Liberdade? Para quê?

15/10/2008 at 12:25 (*Liberdade e Diversidade)

Keyciane Lima Pedrosa *

 

Quando nascemos, o mundo já está pronto para nós. Família, língua, religião, sistema monetário, educação, a cor do céu, tudo isso já foi predeterminado. Que liberdade é essa? Você é livre para quê? Para escolher? Para consumir? Para obedecer?

 Mesmo nos grupos sociais menos estruturados, tem sempre alguém para pensar no seu futuro. Tudo o que você tem deve a alguém. Nem o seu nome é você que escolhe. Acha bobagem? Um caso recente – mas não o único do gênero – mostra que não. Uma menina recebeu dos pais o nome de James. No cartório, acharam que era um menino e James passou dezesseis anos com o sexo masculino registrado na certidão de nascimento. O pequeno equívoco a impediu de tirar carteira de identidade e de casar, uma vez que a legislação brasileira não reconhece o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Depois de um ano de ação judicial e de provar que realmente era mulher (foi difícil, mesmo estando grávida), James virou Nicole. O que você sentiria se estivesse no lugar de Nicole? Sentir-se-ia livre? Toda a sua vida é determinada por opções que fizeram para você.

 Nenhum gosto, nenhuma idéia, nenhuma crença, nada é realmente seu. Alguém o influenciou para gostar ou não das coisas. O que somos? Uma espécie de robô programável que ao longo da vida vai recebendo coordenadas e normas de conduta, segundo as quais devemos agir? Afinal, o que não falta é gente para nos dizer o que é certo ou errado, bonito ou feio, bom ou ruim. No máximo, você é livre para concordar ou discordar. Todos somos influenciáveis. Nada é totalmente original. Tudo surge a partir de um determinado universo cultural. Pensamentos, ações, sentimentos são condicionados. Aprendemos a ser do jeito que somos. Manipulação? Pode ser. Mas é por causa dela que você está vivo. Se todos os bebês fossem livres para enfiar o dedo na tomada, talvez não existissem tantos bebês. Aos poucos, aprendemos que dois mais dois é sempre quatro e que andar na linha é o jeito mais seguro de trilhar o caminho da vida.

E que bom que é assim. Imaginou se você viesse ao mundo e já tivesse que escolher tudo? Nome, endereço, religião, sistema político? O que você sabe para fazer qualquer opção? Para escolher, para opinar, precisamos conhecer, experimentar a vida. O problema é quando o sistema cultural em que somos arbitrariamente colocados se apresenta a nós como o único, ou o melhor, antes de conhecermos outros sistemas e formas de vida.

Normas, regras, imposições, tudo implica uma verdade, uma certeza. Mas, se existe a certeza, também existe a dúvida. Pena que alguns prefiram ignorá-la.

Mas, mesmo aos que não evitam, a dúvida não é fácil. Não podemos nos desfazer completamente do que aprendemos. Esquecemos aquela fórmula de Matemática, mas não as regras que norteiam o nosso comportamento. As antigas lições, os valores, a língua, tudo o que temos e que faz parte do que somos é necessário para aprender e apreender o mundo. Se não tivéssemos essa base, tudo nos seria absolutamente incompreensível. Para ter liberdade, é necessário viver, conhecer.

Como ninguém conhece tudo, ninguém é totalmente livre. E toda liberdade é uma liberdade de escolha. Por isso, liberdade é, na verdade, a possibilidade de escolher a própria escravidão.

 

*Acadêmica do 1º Ano do curso de Jornalismo da UFMS

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Mamutes & Carretas

15/10/2008 at 12:13 (*Liberdade e Diversidade)

Hermano de Melo *

 

Quase todo mundo sabe: os mamutes eram animais pré-históricos semelhantes a elefantes, medindo cerca 4 metros de altura e pesando por volta de 13 toneladas, viviam nos campos gelados da América do Norte, Ásia e Rússia, e foram declarados extintos há mais ou menos 12 mil anos. Segundo os cientistas, estes animais se extinguiram provavelmente devido às alterações climáticas do fim da Idade do Gelo. Mas, descobertas recentes mostram que o homem das cavernas teve também um papel fundamental na sua extinção, pois ele matava mamutes para comer, vestir, usava ossos e couro para fabricação de casas, etc., a fim de sobreviver em condições difíceis.  

É claro que, devido ao seu porte avantajado, ninguém pensaria em colocar mamutes, ou os seus parentes mais próximos – os elefantes – em corridas competitivas como as de humanos, cavalos, cães, motos, carros, caminhões, etc. Ledo engano. Um dos jogos on-line de maior sucesso atualmente na Internet, por exemplo, é justamente o de “Corrida de mamutes congelados!” E quem não gostar de mamutes pode correr em elefantes. Na Índia e no Nepal, são comuns as corridas de elefantes, em raias de grama, com animais enfeitados e muita festa. Em dezembro de 2007, em Katmandu, capital do Nepal, por exemplo, foi realizada a 4ª corrida internacional de elefantes e a capital nepalesa recebeu milhares de turistas para o evento!

Em 2000, na Alemanha, porém, uma corrida com elefantes (14 animais de circo, vindos da África e Ásia), causou a maior polêmica em Berlim: apesar de mais de 40 mil pessoas terem assistido à primeira (e ao que parece a última) corrida de elefantes européia, ativistas pelos direitos dos animais, apoiados pela ex-atriz francesa Brigitte Bardot, a roqueira alemã Nina Hagen e a ministra de ação social da Índia, Maneka Gandi, protestaram contra, outros impetraram ação na justiça e alguns chegaram até a se acorrentar às grades da pista de corrida. Inútil. A corrida aconteceu e, o mais incrível: a idéia de realizá-la foi do próprio prefeito da cidade de Altlandsberg, ao leste de Berlim, Revindra Gujjula, que era indiano (!) e, para quem, “os animais se divertiam muito com isso”.

Mas, o que é que toda essa história de mamutes e corrida de elefantes tem a ver com a “terrinha”, hein? Resposta: é que no domingo (14/09) aconteceu no autódromo Orlando Moura, em Campo Grande – MS, a 7ª etapa da Fórmula Truck, vencida pelo piloto paranaense Wellington Cirino (ABF-Mercedes Benz). Neste caso, os mamutes e elefantes – versão 2008 – foram simbolicamente representados na pista de corridas por 24 enormes boléias coloridas e reluzentes carretas, de máquinas superincrementadas, que atingem velocidades de até 200 km/h na reta (os mamutes e elefantes mal chegam aos 20-30 km/h!), com o objetivo de conquistar o primeiro lugar no pódio. 

É evidente que no mundo de mesmice atual, o circo da F-Truck tem seu público cativo, atrai multidões ao autódromo, traz emoções, movimenta o comércio local, gera emprego e renda quando de sua passagem, e enche os hotéis, motéis e restaurantes nos finais de semana em que ele se realiza. Leva até o governador ao autódromo! É como disse Neusa Félix, viúva de Aurélio Félix – idealizador do F-Truck – dona dos direitos do Campeonato Brasileiro e presidente da “King Truck Show e Eventos”: “Ao instalar-se em Campo Grande, a F-Truck gerou 1.253 empregos diretos e mais 460 indiretos”. 

No entanto, a Fórmula Truck apresenta também algumas inconveniências: primeiro, que as carretas – a exemplo dos mamutes e elefantes – não são delineados para correr em altas velocidades e realizar ultrapassagens forçadas, sob risco de provocarem graves acidentes (não foi isso o que aconteceu em 2005 quando o autódromo de Campo Grande foi cenário do maior acidente da história da F-Truck?); depois, na perspectiva de preservar o meio ambiente e de se construir uma sociedade ecologicamente correta, o sistema carreta x pista de corrida’ é um péssimo exemplo, tanto de consumo, quanto de dispêndio de energia, contribuindo, portanto, de forma decisiva, para o aquecimento global. Além disso, é bom lembrar o fato de que foi a Fórmula Truck quem ‘roubou’ a ex-musa do MST, Débora Rodrigues – que participou, inclusive, da corrida de Campo Grande – e a guindou às páginas da revista Playboy! Mas esse é capítulo de uma outra novela a ser contada depois…     

 

* Escritor e acadêmico do 1º Ano de jornalismo da UFMS

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Tudo é uma questão de Democracia.

15/10/2008 at 12:01 (*Liberdade e Diversidade)

 Matheus dos Santos Cabral *

 

Liberdade de expressão. Há muito, fala-se sobre isso. Até agora, um consenso não foi atingido. Este meu texto poderia abranger diversos temas, mas preferi escolher um, por seu caráter polêmico. Trata-se da questão da homossexualidade.

Vivemos em uma sociedade abastada de preconceitos. A “Homofobia”, o medo ou aversão ao homossexual, é algo que está cravado há muito tempo, nessa sociedade que se diz justa e igualitária. Podemos citar alguns casos de Homofobia, mas gostaria de lembrar aquele que mais marcou, não só pela questão do homossexualismo, mas, também, pela repressão e suspensão do direito humano de livre expressão, seja pela opção sexual, de caráter religioso ou até mesmo pela cor da pele.

Você deve ter certa idéia do que estou me referindo. Falo do massacre provocado por Adolf Hitler. Nada melhor (ou pior) do que citar Hitler, quando falamos de “liberdade de expressão” ou da falta dela. Hitler foi apenas mais um; mas, com certeza, um que fez história com seu preconceito e sua intolerância. O ditador alemão, provavelmente, não foi o primeiro e, obviamente, não será o último a demonstrar seu ódio pelos, vulgarmente chamados gays. Até os dias de hoje, essas pessoas vivenciam momentos de agressão. E, quando falo agressão, não me refiro somente à agressão física, mas à agressão psicológica. O que eu e meus colegas de classe presenciamos é o constante uso de termos como “viadinho”, que só servem para desmoralizar aqueles que preferiram se diferenciar da sociedade e se declarar homossexuais.

Ser homossexual não é ser diferente. Afinal, eles não têm de cumprir os mesmos deveres? Embora não tenham todos os mesmos direitos que heterossexuais (o Brasil não permite, por lei, o casamento de pessoas do mesmo sexo), o país não se refere a essas pessoas como cidadãos iguais ao restante? A partir disso, faço questão de deixar claro que todos são iguais, e isso independe de suas escolhas. Diversidade de expressão, de religião, de cultura e de opção sexual move essa máquina surpreende a que chamamos de Terra.

É triste ver que a “Era Hitler” ainda não foi superada completamente. É triste ver que os valores pregados por todo o tipo de gente, desde os menos ouvidos até os mais influentes, aqueles que formam cabeças, não realmente valores, mas ideais preconceituosos e sem fundamento.

Não penso que essas idéias falhas venham a desaparecer sem luta. Mas, existem muitos na luta pelos homossexuais. Devo citar dois, que, na política, buscam melhores condições de vida para essa classe tão pouco ouvida, tão pouco atendida. Primeiro, Clodovil Hernandes, que foi um dos candidatos mais votado pelo estado de São Paulo, para o cargo de deputado federal nas eleições de 2006. O segundo representante que luta por seu espaço, e não só seu, mas dos homossexuais em geral, que não só é gay, como também travesti, Cris Stefanny, que se candidatou ao cargo de vereador pela cidade de Campo Grande-MS. Admito, que de início, eu caçoei desses dois casos, mas enxerguei que estava me deixando levar pela sociedade opressora. Por fim, devo dizer que considero isso bárbaro. Enfim, alguém resolveu batalhar pelos seus direitos e mudar a realidade. Ou, pelo menos, tentar. São casos como esses que estimulam toda uma sociedade a lutar por uma realidade mais justa.

É a partir de um exemplo que incentive a massa, que grandes exércitos são formados, e, tenho certeza que, com luta e persistência, preconceitos serão quebrados, e uma sociedade mais igualitária será alcançada.

 

*Aluno do curso de Jornalismo da UFMS / 1º Ano

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A diversidade não é tolerada

15/10/2008 at 11:37 (*Liberdade e Diversidade)

Intolerância

  

Larissa Ferreira Almeida *

 

Já me peguei pensando várias vezes, sobre liberdade e diversidade, e nunca cheguei à conclusão alguma. Sempre, nos disseram que somos livres, mas só somos livres para fazer o que quisermos dentro do que nos é permitido. É certo que os limites devem existir (não podemos agredir, roubar, matar…) e devem ser respeitados, para a sociedade não se tornar um caos.

O que questiono é que, muitas vezes, senão na maioria delas, o que podemos ou não fazer, como devemos agir, é decidido de maneira arbitrária, por meio de convenções que temos que seguir para não ser excluídos e até execrados. Todos nós fomos condicionados a aceitar tudo o que nos é informado e, até mesmo, imposto, como verdade única, sem analisarmos ou discutirmos o porquê das coisas.

Foi convencionado que temos que nos casar; que belo é sinônimo de magro; que o popular é ruim; bom é o erudito; que quem se veste e age diferente é esquisito; que temos que ter uma religião; que família é composta por pai (homem), mãe (mulher) e filhos. Foi convencionado que temos que ser normais; mas afinal, o que é o normal?

A diversidade não é tolerada. As pessoas têm receio do diferente, justamente, porque é desconhecido. É da natureza humana ter medo do desconhecido. Estamos sempre rotulando, classificando coisas e pessoas.

Chegará um dia em que teremos de organizar uma “parada” dos que são realmente a minoria: os que pensam com suas próprias cabeças, os que respeitam, vivem e deixam viver.

É um absurdo pensarmos que somos uma sociedade civilizada (jovens espancando mulheres na madrugada, porque acharam que fossem prostitutas – e se fossem? – queimando índios por aí), libertadora, desprovida de preconceitos e discriminação (a própria cota para negros nas universidades federais é discriminatória, pois fica subentendido que os negros não são suficientemente capazes de conseguir sozinhos um lugar ao sol). Não são eles seres humanos iguais aos brancos, aos amarelos e aos de pele vermelha? Todos têm a mesma capacidade; porém, independentemente da cor da pele, as oportunidades são diferentes.

Nosso país é “multi” em tudo: na cultura, na religião, na condição social, política, sexual e racial; porém, na maioria das vezes, os diferentes se repelem. Pobres rejeitam ricos e vice-versa, conservadores rejeitam liberais e vice-versa, admiradores da MPB rejeitam “funkeiros” e vice-versa.

O que está faltando, realmente, é respeito e tolerância pelo outro, como pessoa, independentemente, de qualquer “condição”. Não há unanimidade, verdade, o certo e o errado. Os tímidos preferem prender melhor suas correntes, e quem resolve lutar para ter liberdade, para defender a diversidade, é crucificado. “Mas os sonhadores vão para frente, soltando seus papagaios, morrendo nos seus incêndios, como as crianças e os loucos. E cantando aqueles hinos que falam de asas, de raios fúlgidos – linguagem de seus antepassados, estranha linguagem humana, nestes andaimes dos construtores de Babel” (Cecília Meirelles, 1996).

 

Acadêmica de Jornalismo da UFMS / 1º. Ano

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Do libertário precavido

14/10/2008 at 13:04 (*Liberdade e Diversidade)

Rubens Luis Urue *

<r_urue@hotmail.com>

 

Usualmente, termos batizados como “Liberdade de Expressão” e “Diversidade Cultural” são evocados em situações em que o autoritarismo e os preconceitos revelam-se manifestos. Enquanto o primeiro termo, geralmente, está relacionado a cenários político-moralistas, o segundo é associado a pressupostos de tolerância às diferenças e a evidências antropológicas. A noção moderna de liberdade de expressão surgiu como estandarte conduzido por indivíduos contrários a sistemas totalitários (em suas mais variadas formas), explicitando uma postura defensiva da multi-expressividade de pensamento. Logo, o ideal libertário-contestador impregnou-se à concepção comum de tal expressão, tornando-a legítima e acessível a todos.

Contudo, tal legitimidade mostrou-se embaraçosa, pois o clamor à manifestação de idéias divergentes estimulou – segundo os conservadores – o crescente desrespeito e a desmoralização de outros valores. A liberdade está aí, oras. Somos livres para defender nossas opiniões e ideologias individuais. Não interessa se pensamos como neonazistas e odiamos negros e judeus. Não faz diferença se acreditamos que o voluntariado é o único caminho para melhorar nosso país. Nem importa se somos garotas que desejam outras garotas. Sendo assim, uma vez entronizada como direito universal, a principal discussão em torno da liberdade de expressão seria o estabelecimento de suas regras ético-normativas: se todos têm direito de expressão, existiria uma forma ‘mais correta’ ou ‘incorreta’ de se expressar?

Sobre o conceito de “Diversidade Cultural”, pode-se afirmar que sua origem parte de premissas antropológicas, assim como, também, é assunto reverenciado pelas ‘filosofias da tolerância’. Seu âmbito de discussão é muitíssimo abrangente, todavia sua essência pode ser decantada facilmente. Desde a ‘época de ouro’ dos teóricos do Evolucionismo europeu (séc. XIX), a Antropologia clássica sempre considerou a diversidade étnico-cultural das sociedades, classificando-as segundo seu ‘nível de civilidade’. Há quem blasfeme contra os antigos pesquisadores eurocentristas acusando-os de serem os ‘semeadores do racismo’. Polêmicas à parte, o fato é que, desde tempos remotos, o homem possui grande dificuldade em lidar com ‘o diferente’.

No contexto atual, termos apocalípticos como “Guerra de Civilizações” e “Choque entre Culturas” ressurgem, justamente, quando verificamos o máximo que a humanidade pôde contemplar em relação à diversidade cultural: centenas de países, povos diversos, credos variados, diferentes gêneros/preferências sexuais, sem esquecer do eterno disparate monetário-tecnológico entre os países (fator principal de aglutinação e desagregação entre as ‘culturas contemporâneas’).

Diante de tal diversidade, seria necessária uma tremenda produção industrial de doses de tolerância engarrafada. Os ânimos estão exaltados. É nesses momentos, que a possibilidade de ‘expressar com liberdade’ torna-se relativa, pois, a sustentação de uma opinião, de uma expressão individual, resultará, certamente, num embate discordante. Argumenta-se, então, que a liberdade de expressão foi concebida justamente para isso: a fim de promover debates e expor a multiculturalidade. Pense!

Diante dos fatos, a verdade genuína mostra-se como o melhor norte para os adeptos de ‘achismos’ (Eu acho que…). Àquele ou àquela que almeja usufruir de sua liberdade diante do mar de opiniões divergentes, recomenda-se o uso e abuso dos seguintes ingredientes: conhecimento real, senso crítico responsável, respeito e considerável sutileza ao lidar com temas controversos. Com isso, muitos debates medíocres seriam evitados, e passaríamos a reconhecer o conceito de ‘liberdade de expressão’ – dentro da noção de diversidade cultural – como um poderoso agente transformador de caráter extremamente subjetivo. E necessário.

 

Acadêmico de Jornalismo da UFMS / 1º. Ano

 

 

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A diversidade na expressão de cada dia

03/10/2008 at 20:48 (*Liberdade e Diversidade)

 

Aline Peixoto *

 

O direito à liberdade de expressão é a garantia de que a sociedade esteja protegida do totalitarismo.

Em nosso país, nos é assegurado o direito à comunicação, por meio da Constituição Federal, promulgada em 5 de outubro de 1988, a qual vem sofrendo, desde então, algumas alterações, para que haja maior amplitude e garantias aos nossos direitos.

Contudo, sabemos que, assim como a comunicação está para o ser humano, a diversidade cultural está para o espaço geográfico terrestre. Evidencia-se que para exercemos o direito à comunicação é necessário que saibamos lidar com as divergências, ou estaremos propensos a adotar uma postura radical. Foi o que ocorreu em setembro de 2005, em que um jornalista dinamarquês, no exercício de sua liberdade, produziu uma charge sobre o profeta Maomé, em que este aparecia com um turbante na cabeça, em formato de bomba-relógio. A charge gerou inúmeros problemas. No Islã, qualquer representação de Maomé é proibida. O que para o autor ocidental foi apenas o uso de seus direitos e uma crítica ao desrespeito ao direito à vida; para os mulçumanos, foi um insulto aos seus valores religiosos e, por que não dizer, uma ação altamente conservadora e xenofóbica.

De todo modo, o que procuro não é engessar a liberdade de expressão, atitude tão errônea quanto a de ignorar a diversidade cultural, mas proponho atentarmo-nos de que este direito requer muita perspicácia par ser posto em prática, que o seu uso inadequado incita, ao invés do diálogo democrático, a apologia à violência e discriminação.

Ora, que a liberdade de expressão é essencial para a manutenção da democracia é inegável. Porém, isso não significa que ela não deva possuir algumas restrições, respeitando-se os diferentes contextos culturais, promovendo o convívio social.

A liberdade nos dá asas, mais para voar, carecemos de técnica.

 

Acadêmica do curso de Jornalismo UFMS / 1º. Ano

 

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Respeito é bom, e eu gosto

03/10/2008 at 20:35 (*Liberdade e Diversidade)

Samyra Yulle Galvão *

 

Permeado por potencialidades naturais, o Brasil desponta no cenário global. Em meio a crises políticas de seus vizinhos, demonstra sua posição prestigiada como moderador. No entanto, o diálogo ainda não atende às expectativas desta nação. Surgem debates. Mais que adidos militares, mais que diplomacia, requer-se uma participação ativa do Estado. Um Estado que sinta os problemas das nações vizinhas e as ajude. Mas, primordialmente, sinta as necessidades de seu povo e atenda-o.

 A facilidade com a qual as informações adentram nossa vida ainda é subtilizada. Como verifiquei em uma aula de Cultura de Massas, o indivíduo coopta, como seu, um discurso veiculado pelos mass media e acredita, piamente, ser “perito” no assunto. E o que é feito por mim e pelos demais brasileiros em relação a este território, sua “mistura fina” de populações, senão apenas pincelar o que acontece e elaborar conclusões precipitadas?

Entre os dias 31 e 5 de setembro de 2008, o Ministério da Defesa promoveu uma experiência ímpar a cadetes, universitários e professores de instituições civis e militares do país. Em pauta, assuntos que envolviam de diplomacia, à qualidade de ensino, lançaram aos participantes um questionamento essencial a qualquer discussão sobre defesa nacional: como ser respeitado pelas demais nações, se não respeitamos a nós mesmos, se não aceitamos idéias divergentes das nossas?

Civis ou militares. Negros, índios, brancos, pardos. Pernambucanos, sul-mato-grossesnses, goianos. Nascidos aqui, ou naturalizados brasileiros. Todos merecem atenção. Todos merecem ser ouvidos. O índio, que reclama suas terras, não pode ser mais estereotipado como um selvagem. Ele não é alheio às mudanças que ocorrem no país, logo, nada mais justo que tenha direito de ser “notado”. Que o Estado não deixe seu trabalho para a vigilância mensal. Que a minha vigilância não seja pelas folhas de um jornal.

Parafraseando o ministro da cultura, Gilberto Gil, em discurso pronunciado na cerimônia de abertura do Seminário Internacional sobre Diversidade Cultural (Brasília, 27 de junho de 2007) “Mais do que nunca, as populações não querem só o direito elementar à alimentação e à educação básica e massiva, ou o acesso de via única ao que o Estado define como Cultura. Essa multidão quer consumir e produzir de forma diferenciada, quer lazer qualificado e o seu direito de viver com seus sistemas de crenças e valores autônomos, gozando de sua plena liberdade.”

Nesse sentido de diversidade, de novos entraves quanto à pluralidade cultural, é posta em cena mais uma barreira: a liberdade. O poder de escolha que se torna sinônimo de tolerância, que ilude o cidadão quanto o a seu dever ético de igualdade. Não só esta palavra, como também o significado de respeito limitou-se à mesma caracterização. Como na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, a diversidade étnica, cultural e racial da humanidade é posta verticalmente, de cima para baixo, do mais civilizado para o menos.

Liberdade, ainda, é o conceito restrito aos livros de Filosofia, que desafia a racionalidade humana ao estabelecer que a minha começa onde a sua termina.

 

*Acadêmica de Jornalismo da UFMS / 1º Ano

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Ir e vir, conhecendo as diferenças

03/10/2008 at 20:18 (*Liberdade e Diversidade)

Kamila Pereira Pinheiro *

 

Liberdade é, entre outras coisas, ir aonde quiser.

 

A liberdade faz parte de um dos direitos humanos, que são os direitos naturais do homem. As pessoas têm o direito de liberdade de movimento e liberdade da palavra.

Desde a Grécia Antiga, as pessoas eram limitadas em seu direito de ir e vir, eram amarradas na servidão. Ainda hoje, há formas de restringir a liberdade de movimento: os países não aceitam qualquer estrangeiro, e o serviço militar é uma limitação temporária de movimento.

Agora, que já exemplifiquei de um modo geral o significado de liberdade, o que significa dizer que o homem deve ter direito à liberdade de expressão, tanto na forma escrita quanto na falada? Com essa pergunta, logo nos vem à cabeça a palavra censura. Mesmo em sociedades liberais, existem problemas de censura. Todos temos um censor que nos dita regras do que devemos ou não fazer.

A partir do momento que as ações se referem a outrem e não somente ao agente, e que neles provoquem algum tipo de dor ou mal; será, então, justificável a censura utilizada unicamente, para a prevenção do mal.

A determinação da natureza, do comportamento e dos resultados da sorte são três fatores determinantes sobre o nosso conhecimento das desigualdades entre os homens.

A natureza criou pessoas diversas, com dons naturais distintos, capazes de serem excepcionalmente boas e completas para a sociedade. Uma forma de atenuar as diferenças naturais é criar oportunidades iguais, e não ficar apenas à mercê da sorte. As pessoas também podem escolher o que querem ser e o que gostam de fazer. Algumas gostam de teatro, outras de ópera, e há outras que nunca pisaram em um teatro.

Houve muitas que já deram a vida pela liberdade e pelo respeito à diversidade.

Então, em que momento a liberdade de expressão pode ferir alguém? A difamação é um tipo de expressão que fere a honra e à dignidade do índivíduo. O que deve ser levado em consideração é a extensão do dano causado. Algumas calúnias podem ser levadas ao tribunal.

Para a obscenidade, existe censura, apesar da dificuldade em definir o que é ou não é obsceno. Na televisão, existem alguns horários nos quais é proibido veicular programas considerados obscenos.

A blasfêmia também está sujeita à censura. Antigamente, pessoas eram mortas ou presas por se referirem irreverentemente a cristo. Observações explícitas que, em gerações passadas seriam uma afrontam, hoje passam despercebidas em programas de televisão. Mas não é verdade que não existam pessoas que se incomodam com a blasfêmia.

Para que o direito à liberdade de expressão seja respeitado, é preciso construir um paralelo com as diversas pessoas e com os diversos costumes, respeitando as crenças, danças, a origem, as regras de uma nação e o seu pensamento. Esse direito é do homem. Não se pode ter um direito só seu, sem permitir que todos o tenham.

 

Acadêmica do curso de Jornalismo UFMS / 1º. Ano

 

 

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Sem medo de ser diferente

03/10/2008 at 19:57 (*Liberdade e Diversidade)

Gabriela Dias Medrado Rogério *

 

A diversidade cultural é marcada pela sua ubiqüidade em todo o planeta. Pessoas se diferenciam das outras por vários motivos, que variam de suas convicções, até fatores determinados pelo código genético. Umas são espíritas, outras evangélicas fervorosas, negras, brancas, homens, mulheres… Há o que diz ser homossexual, e o que jura ser heterossexual. Enfim, somos diferentes em quase tudo, e isso é o que faz nossa convivência ser tão desafiadora e, algumas vezes, proveitosa.

Neste contexto, insere-se a liberdade de expressão, que, no Brasil, surgiu na época do Império, sendo preservada até a Constituição de 1937. Desapareceu no governo do presidente Getúlio Vargas, sofrendo, a partir daí, algumas alterações, e voltando na forma como conhecemos hoje, na Constituição promulgada em 1988. Ela confere a cada indivíduo o direito de se expressar da maneira que “quiser”, evitando imposições por parte daqueles que assumem o poder, como acontecia na Idade Média, quando a religião católica era obrigatória, e qualquer outra prática era punida com a morte.

Poder se expressar é um direito fundamental, mas não é absoluto. E não pode ser usado para justificar a violência, a difamação, a subversão ou a obscenidade, pois, a partir destes limites, mora a liberdade do meu próximo, que é tão importante quanto a minha.

A globalização, com as novas tecnologias de informação e da comunicação, cria condições de um diálogo entre as culturas e as civilizações, possibilitando, dessa forma, uma tolerância para com aquilo que chamamos de “estranho”, permitindo conhecer realidades distintas das nossas, vidas marcadas por diferenças afetivas, intelectuais, espirituais, comportamentais, e tantas outras.

Segundo a “Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural”, a diversidade cultural é um patrimônio comum da humanidade, porque é fonte de intercâmbios, de inovação e de criatividade, e deve ser reconhecida e consolidada em benefício das gerações de hoje e as futuras.

Então, não tenha medo de ser diferente, e principalmente, considere todas as escolhas distintas da sua. Só assim, podemos tornar realidade o que a Declaração propõe: “o respeito à diversidade das culturas, à tolerância, ao diálogo e à cooperação, em um clima de confiança e de entendimento mútuos, estão entre as melhores garantias da paz e da segurança internacionais”.

 

* Acadêmica do curso de Jornalismo da UFMS / 1º Ano

 

 

 

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Selecionados, não livres.

02/10/2008 at 02:22 (*Liberdade e Diversidade)

Susan Buranelo *

<susanburanelo@hotmail.com>

 

Tão difícil quanto discutir sobre religião, é discutir sobre liberdade. Cada um tem um pensamento sobre o real significado dessa palavra. Alguns ainda não têm uma opinião formada. Se alguém me perguntar se eu me sinto livre, livre, para qualquer aspecto, direi que não.

Em todos os lugares que podemos imaginar, até em nossa casa, desde que éramos pequenos, quando a mamãe e o papai diziam o que era certo ou errado, relembrando essa fase, nos damos conta de que não tínhamos liberdade, desde o começo.

Infelizmente, estamos rodeados de “catracas seletivas” por onde vamos. Quando éramos pequenos, não podíamos ir para lado algum sozinhos. Fomos crescendo, tomando “um pouco mais de liberdade”, mas nunca pudemos ultrapassar a “linha amarela:o limite a nós designado.

Essa linha fictícia nos impede, de várias maneiras, de viver como bem pretendemos. Não somos totalmente livres para falar, escrever, publicar e expressar o que realmente pensamos. Estamos diante de catracas que nos selecionam por vários fatores e aspectos. Somos selecionados, primeiramente, pela nossa classe social. Existem lugares em que pessoas são proibidas de entrar, porque são julgadas não merecedoras de freqüentar o local, muitas vezes, por causa da  sua vestimenta. Se nos julgam pela nossa forma de vestir, isso não me parece nem um pouco justo. O que não me faz livre em relação ao  principal direito que temos: o de ir e vir.

Somos selecionados pela cor da pele, coisa mais irracional e intolerável que existe. Ainda hoje, isso existe  em vários lugares do mundo: pessoas discriminadas por serem amarelas, negras ou azuis, como se a cor da pele formasse o caráter que temos ou  mostrasse o que merecemos ser e ter. A cor é o fator que permite a alguns conseguir os melhores empregos, vantagens para cursar um ensino superior, melhor posição social. Se formos qualificados e classificados pela nossa cor, que igualdade ideológica é esta que faz parte da nossa liberdade!?

Não me sinto livre para comer onde eu bem entender. Há o  cartaz da entrada que me diz com eu deveria estar vestido. Em muitos lugares, a minha liberdade anda junto com a minha carteira e quanto eu tenho no bolso.

Não me sinto livre para dormir em qualquer lugar, se eu estiver cansado. No tenho liberdade para escrever o que eu quero nas paredes da cidade, sou restringido num mundo que julgamos ser livre. Livre do que afinal?

Além das “catracas”, objeto material que existe nas entradas e saídas dos lugares, existem várias catracas imaginárias nos rodeando. Leis e regulamentos devem, sim, ser seguidos, mas algumas dessas leis nos impedem de viver com a liberdade desejada. Não podemos mudar de país e permanecer o tempo que gostaríamos em qualquer lugar, não importando a nossa intenção. Somos obrigados a mostrar papéis que comprovem nosso objetivo, os bens que nos pertencem, quanto é a  nossa renda mensal. Todos nós somos deslealmente julgados por vários aspectos que deixam claro que a liberdade está designada a pessoas conhecidas, providas de poder e dinheiro, muito dinheiro!

A liberdade que é de todos deve estar somente nos livros de direitos humanos, mas, no dia-a-dia da vida real, liberdade, é algo que raramente encontramos.

 

*Acadêmica de Jornalismo da UFMS / 1° Ano

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