Alemanha: adeus aos imigrantes pobres (Leitura noturna)

31/03/2014 at 23:05 (*Liberdade e Diversidade) (, , , , , , , , )

27 de março de 2014

No OperaMundi  / Outras Mídias

Alemanha - imigrantes go hoje

Voltada contra búlgaros, romenos e ciganos, medida baixada por Angela Merkel expulsa do país quem não encontrar emprego em no máximo seis meses

O governo alemão iniciou um processo para expulsar do país os imigrantes vindos de outros membros da União Europeia que não consigam trabalho em até seis meses, segundo anunciou nesta quarta-feira (26/03) o gabinete da chanceler Angela Merkel. A medida deve se tornar efetiva a partir de junho, com objetivo de limitar a “imigração de pobreza”.

O projeto foi criado depois que cidadãos da Romênia e da Bulgária, membros recentes da União Europeia, obtiveram permissão para circular livremente por todos os países do bloco. No ano passado, 75 mil pessoas desses países imigraram para a Alemanha e o governo espera que o número dobre neste ano.

Com vistas a esses trabalhadores, especialmente os de etnia cigana, o Executivo alemão aprovou um informe de 133 páginas estabelecendo que os imigrantes da UE terão de três a seis meses para conseguir um emprego na Alemanha. Caso esse prazo não seja cumprido, o imigrante deverá retornar ao seu país de origem.

Os ministros do Interior e do Trabalho, Thomas de Maizière e Andrea Nahles, respectivamente, apresentaram o documento para a imprensa, com o título de “Questões jurídicas e desafios no uso do sistema de segurança social por parte dos cidadãos dos Estados-membro da UE”.

“O número de imigrantes procedentes da Bulgária e da Romênia e os problemas sociais que estão parcialmente associados à imigração são manejáveis e controláveis a nível nacional, mas representam um problema em várias cidades específicas, que possuem bolsões de pobreza”, afirmou de Maizière. Segundo ele, focos de imigração como Frankfurt, Munique, Hamburgo e Hannover já estão saturados de imigrantes desempregados do leste europeu, que necessitam de ajuda social.

Apesar disso, de Maizière classificou o aumento da imigração para Alemanha, que atingiu sua taxa mais alta em duas décadas no último ano, como uma “boa notícia”. “É uma boa notícia quando os imigrantes vêm aqui para trabalhar, treinar, estudar ou contribuir com o bem-estar e o desenvolvimento da Alemanha”, afirmou.

O ministro também declarou que, apesar da preocupação com o número crescente de romenos e búlgaros no país, eles geralmente se mudam para a Alemanha para estudar ou trabalhar e têm menos probabilidade de ficar desempregados do que cidadãos de outros países da UE. Romenos e búlgaros representam 0,7% dos imigrantes que pedem ajuda social, acrescentou.

A medida proposta pelo governo de Angela Merkel, entretanto, não está sendo bem aceita por todos os setores políticos alemães. O deputado do Partido Verde Volker Beck declarou que a iniciativa “não é compatível com o direito da União”. No entanto, a norma europeia estabelece o direito de residência para os trabalhadores, mas de forma limitada, e, portanto, a proposta do governo alemão será válida contanto que respeite a livre circulação.

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A Revista ISTOÉ deste domingo traz o golpe de Puccinelli contra Alcides Bernal

31/03/2014 at 15:59 (*Liberdade e Diversidade)

29/03/2014

Fabiano Portilho / Diário do Estado (Curitiba-Paraná)

Revista Isto É

Na coluna Brasil confidencial deste Domingo, a Revista IstoÉ, traz informações de existência de gravações realizadas com o braço direito do prefeito-pastor Gilmar Olarte aonde narram negociatas e acordos para planejamento de golpe político contra o prefeito Alcides Bernal.

Nas gravações constam promessas de cargos para filhos de desembargadores em troca de apoio político para o golpe. Também consta nas gravações a troca de cargos na prefeitura com vereadores para votarem pela cassação do prefeito.

Segue abaixo as notas publicadas pela Revista Isto É, e o vídeo que está circulando nas mídias sociais onde consta a gravação do áudio da suposta denúncia.

Garganta profunda I

Prefeito cassado de Campo Grande (MS), Alcides Bernal (PP) preparou vídeo em que se diz vítima de golpe político. Acusa o governador André Puccinelli (PMDB) e revela conversa em que o assessor especial Ronan Feitosa já falava, em outubro, da armação para a cassação e como compraria o apoio dos vereadores. Quem apoiasse o golpe ganharia cargo no novo gabinete do então vice Gilmar Olarte (PP). Feitosa antecipa nomeações que só ocorreriam cinco meses depois pelas mãos do novo prefeito.

Garganta Profunda II

Quem votou pela cassação recebeu sua cota. Cezar Afonso foi nomeado para o Meio Ambiente, Semy Ferraz em infraetrutura, André Scaff foi para Finanças, Rodrigo Pimentel é procurador-geral e Edil Albuquerque assumiu a Secretaria de Ciência e Tecnologia. O vídeo foi periciado.

Veja o vídeo abaixo:

http://youtu.be/tgk9MkNiYSM

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*Vamos ver o que está por trás dessa bandalheira,né? E punição aos golpistas,caso seja confirmada a notícia!

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Outros Traços: Aqueles

31/03/2014 at 15:32 (*Liberdade e Diversidade)

Outros Traços: Aqueles

31 de março de 2014 por Outros Traços

De Manzanna, em seu tumblr

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Anna Mancini, a Manzanna, é ilustradora e quadrinista, faz desenhos com a simplicidade de seu traço fino e textura pontilhada. Seus trabalhos poéticos muitas vezes falam sobre a própria imaginação, dando vida a pensamentos. Veja mais abaixo:

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oUTROS TRAÇOS - TUMBIR

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Charge de hoje: O golpe de 64

31/03/2014 at 13:22 (*Liberdade e Diversidade)

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*Charge de Samuca no jornal Diário do Estado (PR) de 31/03/2014. Super!

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“O golpe que não foi golpe”, diz André Puccinelli em Dourados

31/03/2014 at 12:34 (*Liberdade e Diversidade) ()

31/03/2014

Hermano de Melo* / Da Redação

discurso do andré em dourados

Sexta-Feira passada (28/03/2014), em Dourados, MS, o governador André Puccinelli (PMDB) ‘perdeu as estribeiras’. Em discurso inflamado perante um público diversificado, ele afirmou: “Lá em Campo Grande, o ex-prefeito Alcides Bernal (PP) não foi derrubado por um golpe. Ele caiu porque é um ladrão e montou uma quadrilha para roubar a prefeitura”.

E aproveitou para mandar também um recado para o candidato do PT ao governo do Estado, Delcídio Amaral: “o de todos disse, outro dia, na Acrissul, que vai acabar com o Fundersul. Ou ele é um grande mentiroso ou um grande idiota”, “porque nenhum governador pode abrir mão do Fundo e de sua receita, hoje, amanhã ou depois” (Adilson Trindade, Correio do Estado, pág.3).

Todos ficaram pasmos – inclusive aqueles mais chegados ao governador! É claro que todo mundo tem o direito de externar sua opinião a respeito de qualquer tema por mais indigesto que ele seja, mas agredir publicamente alguém que foi até pouco tempo prefeito da Capital e chamá-lo de ladrão sem provavelmente ter provas concretas disso – convenhamos, não deixa de ser uma peraltice do maior tamanho! E mais: sob o risco de ser chamado em juízo para provar o que disse no palanque de Dourados, MS.

Por mais que se queira negar a forma como o Sr. Alcides Bernal foi apeado do poder municipal apenas há alguns dias atrás – e afirmar que não foi golpe (em pleno período de comemoração do grande golpe de 64, que completa estes dias 50 anos) – é querer simplesmente cobrir o “sol com a peneira”. Se for analisada a situação da Câmara de Vereadores de Campo Grande, vê-se que muitos daqueles que escorraçaram o ex-prefeito de forma arbitrária são hoje secretários municipais do senhor Gilmar Olarte (PP)! Mas como disse recentemente um eleitor da Capital: “Eu não votei nele para ser Secretário, mas sim para Vereador!”.

Alegar que não houve golpe em Campo Grande é achar que isto só acontece quando há violência ou parte da população se rebela contra o novo governo de plantão. Mas isso constitui apenas metade da verdade. O golpe acontece também quando há uma quebra de contrato entre os poderes que fazem parte da direção do governo, quer ele seja municipal, estadual ou federal. No caso da Capital, os senhores Vereadores – na sua maioria – aproveitaram-se da fragilidade administrativa e política do ex-prefeito Bernal, para simplesmente jogá-lo ao limbo. E isto aconteceu desde o início de sua gestão. Nenhuma satisfação foi dada ao eleitor que mal ou bem o colocou na Prefeitura!

E o que acontece agora? Os mesmos vereadores que golpearam o ex-prefeito Bernal se submetem como se fossem crianças bem-educadas ao ex-vice prefeito Gilmar Olarte (PP), dando-lhe todo o apoio necessário para a governança da Capital – o que não fizeram com o ex-prefeito! Em troca disso, recebem toda atenção e benesses do atual governo municipal. E parece que tudo vai indo como maravilha de administração.

Em conclusão, pode-se afirmar que o governador André Puccinelli (PMDB) errou duplamente em seu discurso em Dourados: primeiro porque se equivocou politicamente ao dizer que em Campo Grande, MS, não houve golpe – houve golpe sim e os eleitores de Bernal sabem disso! E equivocou-se ao chamar o ex-prefeito Alcides Bernal (PP) de ladrão e formador de quadrilha, porque deverá pagar muito caro por isso, caso o ex-prefeito recorra à justiça comum e eleitoral. Quanto ao xingamento indireto ao senador Delcídio do Amaral ele deverá provar que o seu candidato Nelsinho Trad (PMDB) poderá fazer melhor, caso venha a assumir o governo do Estado nas próximas eleições estaduais – o que, por enquanto, está difícil. O resto é resto.

*Jornalista e Escritor

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Golpe de 64 no MS

31/03/2014 at 11:25 (*Liberdade e Diversidade) (, , , , )

Especial - 50 anos do golpe

Ditadura no ms

golpe no MS - consequenciasNo início de 1964, Dermeval Ramos da Rocha, com 45 anos de idade, morava com a família num imóvel colado ao prédio onde trabalhava como radiotelegrafista. O imóvel era da empresa Correios e Telegráfos, erguido no prolongamento da avenida Coronel Antonino, perto do cemitério Cruzeiro, saída de Campo Grande para Cuiabá.

Dias depois de 31 de março daquele ano, quando os militares tomaram o poder, a mulher de Rocha, grávida, foi notada pelos filhos, chorando, logo pela manhã.

Jipes verdes, ocupado por militares do Exército tinham ido lá na madrugada e capturado o homem. O motivo, sabido mais tarde pela família: o radiotelegrafista gostava de ouvir à noite um programa de rádio que propagava ideais de Leonel Brizola (1922-2004), contrário ao regime da ditadura, deflagrado há exatos 50 anos.

A história que abalou mulher e filhos de Dermeval, morto em 1996, aos 77 anos de idade, nunca fora contada até agora. 

O advogado Lairson Ruy Palermo, também preso durante o regime da ditadura, em Campo Grande, hoje coordenador-geral do Comitê da Verdade, Memória e Justiça de Mato Grosso do Sul, crê que ao menos mil pessoas tenham sofrido aqui no Estado violações de direito, feito a de Dermeval, durante a temporada em que o Brasil foi chefiado pelos militares (1964-1985).

O radiotelegrafista, tido como subversivo por gostar de Brizola, foi preso por três ocasiões. Uma das filhas, de 13 anos de idade, à época, ia até a prisão conversar com o pai que dividia a cela com outros tidos como subversivos.

*Excelente reportagem de Celso Bejarano no  Correio do Estado de hoje (31/03/2014). Vale a pena dar uma lida nela. Tá tudo aí sobre o que foi o golpe de 64 no MS. Golpe,nunca mais! Mas e o Caso Bernal em Campo Grande,hein?

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Revista Fórum: Abaixo a Ditadura e removendo o entúlio autoritário

31/03/2014 at 10:36 (*Liberdade e Diversidade)

Golpe militar de 64 - nem tão distante assim...Revista Fórum Removendo o entulho autoritário-revista Fórum

*Imagens publicadas pela revista Fórum desta semana. Precisa dizer mais alguma coisa? Ditadura nunca mais!

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IndignAÇÃO: contra o golpe,contra a corrupção

31/03/2014 at 10:03 (*Liberdade e Diversidade)

golpe,ação_contra

*Olhaí People,é hora de protestar contra o golpe que aconteceu em Campo Grande,MS – e contra todos os tipos de golpe e desrespeito ao voto popular. É hoje na Praça do Rádio,às 18 horas. Vamos todos lá!

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Campo Grande é a terceira capital do Brasil com maior número de ciclovias por habitante

30/03/2014 at 20:35 (*Liberdade e Diversidade)

30/03/2014

Geisy Garnes / Midiamax News

ciclovias em campo grande

Hoje são 70 milhões de bicicletas no Brasil. Juntando as 26 capitais do País existem 1.118 quilômetros de ciclovias, o que representa apenas 1% de um total de 97.979 km de ruas. Os números foram revelados em um levantamento feito pelo G1 nas prefeituras das capitais brasileiras.

Em Campo Grande, os números são animadores. Quando se trata de ciclovias por malha viária, a Capital ocupa o 6º lugar, já em quilômetros por vias, sobe para a 4ª posição, e em número por habitante, assume o terceiro lugar entre as capitais com mais ciclovias.

São 73 km de ciclovias por toda a cidade, mas ainda não é o suficiente para aqueles que precisam, ou optam, por usar a bicicleta como meio principal de transporte. As reclamações vão além da quantidade de ciclovias, mas sim para a falta de manutenção e incentivo para os ciclistas.

Jones Mário, de 20 anos, estudante de jornalismo, usa a bicicleta em quase todos seus compromissos, principalmente para estudar e trabalhar. Para ele, em extensão, as ciclovias da capital realmente ganham destaque, já que algumas das avenidas mais movimentadas contam com elas (como o caso da Avenida Afonso Pena inteira e a Via Morena).

“Mas não sei, sou muito crítico em relação a isso e acredito que ciclovia deveria ter em todas as ruas, desde os bairros, até os grandes centros” explica Jones.

Para Maickell Vilela, 24, web designer e fotógrafo, as ciclovias não foram pensadas no bem da população e sim como medida política. “Elas não são planejadas e tão pouco de qualidade, a população não foi ouvida” reclama Viela.

Everson Tavares, 23, jornalista, optou pelo uso da bicicleta como meio de transporte e reclama da ausência de manutenção nas ciclovias já existentes. “Esses dias mesmo tive que parar e recolher cacos de vidro porque não tem ninguém que limpe. A ciclovia da Ernesto Geisel, por exemplo, houve uma manutenção na via, onde limparam tudo em volta e jogaram o lixo dentro da ciclovia” conta.

Outros pontos que merecem destaque são a falta de espaço e bicicletários no centro da cidade para melhor conforto e segurança do ciclista. Entre as queixas, os ciclistas ressaltam o uso das ciclovias como pista de caminhada, o problema, segundo eles, é a carência de lugares específicos para esse tipo de exercício.“Sei que a pessoa que caminha não faz por maldade dela, e sim porque lhe falta esse espaço sabe?”  fala Jones.

Mas o principal problema citado por todos, é a falta de incentivos públicos para o uso da bicicleta. Soluções simples como prioridade de tráfego ao ciclista, instalação de bicicletários em toda a cidade, manutenções das ciclovias, ligação entre o transporte público e as bicicletas, isenção de impostos na compra dos equipamentos de segurança obrigatórios e das próprias bicicletas, conscientização dos motoristas e pedestres, além da construção de novas ciclovias mais largas e amplas, tornariam o uso da desse meio de transporte muito mais fácil e prazeroso.

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A resistência de uma pequena cidade de Pernambuco

30/03/2014 at 18:07 (*Liberdade e Diversidade)

28/03/2014

Por Leôncio Nossa / VITÓRIA DE SANTO ANTÃO, estadao.com.br

Professora, telegrafista e até o delegado de Vitória de Santo Antão entraram na lista de 21 acusados de subversão

Estadão Conteúdo 

Resistencia pequena cidade de Pernambuco

A professora foi para a rua liderar o levante contra o golpe. Os trabalhadores da estrada de ferro cruzaram os braços. O telegrafista disse para os primeiros soldados com carabinas nas mãos que não tinha condições de mandar mensagens. O delegado não aceitou as ordens do Exército. Diante da agitação, o comércio fechou as portas. A rádio AM foi tomada por defensores do presidente João Goulart e, pelo microfone, conclamou os ouvintes a resistir. O sindicalista resistiu e foi fuzilado num canavial. O corpo dele virou repasto de aves de rapina. Os militares forjaram um suicídio que indignou a família.

A crônica com tintas surreais dos primeiros dias de abril de 1964 em Vitória de Santo Antão, em Pernambuco, na época com 30 mil moradores – hoje sua população passa de 100 mil -, mostra que, na história do Brasil contada a partir do interior, o povo não assistiu, mais uma vez, bestializado, e os generais não esperaram o AI-5, quatro anos depois, para dar início à barbárie.

Veja mais sobre os 50 anos do golpe:

O delegado Edvaldo Rodrigues Cavalcanti entrou na lista de 21 acusados de subversão que teriam resistido ao golpe na cidade da Zona da Mata pernambucana. Foi expulso da Polícia Militar. Documento do Conselho Especial de Justiça do Exército, de dezembro de 1969, obtido pelo Estado, destaca que o ex-tenente “procurou sublevar o destacamento policial e até camponeses adestrados para uma reação ao movimento revolucionário”. Esse personagem desconhecido afirmou, em sua defesa, que tinha orgulho por jamais permitir que senhores de engenho colocassem as mãos em seu ombro e dissessem: “Meu delegado”.

A paraibana Maria Celeste Vidal Bastos, na época com 37 anos, e o sindicalista pernambucano Luiz Serafim de Santana, 36, foram outros líderes do levante contra o golpe citados no documento. Na manhã do dia 1o de abril, eles convocaram trabalhadores dos engenhos para o levante. Centenas deles foram para a cidade com foices, enxadas e paus. Eles ocuparam a Rádio Jurema. O comerciante José Lyra, 87 anos, lembra da passeata com pessoas erguendo varas com ossos amarrados para reclamar dos mortos nos canaviais. “O Exército e a polícia apareceram. Foi um Deus nos acuda”, relata.

Morte. Chegou à cidade a notícia de que o corpo do sindicalista Albertino José de Oliveira já estava em estado de putrefação na mata. A Secretaria de Segurança Pública disse que o sindicalista morreu envenenado. A professora foi capturada num engenho próximo e levada para o Recife, onde ficou presa por mais de três anos. Sofreu choques elétricos. Para o ex-telegrafista José Andrade de Oliveira, Maria Celeste era a grande líder da resistência na cidade. “Cortava o cabelo bem curtinho para protestar.”

Com o acirramento das disputas entre senhores de engenho e o grupo de Maria Celeste, a Igreja Católica, meses antes do golpe militar, afastou o padre Manoel Monteiro Neto, vigário da paróquia desde 1958. Ele estava envolvido no movimento camponês. Entrou no lugar dele o padre Renato da Cunha Cavalcanti, filho de senhor de engenho. Hoje com 82 anos, padre Renato permanece na paróquia de Vitória de Santo Antão e se recusa a entrar em divergências. Em entrevista ao Estado, reclama da primeira pergunta sobre “o dia do golpe”. “Já começou mal a entrevista. Uns dizem que foi revolução”, adverte. “O padre Manoel Monteiro Neto estava no meio das Ligas Camponesas. Por isso, o bispo me mandou para cá.”

Maria Celeste e Luiz Serafim decidiram fugir na noite de 2 de abril. Na manhã do dia 4, Vitória de Santo Antão estava cercada pelos militares. O levante contra o golpe durou 36 horas. A ditadura mataria em outras cidades da região da cana seis lideranças rurais ao longo de 1964. Não se sabe o número de trabalhadores mortos no período na área pela rede de repressão. “Essas mortes foram praticadas muitas vezes por milícias de policiais à paisana, e comandadas por usineiros”, destaca Amparo Araújo, secretária de Direitos Humanos do Recife.

Em 21 anos de regime, o Exército só faria operações de guerra na zona rural, como as ações contra a guerrilha do Araguaia, o Movimento de Libertação Popular (Molipo) e a operação Pajuçara, de caça ao capitão Carlos Lamarca. Era no campo que o regime manteria os mais influentes agentes do Centro de Informação do Exército, motor da repressão. As polícias se encarregariam, geralmente, de controlar as guerrilhas urbanas?

Estudantes foram primeiros mortos no Recife. Uma das primeiras vítimas da ditadura militar era de uma família de homens que, ao longo do século, oscilaram entre a militância política e o quartel. O estudante pernambucano Ivan Rocha Aguiar, 21 anos, atingido por tiros na esquina da Avenida Dantas Barreto com a Rua Marquês do Recife, era neto de um chefe político que, nos anos 1920, espalhava cópias do Manifesto Comunista, e filho de um ex-sargento do Exército que combateu revoltosos paulistas em 1932.

Naquele 1o de abril de 1964, Recife amanheceu com tropas do Exército nas ruas. Ivan saiu cedo de casa para participar de uma passeata de apoio ao governador Miguel Arraes, que estava cercado no Palácio do Campo das Princesas. Um irmão, o soldado Danúbio, 20 anos, ficou preocupado e foi atrás de Ivan. Encontrou-o perto da Praça da Independência. Eram 16 horas. “Não vai aí na frente, não, porque a turma está muito agitada e o Exército pode atacar”, advertiu Danúbio. “Não vou deixar os companheiros”, respondeu Ivan, que pegou uma bandeira de um colega e seguiu para a praça.

Minutos depois, a 300 metros, começaram os tiros. Estudantes só tinham cocos e pedras nas mãos. “Uma tropa atirou com metralhadoras”, lembra Danúbio, que não viu mais o irmão. Horas depois, soube que dois estudantes tinham sido baleados. Um deles era Jonas José de Albuquerque e o outro, Ivan. “Havia ali polícia e Exército, não sei de onde partiram os tiros.” Segundo testemunhas, um colega de Ivan tentou socorrê-lo. “Não aguento, Florêncio, estou cansado”, teria dito Ivan. O amigo correu. Uma viatura estacionou. “Disseram-me que ele estava ainda com vida quando entrou no camburão”, afirma Danúbio.

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