Um Robin Hood contemporâneo e suas alternativas (Leitura noturna)

16/04/2014 at 22:23 (*Liberdade e Diversidade)

Publicado em 15 de abril de 2014

por Taís González

Robin Hood

Ativista perseguido por desviar meio milhão de euros dos bancos, para projetos comunitários, fala sobre sua visão de pós-capitalismo

Em 2008 um jovem catalão desafiava as temerosas e poderosas forças bancárias. Depois de ter conseguido empréstimos de instituições financeiras de quase meio milhão de euros e distribuir a quantia entre movimentos anticapitalistas, Enric Duran ficou conhecido como “Robin dos Bancos”. Sua desobediência civil com desdobramentos anti-sistema financeiro renderam-lhe uma sentença de oito anos de prisão e o título de rebelde pelo Estado Espanhol. Em recente entrevista ao site da Fundação Peer2Peer, organizado por Michael Bawens, Duran fala sobre a desobediência civil, o (pós-)capitalismo e seu novo projeto: a Cooperativa Integral Catalana.

Para o ativista, o capitalismo é um sistema de dominação baseado em uma minoria que ostenta o poder econômico e, com ele, controla o acesso aos recursos e aos meios de produção. Já o mercado é uma forma de comércio baseado na liberdade e na igualdade de oportunidades que, ao longo da história, foi manipulado em função dos sistemas de dominação. “O mercado, no contexto do Estado e do capitalismo, tornou-se uma desculpa para promover e ampliar as desigualdades”, diz Duran.

Por outro lado, temos – ao redor do globo – alternativas anticapitalistas. São ecovilas, coletivos, movimentos diversos, novas moedas e cooperativas, como a do ativista. Duran acredita que o exemplo tem maior capacidade de convencimento que a retórica. Por isso, a materialização concreta de projetos é imprescindível para demonstrar que é viável viver a partir de lógicas opostas às do capitalismo. “O importante é entender que a construção de novos caminhos é necessária – sem eles, não haverá com o quê substituir o capitalismo”.

Em um texto recente, Immanuel Wallerstein afirma que todo sistema histórico tem a sua trajetória e ao final, move-se além do equilíbrio e entra em uma crise estrutural. “Estamos nesta crise estrutural exatamente agora, e há cerca de quarenta anos. Vamos continuar nela por mais vinte a quarenta anos. É a duração média das crises estruturais dos sistemas históricos. O que acontece nestes momentos é que o sistema bifurca-se. Significa, essencialmente, que emergem duas formas alternativas de encerrar a crise estrutural – por meio da “escolha” coletiva de uma das saídas. Duran parece disposto a contribuir para uma delas.

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3 Comentários

  1. Ativista anticapitalista Enric Durán pegou empréstimo em 39 entidades financeiras Ativista anticapitalista Enric Durán pegou empréstimo em 39 entidades financeiras e não vai pagar said,

    […] Fontes: 1 – http://www.vice.com/pt_br/read/esse-cara-pegou-um-emprestimo-gigante-para-destruir-o-sistema-financeiro 2 – https://linhaslivres.wordpress.com/2014/04/16/um-robin-hood-contemporaneo-e-suas-alternativas-leitura… […]

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