que poderíamos chamar de tradicionais, por se assim dizer. Para dentro das selvas, das estradas, dos caminhos de terra e de pedras. Quanto mais longe, mais gana de chegar e tocar cada criança com seus contos e fantoches.

Felipe é ator. Por conta da casualidade de acompanhar um amigo a uma entrevista para entrar num curso de teatro corporal na escola La Mancha, de Le coq, em Santiago do Chile, foi provocado pelo professor a tentar a matrícula também. Foi convocado para a turma e ali ficou dois anos. Conheceu, então, o teatro e todas as amplitudes que sua arte permite. Dois anos depois de sua formação, seguia ao México, onde passou três anos vivendo em Guanajuato, cidade sede da Escola mexicana de Bellas Artes. E foi no México que conheceu o trabalho com fantoches e dali em diante ele já sabia o que faria de sua vida.

Sua rota de trabalho, vida e viagem contempla logo em seguida a vivência de cinco anos no Brasil, em Recife, tendo circulado também o Pantanal e outras regiões atingindo comunidades o mais distante possível de expressões circenses e atividades teatrais. Do Brasil, seguiu para Alemanha, onde estudou na Escola de Arte dramática e marionetes em Stuttgart durante um ano. Seu próximo rumo foi a Argentina, onde em Buenos Aires cursou a Faculdade de Teatro Objetivo e Títeres, UNSAM, e na Idaes, Gestão Cultural. Ainda na Argentina, onde viveu por 4 anos, fez um Seminário junto do francês Philippe Genty, em Bariloche. Quatro anos depois seguia para a China, em Xangai, à escola de fantoches de sombra e ficou por 3 meses. Seguiu, então, para um período de 4 meses em Hanoi, no Vietnã onde conheceu o “water puppets”, bonecos de água, do Teatro Tailon. Ficou encantado com a técnica e próximo dos artistas que trabalhavam com o projeto, hoje leva a técnica a outros países.

As andanças por mais de dez anos pelo mundo não contam com uma conta que banque seus gastos, pelo contrário, Felipe é mais um dos viajantes que circulam o mundo fazendo amizades, construindo projetos com diversos grupos, em diversos lugares, fazendo troca de serviços onde os grupos já compreendem uma nova forma (na verdade, antiga) de entender o intercâmbio do que necessitamos para nos mantermos em vida e em movimento. Sua viagem, que se tornou estilo de vida, não tem data de regresso, até porque voltar hoje, é um verbo que traz uma variação enorme de lugares para os quais ele gostaria de retornar. O Chile é o país que o trouxe à vida, mas a vida dele está por onde anda, no presente, no agora. A cada país novo, a cada comunidade que chega, sabe que o que alimenta esse projeto de vida é o desejo de estar em movimento e não se estagnar em um trabalho fixo de tantas horas por dia, com um chefe e subordinados, e sim sentir-se vivo a cada grupo de crianças que se depara pela primeira vez com o conto de histórias nas diversas técnicas que ele utiliza.

Hoje Felipe está no México, especificamente no Estado de Chiapas. Reside em San Cristóbal de Las Casas, num centro cultural ocupado por comunidades indígenas em 2009, antiga sede da ONU, e que por isso chama-se EDELO (“en donde era la ONU”). Aqui, uniu seu projeto “La Ruta del Teatrino”, com um novo “Bibliocletas“. Projeto esse que visa utilizar a bicicleta como meio de mobilização para chegar nas comunidades mais distantes do Estado, onde a subsistência do grupo baseia-se no que se planta em sua própria terra. Bibliocletas já circulou diversas comunidades do Estado de Chiapas, já esteve pela Selva Lacandona (vídeo), e em muitas cidades que hoje são autônomas, zapatistas ou independentes, comunidades que se auto-organizam administrativamente, em que o Estado não tem poder sobre, promovendo instancias educativas em um dos estados mais pobres e com maiores índices de analfabetismo do país.

O Bibliocletas se desenvolve através da doação de livros e a realização de cursos de leitura, conto de histórias com fantoches e atividades com as crianças. Já recebeu mais de mil livros doados para o projeto, mas para chegar a essas cidades, precisam de bons equipamentos e também da sustentabilidade do projeto. Mais de 500 livros já foram distribuídos e ainda existem mais de mil livros esperando para serem doados.

Até esse domingo, o projeto está pedindo investimento coletivo, pelo site idea.me, argentino, neste link aqui, mas mesmo se não atingir o valor que precisa até a data, disponibiliza sua página no facebook para quem puder ajudar com o que seja, entrando em contato com o Felipe. A página é o nome do primeiro projeto “La Ruta del Teatrino“. (Também em vimeo e youtube). O projeto de conto com fantoches somado à doação de livros utilizando a bicicleta como meio de mobilização tem como objetivo seguir estrada a outros países e outras comunidades. O casamento dos dois começou aqui mas tem ambições de atingir muitos cantos do mundo e está aí para quem quiser colaborar, da forma que seja.

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Dilma cancela viagem de equipe aos EUA

05/09/2013 at 12:08 (*Liberdade e Diversidade) (, , , , , )

Dilma cancela viagem de equipe...Dilma cancela viagem de equipe responsável por preparar visita aos EUA

05 de Setembro de 2013

Gustavo Gantois – Direto de Brasília

A presidente Dilma Rousseff cancelou nesta quinta-feira o envio da equipe que embarcaria no próximo sábado para Washington, nos Estados Unidos, com objetivo de preparar sua visita ao país em outubro.

A informação foi dada pela secretaria de comunicação do Palácio do Planalto, que não confirmou o motivo do cancelamento e nem se a viagem da presidente também estaria ameaçada.

A equipe precursora, formada por agentes de segurança, diplomatas e cerimonial da Presidência, faz o primeiro reconhecimento para a visita, analisando questões de logística, hospedagem, transporte, rotas e instalações em geral, além da agenda prevista e dos acordos que podem ser assinados.

Desde a revelação no último domingo de que Dilma e seus principais assessores teriam sido espionados pela Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, a presidente tem mostrado irritação com o governo Obama. Nos bastidores, Dilma tem condicionado sua visita de Estado a Washington, prevista para o dia 23 de outubro, a um pedido de desculpas público por parte dos americanos.

A secretaria de comunicação da Presidência confirmou ainda que Obama e Dilma devem ter um encontro informal em paralelo ao encontro de cúpula do G20, em São Petersburgo, na Rússia. De acordo com assessores, o presidente americano deve explicar o sistema de monitoramento utilizado pela NSA, mas ainda é uma incógnita se algum pedido de desculpas será feito por Obama.

Na última segunda-feira, o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, foi chamado pelo ministro Luiz Alberto Figueiredo, das Relações Exteriores, para dar explicações sobre as denúncias. Figueiredo afirmou, após a conversa com Shannon, que o Brasil espera até o fim desta semana uma resposta por escrito com as explicações do governo americano. Até o momento, segundo o Itamaraty, a resposta não foi dada.

Nesta quinta-feira, o jornalista americano Glenn Greenwald, autor de reportagens sobre o sistema de espionagem montado pelo governo americano, publicou em seu perfil no Twitter que novas revelações devem ser feitas no próximo domingo.

Monitoramento

Reportagem veiculada no último domingo pelo programa Fantástico, da TV Globo, afirma que documentos que fariam parte de uma apresentação interna da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos mostram a presidente Dilma Rousseff e seus assessores como alvos de espionagem.

De acordo com a reportagem, entre os documentos está uma apresentação chamada “filtragem inteligente de dados: estudo de caso México e Brasil”. Nela, aparecem o nome da presidente do Brasil e do presidente do México, Enrique Peña Nieto, então candidato à presidência daquele país quando o relatório foi produzido.

O nome de Dilma, de acordo com a reportagem, está, por exemplo, em um desenho que mostraria sua comunicação com assessores. Os nomes deles, no entanto, estão apagados. O documento cita programas que podem rastrear e-mails, acesso a páginas na internet, ligações telefônicas e o IP (código de identificação do computador utilizado), mas não há exemplos de mensagens ou ligações.
Fonte: Terra/Reuters

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