Cadê a liberdade e a diversidade?

20/11/2008 at 00:49 (*Liberdade e Diversidade)

Fernando Augusto Figueiredo Da Mata*

 

Analisando nosso cotidiano, percebemos que inúmeros assuntos são abordados na mídia, nas escolas, no local de trabalho, nas rodas de conversa entre amigos e tantos outros lugares que costumamos freqüentar. Apesar da variedade, percebe-se a existência de duas temáticas que permeiam, mesmo que seja de forma leve, uma boa parte desses assuntos. Estamos falando da liberdade e da diversidade.

Para ilustrar melhor sobre a liberdade, faremos a análise de um caso que está em destaque na mídia nos últimos tempos: a questão da demarcação das terras indígenas. Teoricamente, os índios são cidadãos livres, com todos os direitos assegurados pela Constituição Federal. E os grandes proprietários de terra também são livres e têm os mesmos direitos assegurados, teoricamente. Quando os primeiros resolvem invadir algum latifúndio para protestar e pedir a demarcação de determinada área, a liberdade está, automaticamente, sendo violada, considerando que a liberdade de um (neste caso, o índio) termina onde começa a do outro (o latifundiário). Essa é uma convenção a que a sociedade procura obedecer.

O que a sociedade esquece é que os indígenas estão querendo apenas um pedaço de chão que lhes foi tirado ao longo da história. Esquece que ninguém está fazendo favor, dando alguns hectares para eles poderem sobreviver, e, sim, tentando fazer justiça. É fato que não é uma atitude correta invadir a propriedade alheia para reivindicar algum direito, mas, talvez, seja a única maneira que eles encontraram para serem notados, já que a tão dita liberdade de expressão, para eles, é ignorada. É só manifestarem algo que, em um “piscar de olhos”, o governo lança um “vale-renda” pra calar a boca deles. Cadê a liberdade de expressar? Hummm…

As nações indígenas são admiráveis, também, pela riqueza de sua cultura. Mas, assim como aconteceu de elas perderem a terra em que viviam, estão perdendo, também, aos poucos, a diversidade de sua cultura. A situação está tão crítica, que os próprios índios sentem vergonha de sua raiz, aderindo aos produtos e costumes capitalistas. Isso é fruto de uma sociedade que visa apenas ao consumo e ao individualismo, disseminando a idéia de que vale apenas o que todo mundo faz. O diferente é, automaticamente, expurgado. Com isso, estamos perdendo, cada vez mais, a diversidade cultural que existe e que ajudou a construir essa pátria chamada Brasil. Que fique bem claro que estou utilizando o índio apenas como exemplo (apesar de ter simpatia pela causa deles), e que isso acontece nos vários segmentos que compõem o mosaico da nação brasileira.

Muita coisa já foi dita até agora. E o que eu quero dizer com tudo isso é que não dá pra falar em liberdade, principalmente, de expressão, se esta não é para todos. É hipocrisia! Falar em diversidade cultural chega a ser triste, pois está acontecendo uma opressão cultural a tudo o que é diferente, que é da raiz do povo. Esta sociedade em que vivemos gera isso. Mudar esta situação depende de cada um tomar consciência: cada qual valorizar a sua cultura e exercer a cidadania. Não é vergonha para ninguém ir protestar por melhores condições de trabalho, por justiça social, por melhorias no bairro. Isso é liberdade de expressão! E o melhor: é constitucional! A partir do momento que nós começamos a enxergar o “outro lado da meia-noite” (peço licença ao meu colega Hermano), exerceremos verdadeiramente nossa liberdade e valorizaremos essa diversidade cultural que é tão valiosa.

 

*Acadêmico de Jornalismo da UFMS 1° Ano

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